Capítulo 4

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— Eu não me lembro de ter lhe ensinado a fazer o que é errado, Liam Ó Briain! — Esbravejava Carrick, enquanto andava de um lado para o outro no pequeno espaço.

Liam se encontrava ajoelhada no chão de frente para a parede; ele a havia colocado de castigo ali mesmo na cabana, logo após ter entrado e encontrado a esposa já brigando com a mesma, enquanto mantinha a filha de Devin escondida atrás de si. Ele saiu de um forte em desespero e de uma aldeia sendo revirada pelo desaparecimento de Eira e foi buscar Alessa na cabana de proteção, que havia ido até lá logo cedo como sempre faz após cada lua cheia para limpar e abastecer o lugar com provisões e mantimentos, caso seja necessário retirar às pressas Devin e sua família do forte por algum motivo de segurança; sua esposa seria de ajuda na procura da pequena já que desde nova sempre mostrou grande habilidade em rastrear tanto um animal quanto uma pessoa, habilidade essa que apenas Liam havia herdado, o que o deixava orgulhoso da filha. Coisa que não estava sentindo naquele momento.

Graças a ter ido buscar a esposa ele descobriu, não apenas que a sua filha tinha conhecimento desse lugar e sobre a passagem subterrânea quanto a mesma pretendia utilizá-la para levar a Bean Uí Eira de volta ao forte, escondida, fazendo com que parecesse que ela nunca havia saído de lá. Que os deuses o ajudassem, pois estava a ponto de enforcar sua própria filha.

— Mas daidí...

— Não! Não diga mais nada. Você vai voltar para casa com sua mãe, enquanto levo Eira de volta para os pais. Conversaremos quando eu for para casa, até lá saberei o que fazer contigo, mas digo logo que será o pior dos castigos que apliquei na vida! — virou-se para Eira que se encontrava escondida atrás de Alessa, agarrada à sua saia com o olhar de puro terror e medo para o guerreiro; ela sabia que Carrick era um homem a se temer já que todos os guerreiros do clã o respeitavam e pareciam ter medo dele, mas a pequena nunca vira ele agindo daquele jeito feroz, pois ele sempre a tratara com carinho — Quanto a vós, Bean Uí Eira, seu pai cuidará de ti. Venha, vou levá-la para casa.

Quando Carrick virou para abrir a porta para sair, Liam levantou-se do chão, pegou Eira pela mão e as duas saíram correndo. Com o grito da esposa, ele se virou a tempo de ver que elas desceram a escada que levava para a passagem.

Fear céile, como a Liam sabe da passagem?

— Não sei bean chéile, mas vou descobrir, nem que seja com a ajuda de umas boas chicotadas. — Ao chegarem lá, Liam já havia retirado a tapeçaria que cobria a abertura da passagem. — Liam Ó Briain, se pular dentro desse buraco eu juro que farei com que não se sente direito por várias luas.

— Sinto muito, daidí, mas prometi a Eira que a levaria de volta a sua casa em segurança e sem que ninguém soubesse. Sei que o senhor e a mamãe já sabem, mas lá ninguém ainda sabe, então irei cumprir minha promessa.

— Ela não irá se importar se você não puder cumprir essa promessa. Agora faça o que é certo e me deixe levá-la para a família.

— Não! Eu sou a guerreira dela, é minha obrigação proteger e cuidar dela.

— Você ainda tem muitos verões para ser chamada guerreira. Deixe que alguém que já possui o título de guerreiro faça o trabalho.

— Eu sou treinada desde quando tinha cinco verões para ser a guerreira dela, e quando eu pedia ao senhor para me levar para conhece-la, sempre me negava. Agora que a conheço, o senhor vem dizer que não posso cumprir aquilo pelo qual venho treinando só porque ainda não terminei meu treinamento. Então, ao menos me deixe agir como amiga, pois antes de tudo é isso que nós somos.

Trilogia Guardiã - PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora