Jude e a desculpa

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Quando Vaught estacionou na porta da minha casa no Vale, era possível escutar a voz da minha irmã gritando com Josh, meu cunhado. Eu até poderia imaginar alguma coisa, e já sentia pena do meu pobre cunhado que havia se casado com uma pessoa tão amarga quanto a minha irmã. Sinceramente, eu pensava e os olhava as vezes, indagando em que momento de sua vida eles decidiram que casamento era a melhor opção, mas eu me perguntava mesmo o que exatamente tinha encantado Joshua van der Beek, porque aquilo ali, que supostamente deveria ser uma irmã carinhosa, – no mínimo, educada – era um poço de ignorância, cheio de suco de limão azedo.

— Quer ir pra minha casa? Estamos a duas quadras de distância mesmo — convidou Vaught, mas eu precisava ir pra casa, precisava conversar com Josh um certo assunto, e de preferência longe da minha irmã amorosa, porque, claro, se ela escutasse, faria um escândalo muito maior do que esse.

— Tu-tu-tudo bem, eu preciso ir mesmo. Amanhã eu tenho consulta. Boa noite

—Tudo bem, boa noite — lancei a ele um sorriso frouxo e desanimado. As noites em que Nina estava de plantão eram calmas e raras e tudo o que eu desejava era que essa fosse uma dessas noites tão almejadas, tanto por mim quanto por Joshua.

Abri o ferrolho do portão de ferro e o fechei atrás de mim, andei pelo jardim em passos lentos e preguiçosos, tentando demorar mais ainda a minha chegada até o portão principal, mas não eram como se fossem metros e metros de distância; eram apenas dez passos, que transformei em trinta passos, mesmo assim, levou menos de quarenta segundos para que eu abrisse a porta e o barulho se tornasse cada vez mais alto e incomodo. Meu Deus, por que essa mulher gritava tanto?

— Cheguei! — Gritei mais alto que pude, talvez Josh não conseguisse escutar, certeza que os ouvidos dele estavam quase destruídos.

— Jude! Jude, meu Deus!

Nina veio correndo em minha direção e me abraçou forte, quase desesperada. O que tinha acontecido afinal? Eu nem sequer demorei para o jantar, coisa que eu fazia normalmente, ainda mais quando ela estava em casa.

— O que você t-tem?

— Graças a Deus você está bem!

— E por qual motivo eu não estaria bem? — Consegui finalmente puxar um fôlego suficiente depois do abraço sufocante que ela havia me dado. Jesus, o que essa mulher tinha?

— Josh resolveu me contar hoje que aquele delinquente tinha voltado pra cidade.

Ah. Certo. Agora tudo fazia o mais perfeito sentido. Se tinha algo que Nina odiava mais que minha orientação sexual era Mason Harris.

— Você o viu? Eu vou amanhã mesmo na escola exigir que ele seja expulso de novo, já que o irresponsável do seu cunhado fez o favor de permitir, sem eu saber, a volta dele pra escola. — Ela apontou o dedo pra Josh, que já estava massageando a têmpora.

— Eu já disse, foi um pedido do avô dele. O homem está cego, debilitado e estava sozinho naquela casa velha. Não tinha como eu negar um pedido de alguém tão sozinho quanto ele... E já disse a você, eu falei com a diretora e exigi que ele não tivesse nenhuma aula com o Jude, pedi que ele sempre estivesse longe dele. Ela me garantiu que nenhuma aula seria cruzada, quer me ouvir por favor?

— Então você pediu isso? — Eu não poderia contar naquela altura da discussão entre eles que nós tínhamos aula de química juntos, com certeza meu cunhado seria morto pela esposa.

— Você o viu hoje? — Nina indagou, segurando meus dois braços com força.

— Claro que sim.

— Viu, Josh? Esse seu planinho de não cruzar aulas é estupido e...

Quem Vai Conquistar Mason Harris? - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora