Capítulo Quinze

59 6 3
                                    

Olho em volta uma última vez para realmente ter a certeza que vim ter ao sítio onde me encontro. Como vim parar ao Lar onde a minha avó está? Como cheguei eu aqui realmente?

Penso um pouco, e depois passo os portões entrando. Ando devagar por uma pequena 'estrada' que aqui tem e que me direciona até à porta do Lar. Olho para todos os lados e não vejo uma única pessoa, quer seja paciente ou trabalhe aqui. Onde estão todas as pessoas?

Entro no enorme Lar e vou até à sala de estar, onde já fui outras vezes quando vinha visitar a minha avó. Um cheiro a mofo entra pelas minhas narinas, e eu meio que resmungo por causa disso. Nunca gostei deste cheiro, sempre me pôs enjoada e eu não entendo como os idosos não entendem que têm este cheiro tão desagradável em si. Será que eu também vou ter quando tiver a idade deles?

Procuro pela minha avó na sala, e quando não encontro vou até ao corredor do seu quarto. Ainda não vi ninguém desde que aqui estou para ser sincera, mas sei que a minha avó irei encontrar e estar com ela.

Assim que estou no corredor vou até ao quarto cinquenta e três e depois de encontrar o número, bato levemente na porta beje. Não ouço nada, nem mesmo a batida que dei na porta, e volto a repetir o mesmo na esperança que a minha querida avó paterna me abra a porta.

Espero por mais um tempo, e desiludo-me quando o que queria que tivesse acontecido não acontece. Afasto-me e quase vou contra um enfermeiro que lá estava. Este olha para mim e eu para ele, e os nossos olhares cruzam-se. O castanho caramelo dele mistura-se com o meu azul oceano, e depois eu largo um suspiro que não foi ouvido.

Ele faz um pequeno aceno com a mão, e eu entendo que ele o fez para que eu o siga. O enfermeiro começa a andar, e eu vou atrás dele em passos calmos e lentos. Caminhamos até algum sítio que eu desconheço, mas que espero que me leve à minha avó.

A uma determinada altura ele para de andar, mas só após alguns minutos, e eu olho vendo uma grande porta branca. Nunca a tivera visto de todas as vezes que cá vim, e devo admitir que isto é deveras estranho. Até porque de forma alguma, e acho que reconheço este rapaz. Não daqui do Lar, mas de outro lado. A sua cara já apareceu em alguma circunstância da minha vida, mas eu não consigo associar a momento algum.

O enfermeiro põe a chave na porta e destranca-a revelando apenas escuro lá dentro. Franzo a testa sem entender que sítio poderá ser este. O enfermeiro moreno desvia-se da porta, e depois de um aceno de cabeça indica-me que entre. Um pouco confusa e receosa ao mesmo tempo, eu dou três passos em frente entrando de seguida na sala escura.

Quando espero que ele entre depois e acenda a luz, sou brutalmente desiludida quando a porta se fecha impedindo que a única luz que iluminasse, embora quase nada, este sítio desaparecesse. Arregalo os olhos, como sempre faço quando apenas há escuridão à minha volta. O meu coração bate fortemente no meu peito e eu começo a ficar um pouco assustada. Estou neste lugar frio, escuro, que cheira a mofo sem nada ou ninguém comigo. Há apenas um grande vazio a predominar este sítio, e a predominar também o meu ser. Estou sozinha aqui.

Ando de novo até à porta, e procuro pela maçaneta. Quando a encontro, tento abrir a porta para me ir embora. Infelizmente, não que eu já não estivesse à espera, a porta não abre. Faço força e tento tanto empurra-la como puxa-la para que esta se abre, mas não acontece. Não consigo compreender porque motivo me trouxeram aqui, sem se encontrar cá a minha avó. E muito menos não consigo entender porque razão estou trancada aqui neste local escuro e sozinha.

Trancada, totalmente trancada.

Respiro fundo pondo a cara entre as mãos assim que acabo de escrever o estranho sonho que tive. Pontos e pontos de interrogação estão na minha cabeça, e por detrás deles estão milhares de questões e pensamentos confusos que eu não consigo decifrar. Por muito que tente, eles permanecem uma grande incógnita para mim.

DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora