14° dia da primeira prece de Mabon, 32° ano do 5° Reinado.
Os ventos outonais varriam o Sul, fazendo as folhas secas caírem das árvores e criarem um tapete dourado sobre os campos vastos da campina verdejante. Durante um tempo, os aventureiros viveram como andarilhos e mercenários, aceitando pequenos trabalhos e míseras quantias de moedas, apenas o suficiente para garantir a sobrevivência na jornada que tinham pela frente.
O caminho seria longo, e precisaram reunir todos os recursos possíveis, viajar de vilarejo em vilarejo buscando meios de sustento e, se tivessem sorte, um pouco de lucro para alimentar seus pequenos prazeres individuais.
Entre as idas e vindas, as notícias espalhavam-se pelo reino feito um incêndio fora do controle, trazendo consigo as consequências de suas atitudes imprudentes. Era impossível não as escutar. No Norte, o luto prevalecia devido à recente morte do Rei, enquanto as tensões politicas entre as coroas crescia com os rumores da fuga da rainha Gwenevere. Nas estradas que passaram, contavam-se histórias sobre ataques nortenhos em comitivas de mercadores do sul, acusações de bruxaria contra o rei, e histórias macabras o suficiente para deixarem um senso de alerta em Gerhard.
Nas tavernas locais, o sequestro de Liria se tornou um tema constante nas rodas de conversas dos viajantes, comerciantes e bêbados teóricos. Entre fragmentos dessas conversas, souberam das investigações do testemunho de uma serva do palácio, que alegava ter sido refém dos sequestradores e os acusava de assassinarem outras seis serviçais em uma espécie de ritual profano.
Rapidamente, se viram sendo arrastados para um turbilhão de acontecimentos. Cartazes de "Procura-se" com recompensas generosas se espalhavam como fogo selvagem, prometendo fortunas por informações sobre a esposa sequestrada de Lorde Ecbert e a captura de seus captores. Passaram então, a serem mais cautelosos. Evitavam as estradas principais e as grandes tavernas, davam falsos nomes e sempre escondiam as marcantes características de Liria, a fim de evitar que a reconhecessem.
Quando perceberam que as noticias se espalhavam gradativamente do Norte para Sul, julgaram que seguir o caminho pelo Rubro Vale seria suicídio.
Os tempos se tornavam obscuros, e o cenário politico parecia anteceder uma guerra feroz.
Rituais dedicados a entidades pagãs tornavam-se cada vez mais comuns, deixando a imagem de um possível regresso da antiga fé. Cultos sinistros emergiram da escuridão, com suas praticas magicas sanguinárias e proibidas. Nas ruas, comentava-se o aumento dos desaparecimentos de crianças e famílias inteiras, que reapareciam depois mortos brutalmente de formas ritualistas ou drenados de sangue. Cada relato, alfinetava a curiosidade e os medos do povo comum, fazendo crescer a ideia de que a magia se tornava perigosa e intolerável.
Aos poucos, propagandas anti-magis, eram disseminadas com teor de ódio e repudia. A ordem dos magos, o conclave do Sol de prata, via-se encurralada entre as repostas clamadas pela plebe as quais nunca surgiam.
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OS VENTOS DO CATACLISMA: Lobos Na Escuridão
FantasiDARK FANTASY | +18 O Rei está morto, e com ele, reinados de paz são levados ao túmulo. As trombetas de uma guerra cruel ressoam anunciando tempos de violência e injustiça. Forças ocultas foram despertadas nas sombras, no ventre de uma antiga religiã...