Chapter Twenty Five

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Sheffield - 2002

P.O.V Natasha

"Oi pai, já faz mais de dois meses que você nos deixou. É tão doloroso. O tempo é extremamente diferente quando perdemos alguém que amamos, agora eu consigo entender. Só quero que você saiba que vou estar aqui pra cuidar da mamãe, ela que te amou e vai te amar até que o sol pare de brilhar. Penso em como o amor de vocês conseguiu me ajudar todo santo dia.
De tudo que você já me ensinou, o que eu sempre carreguei foi de nunca desistir daquilo que a gente realmente ama. E eu sinto muitíssimo que você não esteja mais aqui para ver o tanto de coisas que eu sei que vou conseguir conquistar. Mas creio que de alguma forma você vai me acompanhar.
Sabe, eu sempre pensei em você e como o senhor sempre teve atitudes tão boas. Um homem tão ocupado e focado, mas que sempre arranjava tempo para ler livros pra mim antes de dormir e cozinhar tão bem fazendo tudo o que a mãe falasse que estava com vontade de comer. Você nos fez tão feliz.
Devo confessar que estou perdida agora que não tenho mais os seus conselhos. Me lembro de uma de nossas últimas conversas. Você sempre acreditou em mim, sempre disse para que eu fugisse daquilo que eu fingia ser, que meu destino era mais do que apenas "esperar e ver no que dá". Você já sabia de tudo o que passava em minha mente, e eu devo te agradecer por isso.
E é isso que eu vou fazer, não vou desistir das coisas que eu amo, espero levá-las comigo assim como levo todos os seus conselhos. Eu já perdi tempo demais tentando esconder o que eu realmente quero por medo do que os outros vão falar. E peço desculpas por ter percebido isso tão tarde.
Eu te amo pai, você foi e sempre será meu ídolo, meu herói. Não sei se algum dia vamos nos encontrar novamente, mas espero que sim. Dessa forma poderei de agradecer por tudo o que o senhor fez e ainda faz por mim. O levarei sempre eu meu coração. Mais uma vez, eu te amo."

Essa era a primeira vez que eu conseguia escrever algo sobre a ida dele. Uma carta de despedida parecia ser o apropriado, quando meu pai viajava nós sempre nos comunicávamos através de cartas. A morte pode ser realmente o que dá sentido à vida, mas porque ela tem que ser tão injusta?

Coloquei essa carta dentro de um vinil que pertencia a ele. Sai do meu quarto decidida a contar sobre meus planos para minha mãe. E depois para Alex.

P.O.V Alex

- Como assim ir embora Natasha? O que você está dizendo?
- Não vou embora Alex, não é definitivo. Eu só preciso de mais! Eu não sei o que o destino reservou pra mim, e não vou saber ficando parada aqui em Sheffield. Não me entenda mal, eu adoro ficar aqui com vocês, mas eu não posso ser pra sempre sua tiete!
- Você enlouqueceu? Tiete? E você espera que eu te acompanhe? Olha você sabe, a banda recebeu boas propostas a algumas semanas.
- Não Alex, eu não espero. Mas o que eu estou te dizendo é que não posso mais ficar aqui parada.

Ela me puxou pelo braço e sentamos na minha cama.

- Você sabe o quanto eu te amo, o quanto você é especial pra mim. Desde que cheguei a Inglaterra, minha vida virou de ponta cabeça, passei por maus momentos, e também por momentos incríveis, que não consigo nem descrever. Só que eu ainda tenho tanto a descobrir. Meu sonhos não vai se realizar se eu continuar nessa procrastinação infinita.
- Então fique! Podemos passar por mais momentos juntos Lane, por favor. Daqui a alguns dias eu também não estarei mais aqui em Sheffield. Por que você não vem com a gente?
- Como assim daqui a alguns dias?
- Fechamos um pequeno acordo com uma gravadora. Vai ser como um período de teste.
- Mas, do nada? Alex você deveria ter me contado assim que fecharam o acordo!
- Eu não quis te preocupar, você já passou por muita coisa. Mas agora você também disse que vai embora. Eu não posso simplesmente largar essa oportunidade Natasha. É o futuro de toda a banda.
- E eu não posso desistir de mais um sonho Alex, não depois de tudo que aconteceu! Nenhum sonho aqui é maior que o outro.

Ficamos em silêncio por algum tempo, ela estava magoada, eu estava magoado.

- O que faremos agora?


~ dias depois ~



P.O.V Alex

Já estava tudo pronto, eu e os meninos ficaríamos em Londres até o final dos testes.

Foram dias estranhos. Os olhares de Natasha pra mim, toda aquela mudança repentina. Ela tinha razão, o que um período em Londres poderia acrescentar na vida dela? Mesmo assim, sair em busca de experiências pela Europa não a ajudaria em nada, pelo menos eu acho.

Não estávamos nos falando direito, talvez devesse ser melhor evitar mais uma despedida.

Saindo de casa, Matthew, Jamie e Nick se despediam dela da maneira mais divertida possível. Ela já havia passado por muita dor. Meus pais nos esperavam no carro. Como tudo isso pode acontecer de uma hora pra outra?

Corri em sua direção. Seus olhos estavam bem vermelhos, dava pra ver que tínhamos chorado. Não consegui dizer nada, apenas a beijei, e era um beijo que nunca havíamos trocado antes. Era um beijo com gosto de despedida.

- Mr. Turner, você poderia me fazer um favor?
- O que você quiser Mrs. Lane.
- Só não me esqueça.
- Isso seria impossível.

Ficamos abraçados por um longo tempo. Como eu poderia pensar em esquecê-la? Como desfazer os laços que nos amarram?

Ela me disse para ir logo, não queria que eu me atrasasse, e que daqui a algum tempo nós com certeza iríamos nos encontrar novamente. Torço para que isso aconteça logo. Ela forçou um sorriso e acenou adeus.

"Goodbye Yellow Brick Road" tocava no rádio. Alguém estava falando comigo mas eu não conseguia prestar atenção.

O lamento estava completo. Haviam lágrimas pingando no banco. O carro subiu a ladeira e ela desapareceu na curva.

"Curiosity becomes a heavy load
Too heavy to hold, too heavy to hold
Curiosity becomes a heavy load
Too heavy to hold, will force you to be cold."


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Chorei escrevendo essa carta gente, mil perdões se vocês também choraram. Esse capítulo foi inspirado em Do Me A Favour, espero que tenham gostado 🤍

Leiam ouvindo a playlist da Fic!

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