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O fim do dia na casa de BangChan foi normal como nas outras vezes em que dormi aqui.
Tudo ocorreu bem, tomei um banho relaxante e acabei rindo sozinho ao me lembrar do maior tentando me ensinar a jogar aquele jogo de zumbi.

Ele nunca desistia e eu nunca aprendia.

Ao me deitar na cama macia e me cobrir com os cobertores fofos bocejei automaticamente e fechei os olhos, comecei a pensar em MinHo denovo, depois de tanto procurar encontrei ele no ginásio graças ao ter me lembrado das palavras do Chan sobre isso. Ali descobri que o garoto que eu tinha na cabeça é o mesmo garoto ex namorado do meu amiga, mas de onde eu o...

—Ai não... não pode ser..-Me sentei rápido na cama de queixo caído.—Eu não acredito como fui idiota...a resposta estave na minha cara o tempo todo.— Esfrego as palmas sobre meu rosto e suspiro fundo.

Isso não pôde estar tão óbvio assim e eu não me dar conta, nem mesmo me passou pela cabeça esse fato.

Me deito denovo encarando o teto meio aflito, perdi todo o sono depois desses pensamentos.

E se for ele mesmo? C..como eu..como..

Amanhã mesmo irei ao hospital para bater um raio x e fazer um eletrocardiograma para checar meu coração -como está seu funcionamento- e então depois de tudo, darei um jeito de tirar a prova real.

(...)

No dia seguinte pela manhã dona Yeeun já estava ativa limpando toda a cozinha, por ter dado uma atenção maior para o resto da casa, mais específicamente os quartos. Tomei meu café e dei bom dia a Felix quando o mesmo se sentou do meu lado logo após comprimentar sua mãe.

—Bom dia Lix, dormiu bem?-Sorrio enquanto limpava o canto da sua boca, havia creme dental.

—Bom dia Chan, ah, dormi sim e você?-Ele corou e abaixou o olhar enquanto esfregava o doce na pequena fatia de pão.—Obrigado por isso, acordei atrasado.

—Eu te levo até ao hospital.

—Obrigado mesmo, se eu fosse correndo acho que perderia o exame.-Rio ao dar uma mordida no pão e logo um gole no café.

Não sei dizer ao certo, mas Felix parecia nervoso com algo, perguntei se estava tudo bem e ele afirmou que sim disse só estar ansioso com o exame. Mas isso não me convenceu.

(...)

Antes de sair do carro Chan segurou minha mão e eu me virei a ele.

—Tem certeza que está tudo bem mesmo?

—Sim Hyun, estou bem, não se preocupe, quando eu sair do hospital te mando uma mensagem.-Agarro mais forte a pasta com os meus papéis -exames passados, receitas, e outros papéis necessários- e saio do carro logo fechando a porta, aceno ao maior e adentro o hospital.

Ele sabe que não estou bem, que estou mais nervoso que o normal.

(...)

Deixei o carro ligado por uns longos segundos na frente do hospital, eu paralisei, fiquei pensando no menor.

Por que estou tão preocupado? Ele disse estar bem, só estava nervoso com o exa...mas pera..ele já não fez esse exame outras vezes? Por que estaria tão nervoso agora?

Mordo a ponta do meu polegar sentindo que agora quem estava nervoso era eu. Olho o horário no painel do carro e acelero pra não me atrasar denovo ou receberia uma chamada de atenção maior do meu chefe.

Quando cheguei na empresa adentrei meu escritório e me sento sob a cadeira confortável e relaxo fechando os olhos.

O dia nem começou e já me sinto cansado.

Enquanto o computador ligava organizei alguns poucos papéis soltos na mesa, alguns documentos que larguei por ali ontem pelo fim da tarde -já com o objetivo de organizá-los hoje-.

Espero que o dia passe rápido..

(...)

A manhã passou devagar, diferente do que desejei mais cedo, mas por outro lado me senti aliviado por ter recebido uma mensagem do loiro por volta das onze horas.

Combinamos de almoçar juntos, e por incrível que pareça seria na mesma conveniência que nos conhecimos.

(...)

O exame não ocorreu tão bem como as outras vezes, o médico pediu várias vezes que eu me acalmasse e depois de muito me autodisciplinar consegui me acalmar e ter sucesso no exame, me sentia nervoso e ansioso por causa de MinHo e toda essa ansiedade interferiu na situação pois meus batimentos alteravam constantemente.

Após o fato a enfermeira me levou ao corredor do lado da sala de exames e enfaixou meu braço com uma nova faixa.

—Boas notícias rapaz, você ficará com a faixa só mais um mês, mas mesmo assim permanecerá sem movimentos bruscos até completar os seis meses.

Sorri alegre com a notícia, essa faixa encomodava bastante.

Depois de ter feito tudo o que necessitava, me dirigi até a recepção do hospital e senti aquela sensação de aflição voltar.

—Bom dia, faz mais ou menos um ano que eu fiz um transplante, eu poderia ver o prontuário?

—O que o senhor transplantou?

—Um coração.

—Ok, deixa eu ver aqui..-Ela clicou no computador em algumas coisas que não pude ver.—Seu nome?

—Lee Felix

Continuou a procurar até encontrar o que pedi.

—Certinho, está aqui nos nossos registros na parte de transplantes mesmo, só para conferir, Lee Felix, 15 de setembro de 2000, bairro Gangnam.

—Isso, está certo.

O bairro Gangnam era praticamente uma favela da parte mais pobre de Seul, mas eu e omma conseguimos uma casa um pouco mais melhorzinha em um canto desse bairro. Era o que nossa condição permitia.

A moça se levantou e entrou em uma porta atrás de sí e logo voltou com uma pequena pasta e me entregou.

—Aqui está senhor, após conferir o que precisa, peço que me devolva tudo bem? Se quiser uma cópia posso lhe prover também.

Agradeci e me sentei na recepção, estava sozinho ali.
Agora eu tinha em mãos meu prontuário do transplante, eu tiraria a prova real de tudo e saberia se é apenas uma coincidência ou.. se era a verdade, não podia controlar o nervoso que se expandia em minhas mãos trêmulas, suspiro fundo muitas vezes antes de abrir a ficha.


×The Scar×  [ᶜʰᵃᶰˡᶤˣ]Onde histórias criam vida. Descubra agora