Jude e a dúvida

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A reunião do clube de teatro estava prestes a começar, apesar do palco ainda estar vazio; eu estava sentado na borda do palco, balançado as minhas pequenas enquanto observava o roteiro da peça que estrearia perto do natal, ainda sem data realmente definida.

Era um longo roteiro, mas esperado, porque nós tentamos incontáveis vezes realizar aquela peça em questão, mas o antigo diretor sempre negava nossos pedidos porque o personagem principal era homossexual. Entretanto, a nova diretora havia aceitado gentilmente a realização da peça, sendo uma das maiores apoiadoras daquilo; o título da obra se chamava O Rei, que havia sido escrito pela própria professora de teatro: tratava-se de um jovem rei recém coroado, que estava sendo pressionado a se casar com uma jovem princesa de um reino vizinho, mas a realidade de seu coração era um rapaz que trabalhava na cozinha de seu castelo.

— O que tá fazendo?

— Aqui — Megan se sentou ao meu lado, enquanto mostrava a ela uma determinada cena, não segurando o riso. — Lê isso e diz se não imagina o Boston fazendo esse serviçal?

Megan afastou uma mecha de cabelo do rosto e leu a fala em questão, acabando por rir comigo no fim das contas, se levantando em seguida ao ouvir a voz da diretora e professora.

— Muito bem, eu acabei de voltar da diretoria — anunciou ela quando os outros alunos se reuniram ao seu lado no palco — e marcamos a data de estreia para a semana anterior ao natal.

Os alunos bateram palma em comemoração à grande notícia, o que significava que a turma inteira precisaria se dedicar muito mais a peça, tendo em vista que faltava menos de dois meses para a estreia. Estávamos todos animados, e ainda mais eu porque faria novamente o papel principal na peça, ainda mais com um papel tão importante quando aquele na história da escola, ele faria aquilo bem e com muito bom gosto.

— Você tava com o Erick ontem, não estava? — Indagou Megan quando a professora dispensou todos os alunos depois do ensaio.

— O que mais me faria não querer ir pra uma reunião chata? — Respondi lançando a ela um sorriso sapeca. — Mas ontem ele pareceu mais grudento que o normal. Ele quase não me deixou ir pra reunião.

— Onde vocês estavam?

— Aqui na escola. Depois fui voando pro Lewis. Acha que ele pode estar gostando de mim? — Indaguei, um tanto curioso com minha própria pergunta. O grupo que nós estávamos naquele momento começou a se dividir em duplas para a realização dos exercícios corporais que fazíamos antes de todo.

— Mas você não gosta dele?

Fiz uma cara feira como resposta.

— Claro que não.

O acordo não era esse. Logo após o Homecoming, depois que nos beijamos, ele deixou claro que era só diversão; e para mim não poderia ser um acordo melhor que esses: ficar nas sombras, sem que as outras pessoas soubessem, era bom pra mim também. Eu não sabia exatamente se eu não era do tipo que namorava ou tinha medo de relacionamentos sérios, talvez a segunda opção, por mais que eu estivesse sempre desejando Ellios.

— Eu não namoro.

— Mas e se for o Ellios? — Megan me provocou, ela me conhecia no fim das contas.

Agora, nem mesmo o Ellios.

— Agora, uma rápida mudança de assunto... — Ela continuou, se aproximando e diminuindo o tom de voz. — Por que decidiu perdoar Mason?

Era uma boa pergunta, e eu estava esperando por ela, apesar de não ter uma resposta realmente pronta para dar, porque as coisas ainda eram confusas pra mim, ele estar presente novamente na minha vida ainda era muito confuso. Existiam duas verdades sobre aquele dia em questão: a primeira era a que o público sabia: eu, o jovem que foi vítima de bullying estava cansado de sofrer na escola, estava cansado de sofrer nas mãos de Mason, então fiz o que fiz.

Quem Vai Conquistar Mason Harris? - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora