Capítulo Sete

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Olhava a relva verde enquanto seguia o meu caminho até um local que eu não estava a reconhecer de lado nenhum. A erva alta fazia cócegas nos meus pés que se encontravam descalços, e por isso eu mexia os dedos de forma fofa.

Ergui a cabeça e pude observar que ao longe se encontrava uma família, aparentemente feliz, a fazer um piquenique. Lenta e curiosamente eu andei até lá, ficando obviamente cada vez mais próxima do meu destino: a tal família.

Finalmente cheguei ao meu objetivo, e entendi que era... A minha família. Estavam lá o Niall, a minha avó, avô, a minha prima, o meu pai e a minha...

Respirei fundo lembrando-me da tarde em que nós viemos para este exato sítio, fazer um piequenique de família. Nesse dia recebemos uma ótima notícia, que seguidamente se tornou num enorme pesadelo...

Reparei que faltava lá eu, e então consegui entender o porquê de estar a usar o vestido branco às flores que me dava pelo meio das pernas, e o porquê de ter o cabelo preso num rabo de cavalo. Estava tudo tal e qual como naquele dia, tirando a parte em que a minha família não pronunciava nada. Limitavam-se a olhar uns para os outros, sem reparar na minha presença.

Assim que os olhos de Niall param em mim, este levanta-se, mas mantendo-se imóvel no seu sítio. O resto dos membros da minha família repetem o seu ato, e eu fico a encará-los espantada. Eles não fazem, nem dizem nada.

A minha prima avança até mim, e quando pensei que fosse cumprimentar-me ou algo do género, passa ao meu lado e ignora-me. Olho para trás e vejo que já não se encontra de mim. Ou seja, desapareceu.

Volto a olhar para o resto das pessoas e elas continuam tal e qual como estavam. Quando eu menos estava à espera, um par de mãos tapa-me os olhos, ficando eu assim sem visão para o que quer que esteja a acontecer à minha volta.

Após um curto, ou longo espaço de tempo eu não sei, as mãos saem dos meus olhos, mas estes mantém-se fechados. Sentindo-me capaz de abri-los de novo, eu faço-o, reparando que toda a minha família havia desaparecido. Olhei em volta, e nada. A relva começou a ficar seca, e isto causava impressões nos meus pés.

Suspirei e olhei o chão, vendo como a relva tivera perdido toda a sua cor e beldade. Irritada com este facto, e com o objetivo de ir bater no muro que estava à minha frente, eu cerro os punhos e levanto a cabeça, reconhecendo imediatamente alguém.

Harry... Ele estava à minha frente. De onde apareceu ele?

Este tinha umas calças pretas com rasgões nos joelhos, uma camisa branca com os primeiros botões abertos deixando ver assim muitas das suas tatuagens. Os seus pés estão nus, assim como os meus. Olho a sua cara, e esta encontra-se como sempre. Olhos verdes a transbodar mistério, uma linha fina nos seus lábios rosa, e com a testa ligeiramente enrrugada.

Ele dá um passo na minha direção, ficando literalmente, frente a frente comigo. Os nossos olhares cruzam-se, e ficamos um longo tempo a admirar os olhos um do outro. Ele a admirar os meus azuis e sem vida, e eu a admirar os seus verdes e cheios de tudo e mais alguma coisa.

Sinto um pequeno formigueiro nos pés, e por isso olho o chão, vendo que a relva verde estava a voltar. As árvores que também tinham secado, ganham cor novamente, tornando este sítio novamente com vida. Flores crescem por todo o lado, fazendo este sítio bastante mais colorido do que anteriormente.

Flores, imensas flores.

Sorri interiormente assim que acabei de escrever este sonho. Tenho de admitir que ao fim de alguns dias, este foi talvez o melhor que já tive. Embora o sítio onde a minha família se encontrava, ser um pouco triste... E estúpida como sou fui logo relembrar-me desse dia, coisa que não devia ter feito.

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