Capítulo Doze

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Andava pelas ruas desertas e silenciosas, esperando chegar ao meu destino, seja ele qual for. Olhava em volta, em busca de algo que me desse a entender, para que lugar eu me deslocava. Nada me incidiu a tal desejo meu, por isso continuei na ignorância.

Suspirei, embora esse som fosse praticamente inaudível, eu continuei a andar para o meu destino final. Andava, cada vez mais confusa.

A uma dada altura, uma placa escondida pelas heras, é lida por mim. A palavra 'Cemitério' escrita lá, afastou qualquer dúvida sobre onde o meu instinto, me levava. Agora a questão é: porque estou aqui?

Passo pelos grandes portões, e respiro fundo enquanto caminho por todas aquelas campas, onde se encontram pessoas falecidas e que eram adoradas por muitas outras, mas que infelizmente as suas almas partiram para outro lugar, embora digam que esse seja o melhor. Pessoalmente, o melhor sítio para estar uma alma, é no corpo da pessoa, mas talvez cá na Terra, e não no outro lado. Onde o silêncio predomine todo o mundo. É apenas o que eu acho...

Continuava a passar pelas campas, dando pouca importância às fotografias das pessoas desconhecidas por mim. Leio alguns nomes, e apenas um ou outro eu consigo memorizar. Angela, Rob, Edward e Rose. Nomes que eu nunca conheci uma pessoa que o tivesse.

Cansada de andar, sentei-me no chão olhando as campas que estavam perto de mim. Consegui ler os nomes de todas elas: Melody Star, Ocean Montgomery, Adam Waters e... Horan. Eu... Eu estou ao lado da sua campa. E...

Levanto-me rapidamente, e observo a imagem que lá tinha. O seu cabelo cai-lhe pelos ombros de uma forma bela e delicada; os seus olhos estão cheios de vida, e isso consegue alegrar qualquer um; a roupa, eu identifico como sendo a que ela normalmente usava, a sua favorita; e por fim o seu sorriso. Aquele belo sorriso que sempre me puxou para cima, e que eu tanto amei. E ainda amo.

Os vários nomes que lá apareciam, identificavam tão bem como ela era: boa irmã, ótima mulher, querida, bela e acima de tudo uma ótima mãe.

Respiro fundo e fecho os olhos com força, evitando que qualquer sentimento seja mostrado por mim superficialmente. Apenas interiormente eu posso sofrer, sem o puder mostrar. Isso iria totalmente contra as minhas regras, e isso não pode acontecer.

Acalmo a respiração, que nem tinha reparado que estava acelerada, e abro os olhos. As túlipas e rosas perfeitas que se encontravam em jarras, estão neste momento murchas. O que lhes aconteceu?

Confusão passa pela minha mente, e mais confusa fico ainda, quando vejo umas mãos, aparecidas do nada, mudaram as flores. As que estavam anteriormente murchas, são substituídas por umas novas e bonitas como aquelas que tinha quando cheguei.

Olho em volta, não vendo ninguém. Quem poderá ter posto estas flores novas, assim do nada, sem que eu conseguisse ver a sua cara?

Estranhamente, pequenos flocos de neve brancos começam a cair do céu. Olho para cima, e vejo um grande manto branco, das nuvens e dos pequenos flocos. No entanto, a neve começa a cair com mais abundância, e eu tremo de frio.

Este cenário torna-se ainda mais estranho, quando sou levada misteriosamente para dentro de uma casa. Eu estava num cemitério, e agora numa casa aquecida pelo fogo da lareira. Aproximo-me desta, e estico as mãos para puder aquecê-las. Suspiro de alívio quando estas começam a aquecer, e depois olho em volta tentando perceber onde realmente me encontro.

Encontro-me sozinha nesta casa, e apenas o zumbido do vento se consegue ouvir. Vou até à janela e observo o tempo lá fora. As estradas e o passeio estão cheios de neve, parecendo mesmo que me encontro no Natal. Felizmente o quente da lareira consegue aquecer-me o suficiente.

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