Capítulo Um ✔️

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Passeava por sítios desconhecidos por mim. Passei por uma espécie de café, e este encontrava-se aberto e vazio. Curiosa como sou, entrei e dirigi-me ao balcão, sempre em passos lentos. Toquei na pequena campainha esperando que um empregado aparecesse... Mas nada.

Passaram cerca de dez minutos quando uma senhora de meia-idade, cabisbaixa, saía, provavelmente da cozinha, para me atender.

Esperei que ela falasse, mas nada. Porque será que ela não me pergunta o que eu quero? Normalmente as pessoas perguntam-me sempre o que quero comer... Mas este café é estranho, assim como esta mulher que está à minha frente a olhar o chão. Ainda não consegui observar o seu rosto.

Eu toco de novo na pequena campainha, e a senhora levanta a sua cabeça, podendo reparar nesse momento na sua face. Tinha uma pala no olho direito, o esquerdo encontrava-se também relativamente fechado. Tinha uma grande cicatriz na bochecha e eu supus que fosse de guerra. O seu nariz era pequeno e achatado, os seus lábios formavam uma linha fina e comprida.

Esta ia abrir a boca para falar, mas um barulho da cozinha fez-se ouvir. A senhora vira costas e volta à cozinha, deixando-me só. Mais uma vez a minha curiosidade leva a melhor de mim, e então contornei o balcão e espreitei pela pequena janela, para ver o que estava a acontecer dentro da pequena cozinha.

Não vi nada para além de um fogão aceso. A senhora tinha desaparecido não sei para onde. Abri a porta lentamente e entrei pela mesma. Olhei em volta e não tinha absolutamente ninguém. Estarei a ficar maluca? É capaz...

Dei voltas à pequena cozinha e encontrei uma porta bem mais pequena que eu. Estranhei e, portanto, baixei-me até ter o tamanho da mesma. Pus a mão na maçaneta e tentei rodá-la, mas esta nem um centímetro se mexeu. Tentei de novo, mas era em vão... A porta não abria. Alguém deve tê-la trancado.

Levantei-me aborrecida e, ao virar costas, a senhora de meia-idade estava mesmo atrás de mim a olhar-me.

Engoli em seco, esperando que esta me fosse fazer algo. No entanto, a única coisa que fez foi passar por mim, e entrar na pequena porta. Tentei ao máximo ver o que se encontrava lá dentro, mas não vi nada para além de preto.

Preto, apenas preto.

"Amy, tens visitas." Eu acabo de escrever e guardo o caderno de baixo do colchão da cama, suspirando. Levanto-me, dirigindo-me calmamente até à grande porta branca. Espero que esta seja aberta e, quando isso acontece, uma enfermeira, também vestida de branco, está do outro lado sorridente. A mesma estende a mão na minha direção, mas apenas a encaro antes de ignorar, passando depois por ela. Ouço um suspiro proveniente da sua parte, mas a mesma limita-se a caminhar a meu lado até à sala de visitas.

Passo por vários corredores todos iguais. Brancos e sem vida. Todas as pessoas por que passo também estão vestidas de branco. Não há nada aqui que não seja branco. Até a comida é meia esbranquiçada. É por isso que normalmente não a como. Inacreditável, para o lado negativo, como pode isto ser tudo à base de branco. Ainda não consegui compreender, embora me esforce arduamente.

Chegamos à sala de visitas e a enfermeira encaminha-me até uma mesa onde se encontra um rapaz loiro de olhos azuis, tal como eu. Só que a única diferença é que os meus olhos azuis são sem vida, enquanto que os dele estão recheados de alegria, felicidade e, sobretudo, liberdade. Os meus cabelos loiros são mais escuros que os dele, no entanto, é fácil de entender que somos irmãos.

"Amy!" Ele diz e levanta-se caminhando até mim, abrindo os seus grandes braços. Eu agarro-me ao mesmo, abraçando-o. É a única pessoa que deixo que me toque. Mais ninguém o faz. Mesmo que queiram, eu não o deixo. "Como estás pequena?" O seu olhar cativante permanece no meu rosto, enquanto nos sentamos. Um pesado suspiro escapa dos meus lábios, brincando com os meus dedos. "Bem, eu estive a falar com o Médico e ele disse que tens estado bem, mas não te tens alimentado como deve de ser. Porque não comes a comida daqui?"

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