Capítulo 28

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Horas depois Eira disse que queria ir embora, pois não aguentava mais ficar naquele lugar que só lhe enchia de tristeza, então um portal foi aberto próximo a elas e Liam, carregando-a nos braços, passou pelo mesmo saindo no corredor que dava acesso aos quartos deles. No caminho, cada casal se encontrava parado em frente de sua respectiva porta; os guerreiros seguravam suas armas na frente do corpo na direção do coração em sinal de respeito ás duas, já as guardiãs seguravam ramos de flores e velas coloridas.

À medida que as duas passavam eles iam se curvando e pronunciavam preces, cada qual em sua crença e sua cultura. Em frente à porta delas se encontrava Falcão, que também se curvou para elas quando se aproximaram.

— Todos nós sentimos muito pelo que aconteceu com as famílias de vocês duas. O ataque aconteceu antes que eles tivessem sido corrompidos, por esse motivo não fomos avisados. Se soubéssemos teríamos enviados vocês para ajudarem na luta.

— Falcão, — começou Eira baixinho, mas sem olhar para o ancião — tem como saber da minha mãe? Ela estava no templo dos Tuatha Dé Danann.

— Não se preocupe com ela, guardiã. Sua mãe está bem, pois o templo não foi atacado. Sua mãe e irmãs estão bem também, Liam. Elas conseguiram chegar a salvo.

— Obrigada por nos contar isso Falcão. — disse Liam com um peso a menos sendo tirado do coração.

— Deixaremos vocês duas terem seu tempo para sentirem a morte dos seus, depois quando estiverem se sentindo melhor, poderão juntar-se aos outros para...

— Não Falcão! — disse Eira se virando para o ancião — Não queremos que, quem quer que seja esse assassino, mate mais pessoas inocentes. Não queremos que outras pessoas sofram como estamos sofrendo pela perda de pessoas que amam e lhe são importantes.

— Se estão certas disso.

Ele se afastou passando pelos outros, no mesmo momento em que Niara se aproximou das duas.

— Não sabemos quais são os ritos de passagem que vocês realizam com os seus, mas pensamos em Yildiz usar o fogo sagrado que Cisne lhe ensinou, para queimar os corpos, afim de que seus espíritos fiquem livres. Todos nós iremos prestar homenagens aos seus familiares, e, quando o fogo se extinguir, deixaremos essas flores de oferta no local.

— Agradecemos Niara, melhor, agradecemos a todos vocês — disse Liam olhando para todos e depois para Eira — Nós duas não iremos, não temos mais condições de olhar... de olhar para todos lá, do jeito que estão.

— Nós entendemos Liam. Os espíritos de vocês duas estão devastados e precisam se curar. Cuidaremos da passagem deles para vocês.

— Obrigada! — disse Eira apertando a mão da outra guardiã.

Com isso, todos saíram do corredor deixando as duas sozinhas. Liam entrou no quarto, colocou Eira deitada na cama deitando ao seu lado para que a guardiã a abraçasse. A guerreira estava sofrendo muito com a morte de seu pai e de seu irmão, mas ela sabia que sua pequena estava sofrendo mais ainda, coisa que não podia acontecer, pois esse sofrimento poderia fazer mal ao seu dom. "Mas o que eu posso fazer para que nada de ruim aconteça com ela?" se perguntava enquanto abraçava a mesma ainda mais forte.

Mo ghrá eu...

— Não se preocupe Liam.

— Não me preocupar com o quê? Com você? Muito difícil de ser o contrário mo bheatha, principalmente com tudo o que aconteceu hoje.

— Estava pensando mais que você estava preocupada com meu dom.

— Lê pensamentos agora? — perguntou segurando o rosto de Eira para que esta lhe olhasse — É verdade que estou preocupada com isso sim, por causa do que Falcão falou, de você começar a sentir ódio ao invés de amor.

Trilogia Guardiã - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora