23. Whilhelmina

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alec

O instagram era mesmo um inferno. Alec simplesmente não gostava dessa rede social. Era uma rede essencialmente visual e quase ninguém se importava em descrever as imagens, para que se tornasse acessível para pessoas com deficiência visual. Mas contrariando todas essas questões, ele estava há quase duas horas lutando para navegar ali.

Bom, não exatamente navegar, considerando que ele estava em uma conta específica. E essa conta era a de Magnus Bane, claro. Alec sentia um misto de sentimentos absolutamente contraditórios, que ele não sabia nomear. Ao contrário da maioria absoluta das contas que Alec seguia, a conta de Magnus era absolutamente acessível.

Isso considerando as limitações da própria rede, claro, mas ainda assim, Magnus descrevia todas as imagens e além disso, sempre descrevia sua roupa e ambiente nos vídeos. Alec se viu, então,  rolando toda a página, lendo todos os post da conta, e depois disso passou para o IGTV, e depois para o Reels.

Ele simplesmente não conseguia sair da conta. Não eram somente as fotos recentes que tinham texto alternativo. Tudo tinha. Tudo. Desde 2016. Considerando que em 2016 o recurso de adicionar texto alternativo ainda não existia, a única resposta era que Magnus tinha se dado ao trabalho de voltar editando todas as imagens, desde o começo. Alec, engoliu em seco, tentando não pensar nas implicações disso e voltou para o topo da conta, para a bio. A assistente virtual leu a página de novo:

Seguir de volta.

Alec respirou fundo. Ele nunca tinha seguido Magnus no instagram? Ele podia jurar que tinha seguido sim. Revirou sua mente. Bom, pensando bem talvez ele não tivesse seguido. Devia seguir agora? Moveu o dedo e parou ali, ainda dividido. O conteúdo da conta era muito bom. E acessível. Mas seria meio… estranho seguir apenas agora? Tipo, depois de tudo?

Eram quase 3 horas da manhã, ele achava melhor não. Jogou o celular sobre a cama e esfregou o rosto com as mãos. Céus. Que perfeita bagunça. E ele tinha pensado que tudo estava se resolvendo! Que ingenuidade pensar isso! Ele não estava conseguindo dormir. Ele se levantou e foi até o banheiro. Lavou o rosto, e se apoiou na pia.

Tudo tinha ido água abaixo muito rápido. Em um minuto ele e Magnus estavam se beijando e no minuto depois… Magnus estava chorando. Magnus estava chorando muito. Ele estalou os dedos. Pela milésima vez no dia.

Alec se arrependeu no exato momento em que disse aquela merda. A reação de Magnus lhe deixou totalmente desnorteado.

Inferno, não era como se ele não soubesse que Magnus trabalhava mais do que todo mundo que ele conhecia. Alec voltou para o quarto e se jogou na cama. Como podia ter sido tão estúpido? No momento em que disse aquelas coisas, Alec percebeu que apesar de ter rebatido as falas estúpidas de Raphael, ainda assim elas tinham criado raízes em sua mente.

Ele estremeceu ao lembrar de Magnus dizendo “Estou feliz que você tenha dito. É melhor saber.” Ele pegou o celular e abriu o chat de Magnus. Então se sentou de uma vez na cama. Magnus estava online. Magnus estava digitando. Ele prendeu a respiração, esperando. Mas a mensagem não veio. Ele abriu o áudio:

Alec: Magnus, está aí? Eu preciso falar com você.

Enviou o áudio, sentindo o coração bater forte contra as costelas. Desde a hora que Magnus saiu, ele tinha ligado várias vezes, e já tinha mandado muitas mensagens, mas Magnus não tinha atendido e também não respondeu nada. Alec estava angustiado com isso. Magnus não queria falar com ele mais? Ele precisava se desculpar, de alguma forma.

Então sentiu as mãos esfriando quando uma mensagem de Magnus chegou.

Magnus: Eu não quero falar com você agora, tvz depois a gente consiga conversar, mas agr só preciso de um tempo, okay? Então pfv da licença e para de me ligar

Meu amor é cego || MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora