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Depois que tirei a faixa, todo meu coração deu um pequeno salto, seu tórax magro carregava um enorme corte que já estava bem cicatrizado por fora. Era admirável como ela ficou adaptável a sua pele, era como se Felix já tivesse nascido com ela.

Sem me aperceber toquei a ponta dos dedos no local da cicatriz e senti um arrepio muito intenso, mas tão intenso que engoli em seco assustado, logo encaro Lee que me olhava sem dizer um A. Foi uma sensação tão estranha, mas foi um arrepio tão..agradável. Era esquisito imaginar que ali no seu peito batia um coração que antes não pertencia a ele.

—É sua primeira vez vendo algo assim?

—Sim, é uma marca e tanto é pro resto de sua vida.

—É pra ela que vou olhar todos os dias e me lembrar da pessoa que me doou seu coração saudável -diferente do meu após o acidente- que me salvou. Que ele descanse em paz.

Quem seria o doador?

—Quem foi seu herói?

—É engraçado dizer, mas me lembro que o nome dele era MinHo, algo assim..

—O nome de meu ex namorado.-Meu sorriso morreu aos poucos e Felix segurou minha mão que pousava sob meu joelho.

—Eu estava meio grogue da cirurgia então não prestei muito a atenção quando o médico me disse algumas coisas sobre o doador, só sei que serei grato a ele eternamente. Bangchan sei que sente falta dele, mas saiba que ele está descansando, nunca deixe ele morrer na sua mente, assim MinHo sempre estará presente.

—Ele sempre está, obrigado pelo conselho Lix, logo você vai se recuperar cem porcento e vai trabalhar comigo na empresa.

Rimos juntos e ficamos nos encarando. O rapaz ainda segura minha mão que aquecia a sua que era fria.

—Afinal de contas você nunca me mostrou uma foto do Lee Know mais recente, as que estão no quadro ao corredor são mais antigas certo?

—É verdade, eu deixei apenas aquelas, todas as outras que eu tinha na sala e na cozinha, e até mesmo aqui no quarto eu guardei, são torturantes demais pra mim sabe.-Me levantei e peguei minha carteira de cima do criado mudo e voltei a me sentar, a abri e peguei uma foto pequena o entregando. A outra eu apenas ignorei no fundo da carteira, ela me fazia sofrer mais que qualquer outra foto ou lembrança. Não sei  por que não consigo jogá-la, é mais forte que eu..—Essa foto foi tirada uma semana antes do acidente.

(...)

Gostaria de pensar em como Chan está sendo gentil comigo, mas após ter aquela pequena foto em mãos meus pensamentos meio que voaram longe. Eu sabia que quando vi os retratos no corredor eu senti que já havia visto MinHo em algum lugar, e agora coincidentemente com uma foto mais recente dele antes da tragédia, sinto que meus pensamentos ficaram mais apurados.

Ele era sorridente, alegre, tinha cabelos claros e Chan o amava demais, era visível. Aquela boca avermelhada, tenho uma vaga lembrança de já tê-la visto antes, os traços, a pele branca, o sorriso.

Devo estar enlouquecendo. De onde o conheço?

(...)

—Felix?-O chamei, e assim o chamei mais três vezes até ele me encarar saindo por fim de seus desvaneios. Ele pareceu hipnotizado ao olhar a foto.—Está tudo bem?

—A..a..ah sim, está sim, eu só estava olhando a foto, vocês eram lindos juntos.—Sorriu tentando disfarçar o momento de antes.

Sorri agradecendo e coloquei o curativo de volta em seu braço não o apertando tanto agora, logo o mesmo vestiu seu pijama devolta.

—Obrigado Chan, eu não conseguiria sozinho.

—Amigos São pra essas coisas Lix.

(...)

Eu passei uns três dias sem tirar aquela foto da minha mente, estou inculcado com as lembranças vagas que tenho do rosto de Lee Know. Aquilo me atormentou tanto que eu precisei dar um jeito de descobrir mais coisas.

Hoje pela manhã dei bom dia ao Chan e disse que iria ao hospital fazer os exames de rotina, pegar mais alguns remédios e refazer o curativo, ele sempre queria saber onde eu ia e se estava seguro, parecia meu pai rsrs, me vesti normalmente e tomei café, hoje era dia da omma ficar em casa então tirei o café da mesa após comermos e me despedi dela.

Mas como já tinha tudo planejado...

Cheguei ao Hospital e fiz tudo o que eu precisava fazer, saindo dali passei na biblioteca municipal do centro e aproveitei para pegar mais um livro, o último eu já havia devolvido a uns dias mas não havia pego outro, aproveitei para usar um dos computadores dali também.

Entrei no meu facebook e pesquisei por "MinHo" mas sem sucesso, apareceram inúmeros MinHo's menos o que eu procurava, fiz a pesquisa no instagram mas era mais complicado ainda, tentei vários nomes de usuário mas nada feito.

Saí da biblioteca e parei pra tomar um chá na cafeteria (??). Aproveitei pra ler um pouco do livro que havia pego mas a concentração não vinha, e olha que lugares assim são os melhores pra se ler, pelo menos pra mim. Fechei o livro e suspirei fundo coçando a cabeça em sinal de confusão.

—De onde te conheço? De onde.-Sussurrei baixinho dando um gole no chá preto. Precisava me acalmar ou teria um ataque de nervos, esse acontecido até me tirou o sono ontem.

Por volta do meio dia quando saí da cafeteria omma me ligou, disse que iria pra casa do Chan por que aconteceu uma emergência, ele tentou passar roupa e quase colocou fogo nas suas camisas sociais, resultando em uma delas com os botões derretidos e uma gola por queimar.

Eu me obriguei a rir e omma também. Isso era tão a sua cara....

Ele não queria deixar tudo pra omma fazer, não queria que ela se cansasse mas foi pior ainda, agora ela teria que ensinar ele a usar o ferro e concertar sua camisa que eainda poderia ser usada, era só trocar os botões e pintar a gola. Mas para o dinheiro que BangChan tinha, comprar uma camisa nova era bem mais fácil do que remendar uma usada e estragada.

Enquanto Omma está na casa de Chan eu decidi dar mais uns "giros" por aí, não desistiria fácil. Fui ao Colégio municipal e pedi para ver o álbum de foto dos formandos, encontrei Chan, eu, uma ex namorada minha, vi todos com quem estudei e uns colegas de outras séries, menos MinHo. Se não fosse tráfico o motivo de eu estar aqui, seria engraçado já que as fotos antigas eram as melhores.

Mas..voltando ao assunto principal...

Saí do colégio aborrecido, me sentia tão cabisbaixo por não ter conseguido nada que não me apercebi quando tropecei em uma bola de futebol, algumas crianças estavam jogando ali na rua, a chutei de volta e elas agradeceram. "Obrigado tio" me senti orgulhoso pelo respeito das crianças mas ao mesmo tempo me senti velho rsrsr.

Ao me distanciar um click invadiu minha cabeça.

É isso.

É claro, precisa ser isso.

Sorri orgulhoso tendo certeza que o encontraria agora.


Tinha postado o capítulo errado então apaguei e coloquei o certo kk, o próximo capítulo o onze é o que postei no lugar do dez.

Espero que estejam gostando :3

×The Scar×  [ᶜʰᵃᶰˡᶤˣ]Onde histórias criam vida. Descubra agora