alec
Alec bateu a bengala pela parede do corredor, fazendo o rastreamento até à sua sala. Tinha passado por ali tantas vezes que já tinha decorado o caminho e achava que podia acertar sem o uso da bengala. Ainda assim, por medo de errar, continuava a procurar a placa em braille, antes da entrada, que indicava a numeração da sala. Encontrou-a, fria e amiga, e entrou. O professor Hector estava no meio de uma frase e silenciou:
- Desculpe professor, com licença - Alec pediu, constrangido.
- Tudo bem, Alexander, entre - Hector disse, mas não voltou a falar.
Alec sabia o que estava acontecendo. Todos estavam olhando para ele, esperando que ele se sentasse. Ele bateu a bengala o mais suavemente que pôde, contando uma, duas, três cadeiras e sentou-se. Só então Hector voltou a falar.
- Bom pessoal, nas aulas passadas falamos sobre as primeiras experiências de Pavlov...
Alec se esforçou para fazer o mínimo barulho possível ao pegar o notebook na mochila e colocá-lo sobre a mesa. Conectou o fone de ouvido nele e esperou enquanto a máquina ligava. Então, sua mente se voltou para o que tinha acontecido. Saíra um pouco atrasado de casa, e acabou por perder o ônibus de 18h. Precisou pegar o de 18h25, que, para sua surpresa, era muito mais lotado.
Foi uma experiência bastante desconfortável. Estava calor, estava muito cheio, as pessoas tinham um cheiro diferente, e então, ouviu uma voz incomum o chamando de babaca. Claro que ele poderia ter dito imediatamente que era cego e tinha tanto direito de estar ali sentado quanto a moça grávida. Mas ficou tão surpreso que se viu pedindo desculpas e se levantando.
A partir daí é que a coisa ficou estranha. Ao se levantar do lugar habitual onde se sentava, ficou um pouco perdido sobre em que direção estava a porta. Quase caiu, tropeçou em algumas pessoas e pisou no pé de outras. Ouviu alguns xingamentos e uma mulher perguntou se ele era cego. A ironia disso era tão grande que ele nem teve palavras para responder. Essa era, sem dúvida, a situação mais estranha que já vivenciara.
Tentou, sem sucesso, perceber se já tinham passado da Big Station ou não. Deu-se por vencido quando o motorista freou fortemente mais uma vez, e perguntou para a pessoa mais próxima onde estava. Sentiu um alívio quando a moça confirmou onde estavam e para evitar um maior constrangimento, perguntou onde estava a porta. Era possível detectar a desconfiança na voz dela ao responder. Alec estava achando surreal constatar que as pessoas não percebiam que ele era cego.
Mais uma situação incomum para sua rotina, ele pensou, enquanto caminhava em direção à universidade que era praticamente ao lado da Boat Station. Foi então que ouviu quando alguém se aproximava e se dirigia a ele.
Alec achou engraçado que o moço se esforçasse tanto para se desculpar.
Sentiu os dedos comicharem para saber como era o rosto do moço que parecia tão constrangido ao falar com ele.
Magnus Bane.
Esse nome não era nada comum. Era exótico, com certeza estrangeiro. Por alguns segundos Alexander quis estender a conversa com ele. Mas lembrou-se que estava muito atrasado para continuar jogando conversa fora no corredor. Então se despediu, esperando que Magnus oferecesse ajuda.... Não que ele precisasse, mas assim eles poderiam, sei lá, conversar um pouco mais. Mas isso não aconteceu. Então, ele simplesmente seguiu em frente, para sua aula de Psicologia Experimental I.
Sacudiu a cabeça para espantar as lembranças do estranho acontecido do dia e passeou o dedo pelo cursor, enquanto o aplicativo lia a tela.
Psicologia segundo semestre - a voz monótona da assistente disse pelo fone, e ele clicou duas vezes, abrindo a pasta.
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Meu amor é cego || Malec
Fiksi Penggemar" ... Então todo o corpo de Magnus se arrepiou com a pior sensação do mundo, quando de dentro do bolso, o anjo tirou uma bengala branca, dobrável e a estendeu com um movimento de mãos. Magnus sentiu o chão faltar sob seus pés. Magnus tinha lhe obrig...