Trilogia Guardiã - Passado

Epílogo

"Quanto tempo se passou?"

"Há quantos verões eu estou presa nesse lugar escuro e fétido?"

"O que será que aconteceu depois daquilo?"

Eram alguns dos pensamentos que eu tinha, quando eu me dava liberdade para pensar. Eu precisava pagar pelo erro que havia cometido, sei disso, mas não podia ficar o tempo todo lamentando pelo ocorrido. Eu tinha que seguir um dia após o outros, mesmo que não tivesse como saber quando era dia ou noite naquele lugar.

Quando não estava pensando ou lamentando, eu ficava lutando contra os servos, não podia matá-los, infelizmente, mas era uma forma de passar o tempo e de me deixar mais forte.

Um barulho ensurdecedor me despertou de meus pensamentos, logo após todos os outros que ali estavam começaram a se mover e, em meio às animadas conversas, eu ouvir alguém gritar "O portão caiu, estamos livres".

"Então eles haviam conseguido destruir o portão, e teriam acesso ao mundo físico novamente."

Alguém passou por mim, tocando em meu ombro, disse que estava na hora da vingança e de conquistar o que era deles por direito.

Ele tinha razão, estava na hora de sair dali, mas não pelos mesmos motivos que aqueles amadáin. Abri minhas longas asas negras, que Ele havia me dado, e testei todas as partes do meu corpo e passei a mão por meus negros cabelos que, mesmo depois de tanto tempo, continuava o mesmo. Parecia que nada havia mudado, mas eu sabia que não era verdade, muita coisa havia mudado.

Olhei para o local onde antes estava o portão que nos aprisionava, e agora mostrava um novo mundo, com certeza muito diferente do que eu conhecia.

Ergui as asas e me lancei num voo rumo ao desconhecido, mas minha mente era povoada pelo rosto de alguém muito familiar e importante para mim. Alguém a quem, ao mesmo tempo em que queria tornar a ver com todas as forças do meu ser, eu não queria que me visse daquele jeito.

Por quem meu coração unicamente batia.

"Eira!"

Glossário:

Amadáin – tolos