A Última Gota

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As primeiras clareiras do amanhecer, manchavam o escuro céu da madrugada

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As primeiras clareiras do amanhecer, manchavam o escuro céu da madrugada. Passei a noite em uma das espreguiçadeiras estofadas que tinha em volta da piscina. Uma noite completamente em claro. Não era para menos, depois do dia que tive ontem, e a pior parte, a noite. Estava arrasado. A Cecília se trancou na sala de TV e não saiu nem para ir ao banheiro. Vez ou outra ia até lá, na esperança que ela retrocedesse, e desse, algum sinal de vida, embora eu não me atrevesse a chamá-la, porém em nenhuma das vezes tive essa sorte.

Ainda tinha a questão com o Mark. O que eu iria encontrar hoje no trabalho? Com certeza as fofocas ganharam força de ontem para hoje, e conhecendo o Mark, ele disseminou mentiras entre todos para terminar de colocar uma estaca em meu peito, desse modo, no meu trabalho e no meu projeto.

O dia terminou de amanhecer e eu percebi um movimento na cozinha. Andei vagarosamente até lá, não queria que ela fugisse de mim. Me deparo com a Cecília colocando a cafeteira para funcionar, como fazia religiosamente todas as manhãs. Quando ela se vira, me assusto com o tanto que o rosto dela estava inchado. Ela claramente passou a noite chorando. Meu ímpeto é ir até lá e envolvê-la em um caloroso abraço, deixar claro o quanto eu a amo e que nada nem ninguém mudaria isso, mas o olhar que ela me lançou ordenava: distância!

— Eu não iria atende-la! A Rebecca não faz mais parte da minha vida. Nunca fez, na verdade.

— Não foi o que pareceu! — responde ácida e sarcástica. — Anthony? — Ela chama ao ver o filho descendo as escadas. — Tão cedo filho? — Indaga indo ao encontro dele já pronto para ir à escola. Fico de longe olhando os dois.

— Bom dia mãe! — Ele sorri envolvendo ela em um abraço e beija sua cabeça. Há tempos não vejo o semblante dele tão leve. Ele me olha meio reticente e eu não sei exatamente como reagir.

— Bom dia meu amor!

— Você está bem? — Indaga vendo o rosto abatido da mãe.

— Estou sim, foi só uma enxaqueca terrível. — Mente para não deixá-lo preocupado. — Foi tudo bem ontem? — Ela acaricia seu rosto e ele sorri visivelmente feliz.

— Foi, foi sim!

— E, por que está saindo tão cedo?

— Vou buscar a Donna! — Um belo sorriso incendeia o rosto dele e eu quase sorrio também.

— Espera aí? — Cecília pede confusa e começa a gesticular os dedos para lá e para cá como se quisesse entender algo. — Você saiu daqui com a Kate e está indo buscar a Donna? — faz uma cara de perdida. — A conta não fecha. — Anthony solta uma risada safada.

— Eu prometo que te conto tudo, mas agora eu preciso ir, não posso deixar ela esperando! — Ele dá uma piscadinha animada.

— Filho! — chamo e os dois me olham surpresos. — Preciso conversar com você... — Ele me olha atento e eu dou um leve sorriso para demonstrar que busco a paz.

Quando tudo dá errado ... Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora