Diretoria

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Henry Narra

— Hank! — ouço a tia Lilian me chamar e vir com o meu celular na mão, hoje o dia estava corrido e eu não tive tempo nem de pegar nele — É da escola do Anthony! —me entregou o celular e eu peguei, confesso, um pouco assustado.

— Olá! — Atendi na expectativa de saber do que se tratava.

— Senhor Cavill? Aqui é a Nancy, diretora do colégio do Anthony. Peço desculpas por atrapalhar o seu trabalho, mas seu filho se envolveu em uma briga aqui no colégio e precisamos que o senhor ou sua esposa compareçam aqui para poder nos ajudar a resolver esse problema da melhor forma. — não podia acreditar que o Anthony aprontou uma dessa, cocei a parte de trás da cabeça e fechei os olhos suspirando profundamente. — Tentamos contato com a sua esposa, mas não conseguimos, o celular dela só chama e tivemos que ligar para o senhor! — justificou. Sempre que precisavam falar conosco, eles entravam em contato com a Cecília, mas hoje ela não estava em Londres, estava em uma cidade vizinha a trabalho.

— Não se preocupe Nancy, eu estou a caminho! — Agradeci e desliguei o telefone, expliquei para a tia Lilian que teria que me ausentar.

— Está tudo bem com o Tony?

— Está, mas não vai continuar! — respondi com bom humor embora eu estivesse muito irritado — Ele se envolveu em uma briga na escola, a Cecí está no interior a trabalho e por esse motivo me acionaram — revirei os olhos e suspirei novamente.

— O Anthony? — fez uma cara incrédula — Ele nunca fez isso Hank ... — Realmente ele nunca nos deu esse tipo de trabalho, e isso me preocupava, ainda mais depois do que houve no final de semana.

— Nunca, e isso é um motivo ainda maior para eu ir até lá para poder entender o que deu na cabeça dele.

— E o que digo para o Mark? — Ela sabia o quanto ele estava me infernizando hoje, e o quanto essa minha saída seria motivo para ele me atacar posteriormente, mas eu jamais trocaria minha família pelo meu trabalho, mesmo que fosse para lidar com os problemas de adolescente que o Anthony resolveu dar.

— Diga que ele vá para a puta que o pariu, com os meus mais sinceros cumprimentos! — ela não conseguiu segurar a gargalhada e eu soltei um meio sorriso por vê-la rir. — Estou indo lá, deseje-me sorte! — Pisquei para ela que me olhou maternalmente e segui para o carro.

No caminho, não pude deixar de imaginar o que estava acontecendo com meu filho, nós tivemos uma conversa tão assertiva, domingo, ele foi tão sincero. Afinal qual a explicação para uma coisa assim? Bem, pelo jeito o garoto saiu mais a mim do que eu imaginava, se bem que as únicas vezes que me meti em briga foi por ciúmes da Cecilia, não me recordo de ter tido brigas no colégio, talvez durante algum jogo... Enfim, logo eu saberia o que houve, estava chegando para dar a minha cara a tapa para a diretora. Eu mato o Anthony.

— Com licença? — Bati na porta da direção que estava entreaberta, após a recepcionista me orientar a seguir até lá.

— Senhor Cavill, por favor entre! — a diretora educadamente se subiu e fez um sinal com a mão para eu entrar e assim o fiz. Ao passar pela porta, me deparei com o Anthony com o supercílio cortado e sangrando, o lábio inchado e também cortado. Lancei-lhe um olhar de repreensão e ele, com a cara fechada, desviou os olhos envergonhado. Do outro lado estava um rapaz da mesma idade dele, com o rosto também machucado e com uma cara ainda mais fechada. — Por favor sente-se — Apontou para a cadeira em frente a mesa dela e eu me sente um pouco desconfortável por estar naquela situação.

— Bem, estou aqui, e já me desculpo pelo ocorrido! Como a senhora bem sabe não é nosso costume ter que vir até a escola para resolver esse tipo de problema... — me virei lançando mais um olhar revoltado para o Anthony, que olhava para o chão com raiva, fingindo que não viu meu olhar. Me virei novamente para ela e sorri forçado — ... O que houve? — Ela fez um gesto com a cabeça, assentindo, tentando me deixar mais confortável.

Quando tudo dá errado ... Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora