Inocência

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O bálsamo de terra molhada

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O bálsamo de terra molhada. Um cheiro de chuva invade minhas narinas, o barulho das dobradiças barulhentas o vidro da porta velha em seus tiras madeiro, anunciando minha chegada, com um odor tão feroz a ponto de fazer meus olhos lacrimejaram pela ardência invadindo o interior machucando meu olfato — o vômito de algum pirralho na minha camisa verde musgo, escorrido por meu ombro, logo a preferida. Que sorte a minha. Meu coturno está tão abafado que sinto como se meus pés estivessem em uma sauna particular, o vento álgido anunciando a tempestade nebulosa, os serenos, serenes, batendo contra o vitral, sinto um frescor em minha abrasada, mas nem isso é capaz de aliviar minha exaustão e estresse.

De modo ágil retiro minhas vestes, partido para um banho gelado, o choque térmico espalha um tremor intenso em meus poros, me fazendo querer desvencilhar do local, mudar a temperatura, na permaneço.

A minha pele repleta de espumas, impregnando seu perfume de maracujá, folhas-limoeiro e hortelã, descendo diretamente para o ralo.

...

Enrolo uma toalha ao redor do meu quadril, deixando que as gotículas de água escorrerem por minha pele. Me jogo na cama, permitindo que os devaneios permeiem por minha mente, me agasalhando no forro tufado preto fosco.

As singelas ondas de calor escorrendo por meu corpo, enquanto o ar álgido colide com minha pele.

A tentativa vã em tentar compreender que o mundo não é tão matemático e simples como gostaria que fosse, especialmente quando tratado de sentimentos, a coisa mais fodida do ser humano. Certas coisas são mais abstratas que as fotografias de Richter.

Contudo, a frequência em tentar lutar para estar no controle de sentimentos complexos demais aderidos em mim, feito braços contorcidos, agarrando meu coração o mantendo-o no lugar para não ousar fugir ou bater muito forte pelo ódio acumulado. Poderia se perder na culpa da ingenuidade ou então explodir para se tornar um buraco negro, ou talvez uma super nova.

A tempestade escorre pelo vidro da porta corrediça, refletindo em seu clarão transpassando pelos ralos tecidos das cortinas em seu tom coral, transformando meu quartinho em um vasto aquário reluzente, com as linhas de suas ondas dançando nas paredes e teto, o barulho da chuva se mistura com meus julgamentos mentais.

Burro seria a palavra certa para um adolescente ingênuo que só queria viver um romance brega, “amor verdadeiro”? Perfeita ingenuidade manipulável.

Manipulação essa dedicada a preservação da minha inocência, que se esvaiu com todas as verdades omitidas pelos falsos sentimentos, e traição. Se é que posso constar aquilo como traição, o óbvio relacionamento do TanKhun com doutor Top.

Estava tudo debaixo do seu nariz, seu estúpido.

— Eu ainda te amo, seu desgraçado — Sussurro para mim mesmo. Lágrimas intrusas insistem em escorrer por minha pele — Por que tão burro?

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