Capítulo 22

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Aquela misteriosa porta conduziu as duas até a frente de uma construção estranha de aparência bastante diferente das construções que elas conheciam e parecia ser muito antiga; era grande e alta, tendo um andar sobre outro e ela era toda na cor branca.

— Que lugar é esse? — perguntou Eira.

— Chamamos de Santuário das Guardiãs.

— Por que esse nome?

— Como é um lugar construído para vocês poderem viver achamos interessante chamar assim.

— Se o senhor tivesse nos contado o nome antes de eu ver o lugar, teria imaginado algo bem diferente.

— Tenho certeza que sim — o ancião disse sorrindo.

— Espera, nós vamos morar aqui? — perguntou Liam assustada.

— Sim, guerreira, vocês irão morar aqui. Será mais fácil para saírem daqui no momento em que soubermos de algum ataque dos servos de Trevas.

— Servos de Trevas? Lembro que a Deusa falou sobre isso quando explicava que agora as armas dos guerreiros funcionariam porque foram consagradas.

— Sim, é verdade. Inclusive vocês duas já os viram e até lutaram contra eles.

— Lutamos contra eles? Então...

— Então aqueles soldados deformados são os servos? — perguntou Eira.

— Sim, guardiã. Mas aqueles que vocês viram ainda não estavam totalmente corrompidos. Por isso as pessoas comuns ainda não eram capazes de verem suas verdadeiras faces. Quando totalmente corrompidos ficam piores fisicamente do que aqueles e podem ser vistos em suas formas reais por todos.

— Eu gostaria de poder não ver esses piores. — disse Eira abraçando a si mesma, como se tentasse se proteger.

— Sentimos muito guardiã, mas infelizmente você terá que vê-los. Bem, vamos entrar agora — disse abrindo a grande porta de entrada e mostrando o interior do prédio.

— Não há quase nada aqui dentro, apenas os móveis mais necessários. Desejamos e esperamos que, ao longo do tempo, vocês possam ir decorando esse lugar para se sentirem confortáveis, como se estivessem em suas próprias casas. Vamos primeiro para os jardins que é onde a Deusa as aguarda.

Eles andaram por um corredor que tinha de um lado um grande salão, que Falcão lhes disse ser o lugar em que elas fariam suas refeições; o outro, era todo feito de uma parede completamente transparente e dava para ver o jardim que era um amplo espaço coberto por muitas árvores e flores conhecidas e desconhecidas. Seguindo em frente havia uma escada que, segundo o ancião, dava acesso aos quartos. Falcão mostrou uma arcada na parede transparente que elas podiam atravessar e irem até o jardim, onde viram que a Deusa estava de pé, perto de uma das árvores. Ele fez sinal para elas entrarem ali e depois se afastou, voltando pelo mesmo corredor de antes, mas elas ficaram paradas no mesmo lugar, uma segurando a mão da outra.

— Não precisam ter medo, minhas filhas. Venham, se aproximem. — disse a Deusa, virando-se para elas e, sorrindo com carinho. Elas então caminharam por entre a diversidade de plantas e flores que haviam ali até chegarem próximas a ela.

— Eu pedi que viessem conversar comigo, por dois motivos, sendo o primeiro deles, algo que estar pesando muito em seu coração, Liam, desde o momento que chegou aqui.

A guerreira olhou assustada para a Deusa, pois jamais pensou que ela saberia e iria querer falar sobre essas coisas, muito menos na frente de Eira que devia, naquele momento, estar olhando para ela com muita curiosidade, por isso, preferiu abaixar a cabeça olhando para o chão, do que olhar para qualquer uma das duas. Diante do silêncio das duas outras mulheres, sem ousar levantar a cabeça e como se falasse apenas para si mesma, Liam disse baixinho:

Trilogia Guardiã - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora