Au Beauany - My Oh My

Capítulo 24

Any P.O.V

Assim que Josh saí eu e Sabina sorrimos cúmplices. Me jogo na cama suspirando e ela se senta ao meu lado.

- Então, é grande? - Olho pra ela indignada e ela finge uma cara inocente.
- Vai perguntar na cara dura mesmo? Antigamente você pelo menos perguntava de forma indireta.
- Minha filha tempo é beleza, eu não vou gastar saliva pra isso. - Ficamos em silêncio por um minuto.
- É grande. - Sabina dá um gritinho e nós duas começamos a relembrar antigos peguetes.

Sabi e eu sempre conversamos sobre os nossos rolos, e até mesmo quando o cara era bom, uma indicava para a outra. Um rapaz uma vez descobriu e não gostou, o pobre coitado achou que não sabíamos que nós duas estávamos ficando com ele, atingiu o ego dele quando o bombom premiado percebeu que não passava de um chocolate barato e fácil de encontrar. Bem, pra mim isso é reparação histórica, afinal, durante anos homens fizeram isso, ficar com duas amigas e depois causar discórdia. Mas felizmente eu e Sabina somos santificadas, e seguimos o mandamento de Deus sobre dividir o pão, assim ninguém fica com fome. E é como diz o ditado "quem compartilha, multiplica."

- Mas mudando de pau pra cacete, aonde a senhorita estava? - Sabina arregala os olhos e sua boca fica aberta tentando formular algo. - Eu sei que você estava com o Noah idiota.
- É, eu estava com ele. - Ela desvia o olhar e no momento eu sei que ela está mentindo, ela faz um movimento estranho na sobrancelha toda vez que está mentindo.
- E como foi a noite?
- Maravilhosa, quase não consegui acordar.
- Pelo visto ela é difícil de dar conta.
- Você nem faz ideia, ela até mesmo... - Sabi para no momento que percebe e arregala os olhos, sorrio vitoriosa, isso sempre funciona. - Eu te odeio tanto.
- Não tenho culpa se você é boca aberta. Mas enfim, quem é ela?
- Ninguém importante... - Ela murmura e eu reviro os olhos.
- Tu não tava toda apaixonadinha no Noah até ontem?
- Meu coração é igual de mãe, sempre cabe mais um. - Jogo meu travesseiro na cara dela. - Espero que o Noah não fique bravo.
- Primeiro, ele não tem que achar nada, vocês não estão namorando, e segundo, se ele for babaca eu mesma dou um soco nele. - Sorrio pra ela que concorda suspirando.

Sabi è bissexual, e infelizmente por causa disso já escutou muita merda, principalmente de homens, que acham que mulheres bi são putas e aceitam qualquer coisa. Já quebrei muito nariz de macho escroto por causa disso.

- E se eu me apaixonar pelos dois?
- Faz mamãe mandou e escolhe ué.
- Eu tô falando sério Any. - Ela me dá um tapa e eu xingo ela enquanto atendo o celular. - Alô?
- Oi Noah. - Reviro os olhos ao perceber que é o Josh, provavelmente o pai dele está do lado.
- Oi cacatua.
- Vou fingir que não escutei isso. Enfim, eu só queria te avisar que vou passar três dias longe. Infelizmente a secretária do meu pai errou a agenda, e marcou algumas reuniões em NY.
- Não acredito, logo agora? Eu estava pensando em usar a lingerie vermelha hoje a noite. - Finjo tristeza e escuto ele suspirar.
- Eu vou desligar antes que eu perca o juízo. Te mando mensagem mais tarde.
- Ok, tchau periquito. - Desligo e jogo o celular na cama.
- Você não presta. - Sabina fala rindo e eu dou de ombros.
- Por isso sou sua melhor amiga.

Felizmente o dia foi bem tranquilo, basicamente eu e Sabi não fizemos nada além de procrastinar. A noite meu pai me chamou para jantar com ele, e eu aceitei sem reclamar, provavelmente ele quer conversar comigo sobre o que aconteceu com o David.

- Como estou? - Giro para Sabi analisar minha roupa.
- Gostosa, o que já não é novidade.

Escolhi um vestido azul longo, mas leve, com uma fenda na coxa e um salto preto. O cabelo eu deixei solto mesmo e fiz uma maquiagem mais clara.

- Qualquer coisa me manda mensagem e eu coloca laxante na comida do seu pai.
- Eu já não disse pra você tratar esse seu fetiche em laxante? - Sorrio ao ver ela me mostrar o dedo do meio e mando um beijinho pra ela. - Se eu voltar e você estiver transando com alguém, eu juro que jogo água gelada em vocês.
- Inveja mata. - Escuto ela gritar antes de fechar a porta.

Caminho em direção ao elevador e sorrio ao ver uma mensagem de Josh, assim que entro tiro uma foto e mando pra ele. Acho melhor não ver o que ele respondeu, provavelmente alguma coisa pornográfica. Saio do elevador e caminho em direção ao restaurante, e vejo meu pai me esperando na porta.

- Está linda como sempre minha filha. - Ele beija a minha testa e eu seguro o seu braço.
- Então, o assunto deve ser importante para ser tratado aqui no restaurante.

Nós entramos e sentamos na mesa reservada, meu pai parece um pouco inquieto e isso me preocupa. Ele segura as minhas mãos e no momento em que suspira sei que eu não deveria ter aceitado o jantar.

- Antes de ficar brava quero que me escute. Sei que o comportamento do David na última vez foi horrível, mas todos nós erramos. Enquanto você se recuperava do seu mal estar nós conversamos, e tudo não passou de um mal entendido. - Sinto minha garganta se fechar.
- Papai...
- Eu ainda não terminei Any. David me contou o que aconteceu, na verdade ele estava desesperado, já que você não demonstrava interesse, então ele pediu ajuda a um amigo, e o amigo disse que ele deveria te chamar para... - Ele fecha a boca tentando achar as palavras "adequadas". - Se deitar com ele, você tinha que ver a cara de arrependimento dele Any, o menino estava arrasado, ele disse que sabe que você é uma moça de respeito, mas ele estava tão angustiado que acabou seguindo o conselho do amigo. Ele quer se desculpar com você.
- Pai por favor, não foi isso que aconteceu.
- E é por isso que vocês irão passar um tempo juntos, ele me prometeu que aquilo não aconteceria novamente.
- Eu não posso, eu... - Sinto vontade de berrar com ele, como pode ser tão burro?
- Any, se ele te insultar novamente basta me dizer e eu mesmo não deixo ele chegar perto de você, mas por favor, dê uma chance ao David.

Meu estômago se revira e eu olho para os lados, e lá na entrada vejo ele. David está sorrindo enquanto me encara, esse é o troco por ter feito aquele show, e eu sei que meu pai não vai desistir, e esse é mais um motivo para querer castrar o David.

- Tudo bem, eu vou tentar. Mas não prometo me dar bem com ele. - Meu pai sorri satisfeito e se levanta.
- Muito bem, sabia que você iria fazer a coisa certa. - Olho para ele confusa e começo a me levantar também, mas ele me impede.
- Aonde o senhor vai?
- Eu tenho que tratar alguns assuntos com um patrocinador importante. Mas não se preocupe, David irá te fazer companhia.

E assim que eu abro a minha boca para protestar, o capeta surge ao lado do meu pai, sorrindo como se tivesse ganhado na Mega-Sena.

- Boa noite senhor Soares. Boa noite Any.
- Boa noite David. - Sinto nojo ao falar o nome dele.
- Acho que já deu a minha hora. Até mais crianças, tenham um bom jantar.

Juro que se ainda fosse criança eu me agarraria na perna do meu pai, e só soltaria quando estivesse no meu quarto. Suspiro ao ver ele sair do restaurante e volto a encarar o energúmeno a minha frente. Tudo bem, eu posso lidar com isso.

- Olha, tenho que te dizer a verdade, eu não fazia ideia no quão boa você era em atuar. - David se senta e eu sorrio fingindo meiguice.
- E eu não fazia ideia que você tinha inteligência o suficiente também.
- Não me importo com o que você acha, eu só preciso que você finja que somos um par de jovens apaixonados. - Cruzo os meus braços e encaro ele séria.
- E o que te faz pensar que eu iria fazer isso? - Ele sorri e pega algo no terno.
- Isso aqui.

Ele joga um envelope na mesa e eu reviro os olhos, ele deve pensar que estamos em uma novela. Pego o envelope e vejo fotos minhas na balada, beijando pessoas e bebendo. Continuo analisando as fotos, e tem até uma da minha tatuagem.

- Acho que temos um acordo, não?
- Claro docinho.

Sinto vontade de vomitar ao chamar ele assim, mas tudo bem, eu vou fazer ele comer o pão que o diabo amassou.