Capítulo Treze

83 10 1
                                    

Olhava o teto branco do meu quarto, enquanto mantinha as minhas mãos cruzadas por cima da minha caixa torácica. Inspirava e expirava lentamente, deixando que o ar escapasse dos meus lábios em fios de ar.

Observo a textura da parede ao meu lado direito, e esta encontra-se com pequenas marcas, ou rachadelas. Talvez de um outro paciente que tenha ocupado este quarto anteriormente, e que tenha sido insano ao ponto de tentar partir uma parede. É o mais provável, porque eu não sou insana o suficiente para fazer tal coisa.

Olho para a outra ponta do quarto, e tudo é igual: branco, sem vida, e arrumado. É nestes momentos que tenho aquele pequeno desejo que tudo mude, e este sítio ganhe mais cor e vida. Realmente não sei como vivo neste ambiente... Estou tão deslocada deste lugar.

Cansada de estar deitada a olhar para o nada, levanto-me e espreguiço-me ligeiramente, de forma desajeitada, sabendo perfeitamente que não é um ato nada cordial. Mas na realidade isso pouco me importa.

Ando até à porta e coloco a mão na maçaneta, sentindo de imediato o frio da mesma assim que faz contacto com a minha pele. Arrepio-me por isso mesmo, e de seguida abro a porta e saio. Olho em volta, como se esperasse ver alguém a correr ou simplesmente a passear, mas nada. Não me surpreende.

Caminho lentamente por todo o edifício, observando cada pormenor de casa parede e porta. Todas as portas são parcialmente iguais, com as mesmas medidas, arranhadelas, tudo mais. As maçanetas são parecidas, e até a cor branca monótona é igual. As paredes é exatamente o mesmo, brancas e banais. Na realidade eu nem sei porque refiro como isto é... Da perfeitamente para resumir tudo numa simples palavra: branco.

As minhas pequenas mãos juntas do meu corpo estão frias, e eu peço por tudo para que liguem o aquecimento neste sítio. Não suporto tanto frio...

Subitamente, vejo uma figura passar por mim. Estranhando esse facto, olho para trás para realmente ter a certeza de que isso aconteceu, e as minhas suspeitas confirmam-se assim que alguém, vestido de branco tal como eu, caminho no sentido contrário ao meu. Tem os braços esticados ao longo do corpo, e a cabeça cabisbaixa. Os seus sapatos curiosamente são pretos, mas não é esse facto que neste momento mais me intriga, mas sim o facto de não conseguir ver o seu rosto.

Decido segui-lo, a ver se tenho a possibilidade de puder observar a sua cara, apesar de estranhamente achar que conheço aquele penteado de algum lado... Ou apenas isto seja um sintoma que se calhar estou realmente a ficar insana como todas as outras pessoas deste sítio.

Após algum tempo a andar e a tentar descobrir quem é este misterioso paciente, ele pára na sala de estar. Obrigo os meus pés a parar igualmente, e espero ansiosamente por uma força misteriosa que o obrigue a virar-se para mim.

As minhas preces foram ouvidas, pois nesse preciso momento, o estranho e misterioso paciente vira-se para mim, permitindo de imediato que eu observe a sua cara. Faço isso num nano segundo, e no nano segundo seguinte os nossos olhares já estão conectados um com o outro, e eu rapidamente identifico aquela cor tão poderosa que aquele olhar demonstra.

O que faz ele aqui?

Assusto-me quando alguém bate à porta. Escondo rapidamente o caderno, e mesmo a tempo pois a pessoa que acabou de bater à porta entra de rompante.

Olho para a pessoa, e identifico-a como sendo Violet. O seus olhos azuis cruzam-se com os meus, mas rapidamente desvio o olhar. Não quero contacto visual entre nós...

"Anda, vem almoçar." Já são horas de almoço? Quanto tempo dormi? Quer dizer, eu sei que ontem cheguei cá estafada do passeio que eu e o Harry demos, mas adormeci logo? Neste momento estou com uma enorme vontade de perguntar que horas são para poder ter a certeza quanto tempo dormir. Ultimamente sinto que sou capaz de dormir mais de vinte e quatro horas.

DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora