Seis verões depois
— Eu não devia ter saído — dizia Eira enquanto andava pela floresta — Mas aquele pássaro estava me chamando só que acabei me perdendo e não consigo voltar ao forte.
Os longos cabelos vermelhos escapavam de suas tranças e o vestido azul se encontrava agora todo amassado, mas ela continuava a andar por entre as árvores sem notar serem as mesmas de antes, até que cansada sentou-se em um tronco que estava ali caído.
— Como vou fazer para voltar para casa? Se minha mãe perceber que não estou em casa, eu peço aos deuses que o forte permaneça de pé! — as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, nublando seus lindos olhos verdes — e se eu não conseguir voltar mais? Eu quero minha mãe!
— Floresta não é lugar de criança que chora e chama pela mãe!
Eira olhou para o estranho que havia chegado; seu cabelo, negro como a escuridão, era curto e levemente enrolado, a pele morena talvez devido ao sol ou era sua cor natural, não sabia. Era mais alto que ela e parecia ser forte por baixo da túnica e do braccae que estava trajando e carregava a espada presa no cinto mostrando que deveria ser um dos meninos que estavam treinando para se tornarem guerreiros.
— Estava chamando pela minha mãe porque estou perdida. — respondeu Eira secando as lágrimas e erguendo o queixo.
— O que me faz repetir que floresta não é lugar de criança.
— Mas você também é criança.
— Tenho 11 verões e estive na floresta quase todo esse tempo. Agora me diga o que veio fazer aqui sozinha.
— Eu estava na janela da minha casa quando vi um pássaro voando em volta dela e ele começou a chamar meu nome. Depois veio em direção a floresta ainda me chamando. Vim atrás dele, mas não o encontrei. Tentei voltar ao forte, mas não conseguir.
— Você mora no forte da colina? Eu nunca a vi lá. Nem mesmo nos banquetes, eu me lembraria de tê-la visto.
— Eu não tenho permissão para sair de casa — a pequena passou a mão nos cabelos, fazendo com que alguns cachos caíssem no seu rosto.
— A cor de seus cabelos.... — O estranho falou com surpresa e admiração na voz — Então você é a Bean Uí Eira.
— Eu mesma! — ela respondeu com um enorme sorriso, mas depois sua expressão mudou, demonstrando que ela estava tentando entender algo — Como sabe que sou eu?
— Pelos seus cabelos Bean Uí bheag. Todos sabem que és a única a ter essa cor de cabelo na aldeia. Por isso não tinha como eu não saber que se tratava de vós! — o estranho se aproximou e ajoelhou-se à sua frente — Perdoe a minha insolência, mas não a conhecia e jamais poderia imaginar que seria a senhora aqui chorando perdida na floresta.
— Eu poderia perdoar se soubesse o que é inso... inso...
— Insolência?
— Sim! Já ouvi meu pai esbravejar isso com alguns guerreiros, mas não entendo o que significa.
— Significa que faltei com respeito a vós.
— Um... Ainda não entendi.
— Apesar de o Eolaí dizer que somos todos iguais, sabemos que devemos respeitar-lhe, a sua esposa e seus filhos. Nunca lhe falaram sobre isso?
— Minha mãe falou algo assim, mas como vejo poucas pessoas não me lembro muito sobre isso.
— Entendo. — O estranho levantou-se do chão onde havia permanecido ajoelhado — Permita-me acompanha-la de volta a sua casa em total segurança.
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Trilogia Guardiã - Passado
ФэнтезиEm 'Passado', o primeiro livro da Trilogia Guardiã, Isadora descobre que em sua vida passada, quando se chamava Eira, viveu com os celtas na antiga Eire, atual Irlanda, ao lado de sua guerreira Liam. As duas eram diferentes dos outros: uma possuía p...