Capítulo Dez

64 8 0
                                    

Andava por um corredor enorme, branco e totalmente vazio e sem luz. Apenas umas janelas que deixavam o frio do anoitecer e a pouca luz do mesmo, entrar. Arrepiei-me com a rajada de vento que entrou para aqui, e esfreguei os meus braços.

Continuava a andar enquanto olhava para todas as portas, e as tentava abrir. Por sorte, ou então não, todas as portas se encontravam trancadas à chave, e o que mais gostava de saber neste momento é o porquê de tal coisa. Será que tentam esconder algo se mim?

Esperava ansiosamente que o corredor tive-se um fim, mas isso não aconteceu. Eu continuava a percorre-lo e sem saber se por acaso, graças aos Santos, uma das portas poderia estar aberta, fornecendo-me calor. Lá no fundo fundo, eu acredito que essa hipótese existirá.

Por mais estranho que pareça, ouvi sons. Sons vindo de uma porta, acho, mas que se encontrava ainda longe de mim. Agora o mais estranho de tudo é: como é possível, ao fim de estes anos, nos meus sonhos haver algum tipo de som? O que se está a passar de errado na minha mente, mais do que o normal?

Mais barulho é ouvido numa das portas, que neste momento devido a eu estar a apressar o meu passo, está cada vez mais perto. Assim que o barulho se torna totalmente audível para mim, eu paro tentando ver de que porta provém. Sigo o barulho com a minha audição, e chego a uma porta de madeira negra que está totalmente gasta. Talvez pelo tempo, e noto pequenos arranhões na porta também. Esta encontra-se entreaberta, e a minha grande curiosidade leva-me a abri-la por completo.

A minha boca cai ao ver o cenário mórbido que tenho à frente. Sinto os meus olhos lacrimejarem e tento raciocinar bem o que estou a ver com os meus próprios olhos. As paredes brancas e sujas decoram este espaço, enquanto o teto está húmido devido à chuva que foi acumulando com o passar dos anos. Não há nenhum móvel, mas no seu centro, encontra-se a pior coisa deste mundo.

Preso com uma corda no pescoço, está o meu irmão. A sua roupa está cheia de sangue enquanto a sua cara anjelical, encontra-se mal tratada. Repleta de arranhões e ferimentos, nomeadamente o olho negro e o lábio aberto. Sangue escorre pelos seus braços, manchando ainda mais a sua roupa. Ele está morto. Enforcado, e morto.

Caio de joelhos no chão, e choro. Choro como já não fazia à imenso tempo e por o pior motivo deste mundo. O meu irmão morto à minha frente, é o pior cenário que alguma vez a minha mente foi capaz de imaginar. Mas isso não é o pior, há mais para além de Niall estar preso a uma corda à minha frente.

Harry está a seu lado, com a sua roupa igualmente manchada de sangue. Mas não é o seu sangue, é o sangue de Niall. O sangue do único verdadeiro motivo para eu provavelmente ainda estar neste mundo, e agora ele está morto.

Nas mãos do rapaz de olhos verdes, que neste momento estão totalmente negros, encontram-se marcas de corda. Ou seja, Harry enforcou o meu irmão, maltratou-o, e agora está ali a seu lado, como se nada fosse.

O meu choro torna-se cada vez mais, e o que eu mais desejo é que esta imagem desapareça. A minha visão fica turva e eu sou obrigada a encostar-me à parede deixando que lágrimas salgadas escorram pelos meus olhos e terminem o seu trajeto na minha boca, deixando o seu sabor salgado invadir os meus lábios.

Lágrimas, imensas lágrimas.

Um aperto no coração é forte, assim que acabo de relatar o meu sonho por escrito. Eu nunca na vida pensei que algum dia fosse ter um pesadelo com a morte do meu irmão, mas a minha mente tinha de me pregar uma grande rasteira, e fazer-me uma surpresa tão desagradável como esta. No entanto algo me está a deixar confusa, mas ao mesmo tempo fascinada à cerca do meu sonho. Havia barulhos, e eu chorei. Não havia silêncio, e eu demonstrei os meus sentimentos. Coisa que antes, nunca tivera acontecido.

DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora