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"Nada se perde, tudo muda de dono"

Acabei descobrindo que as coisas que Hyunjincomprou realmente eram para o seu Oppa. Ele se chama Han Jisung pelo que me lembro, e Hwan quer fazer um jantar para ele por isso comprou coisas "diferentes" que ele não costuma consumir, como verduras e legumes.

No mesmo dia das compras fiquei com o estranho dos Hashi's na cabeça, a sua estranheza me chamou a atenção como se eu quisesse ajudá-lo de algum jeito.

Quem sabe o vejo denovo em alguma conveniência comendo Ramen

Hyunjin me convidou para jantar com eles mas neguei, estava cansado e só queria ficar sozinho.

Desde esse episódio já se passou um mês, e meu pensamento sobre ver o tal denovo falhou, não o vi mais. Mas uma notícia boa me pegou de surpresa, consegue adivinhar?

Hyunjin e Han estão namorando, bastou só um mês pra se conhecerem melhor ainda e engatarem um relacionamento, estou feliz por eles pois se amam muito, é notável.

Alguns dias se passaram depois do meu aniversário, comemorei junto deles,  afinal eu só tinha eles, meus pais moram longe e nem ao menos ligam pra mim, então me acostumei com apenas Hyunjin -e agora seu namorado-, ao meu lado.

Hoje em especial era sexta feira, voltei do serviço de noite -pois fiz hora extra- e cansado, com uma crise enorme de saudades de MinHo, eu odiava essas crises mas ao mesmo tempo me sentia grato por ter ele ainda bem vivo na minha mente.
Não hesitei na hora de pegar a garrafa de Wiskey e virar alguns goles só pra sentir aquela ardência na garganta, quando me dei conta eu já chorava bastante, aqueles pensamentos, aquelas lembranças me atormentaram de um jeito tão cruel que apenas joguei a garrafa contra a parede da sala e a vi estilhaçar em mil pedaços.

Era insuportável..

Me ajoelhei no chão enquanto soluçava sem parar. Derrepente algo se despertou em meu corpo como se fosse uma energia muito forte, corri pra fora de casa sem rumo e só parei quando algo me atingiu em cheio me deixando largado em algum lugar que eu não sabia se era a rua ou a calçada.

Ai Meu Deus, moço você está bem? Por favor fala comigo? Yaa por favor.-Ouvi uma voz chorosa falar comigo mas era como se ela estivesse bem longe de mim. Abri meus olhos bem devagar e mesmo com a visão embaçada vi um rapaz. Ele está segurando desesperadamente meus ombros e minha cabeça.

Eu sofri um acidente?

A..ah .-Só consegui resmungar, quando tentei me mecher senti fortes dores no corpo o que me deixou confuso.

M..min..Minho-Resmungo baixinho.

V..você quer que eu ligue pra ele? E..eu ligo..m..mas não espera, eu preciso ligar para os Bombeiros..s..sim é isso.. vamos lá ligar para os b..bombeiros.-O rapaz parecia bem assustado, notei quando pegou seu aparelho celular e ligou para a emergência bem apavorado ainda, fechei meus olhos tentando racionar mas apaguei.

(....)

Aquele rapaz foi a primeira pessoa que vi quando acordei, estava ao meu lado com uma expressão nervosa, e com os lábios sendo mordiscados pelos dentes.

O..o que aconteceu?-Falei sentindo a língua um pouco enrolada.

–Ai graças a Deus.-Ele permanecia sentado ao meu lado e quando me ouviu deu um salto.–Nossa, nossa, aaa.-Se repreendeu me deixando sem entender. –Acontece que eu te atropelei ontem a noite, me perdoe, aigoo você se enfiou na frente do carro como um louco e eu não consegui freiar a tempo.-Ele se explicou gesticulando bastante, suas palavras clarearam um pouco minha mente.

Eu bebi, saí de casa, e fui atropelado, acho que foi isso o que aconteceu..

Esta t..tudo bem, tudo bem..-Suspiro fundo, o homen a minha frente se acalma aos poucos e chama a enfermeira. Quando ela apareceu me examinou e me deu uma dose de remédios na veia deixando-me zonzo. Ele observava tudo sentado ao meu lado como antes.

Mianhe.-Ouvi sua voz.

Tudo bem, foi um acidente.-Reforcei minha idéia.–Não é sua culpa, fui eu quem bebi e quase morri.

–Eu nem deveria estar dirigindo mas..-Abaixou a cabeça ficando sem palavras.

Odiava ser tão imaturo e não conseguir me controlar, acho que vou enlouquecer de vez.

Agora mais calmo consegui notar a sua beleza, e algo me chamou a atenção. Seus lábios, carnudos e avermelhados.

Já os vi antes.. tenho certeza..

Os encarei sem vergonha e notei o incômodo do mesmo.

Eu te..te conheço.-Falei vendo ele sorrir.

-Eu te conheço também, você é o moço da conveniência.-Ele estava certo, fiquei surpreso de saber que me reconheceu.

Não demorou muito para o seu tempo aqui acabar, ele teve que ir embora e eu fiquei sozinho, Hyunjin e Han vieram me visitar mas como toda mãe, o loiro  primeiro brigou comigo por ser irresponsável e cabeça dura, e depois perguntou como eu estava.

Jisung apenas ria.

Depois de dois dias internado eu recebi alta e junto alguns remédios pra dor, mas eu me conhecia.

Nunca os tomaria..

Contratei uma empregada para limpar toda aquela bagunça que eu causei a alguns dias atrás e como era um sábado resolvi ir descansar, me banhei e vesti apenas uma box azul escura e caí na cama com os cabelos molhados mesmo.

Toda vez que eu deitava nesta cama um aperto no coração me atormentava. Quando poderei viver normalmente denovo sem ele me consumindo todos os dias?

Apertei os olhos e suspirei.

Não, hoje não BangChan, sem bebidas.-Me repreendi, eu faria qualquer outra coisa mas não beberia. Pelo menos não hoje.

Então me enrolei nas cobertas quentinhas e tentei dormir, eu já havia deixado o dinheiro da Dona Yeeun na mesinha de centro e dito que se ela sentisse fome ou sede poderia procurar ou preparar algo na cozinha.

Eu até tentei, mas não consegui dormir de primeira, fui assistir algo no celular até pegar no sono, quando acordei já estava de noite e a casa estava silenciosa.

Não sei por que mas acabei me lembrando de quando corri como um idiota pra rua e o rapaz dos belos lábios me atropelou, o modo como ele se preocupou comigo me deixou estranho,mas estranho de um jeito bom, a única pessoa que sempre me tratava assim todos os dias era MinHo. Além dos lábios bonitos, aquele garoto tinha pintinhas nas bochechas, pareciam pequenas estrelas em uma galáxia.

Descendo as escadas senti o cheiro de limpeza e sorri, passei as mãos no cabelo desgrenhado e parei analisando o ambiente por um tempo.

Acho que precisarei de Dona Yeeun mais vezes..

Eu não era fã de bagunça mas também não era o ser mais organizado do mundo. Com certeza irei chamá-la denovo.

Chegando na cozinha vejo sob mesa uma bandeija com bolinhos, estavam fresquinhos e o cheiro era absurdamente gostoso e convidativo.

É óbvio que irei chamá-la denovo..

Me sentei pra comê-los, era impossível não resmumgar de satisfação, Dona Yeeun tem mãos de fada cara!
Por um momento acabo me recordando de quando Lino fazia bolinhos doces para o café da manhã. Eram deliciosos.

Será que ainda irei comer bolinhos tão gostosos quanto os de meu querido?

×The Scar×  [ᶜʰᵃᶰˡᶤˣ]Onde histórias criam vida. Descubra agora