Sweet Love : um romance em Paris

🗼Capítulo XXXI🗼

Sobremesa: revelação!

A noite com seu ar gélido, a ausência de movimentação na rua, os ventos que sopravam em sussurro... Todos estão contribuindo para proporcionar um cenário adequado para a cena. A revelação de um segredo, possui o poder de tornar tudo ao seu redor, componentes de um grande mistério.

E o que seria mistério? Uma significativa verdade escondida e encoberta, por uma mentira ou omissão de alguém.

Incorporei o personagem Watson, amigo do detetive especialista nesse gênero, logo, assim desvendar o que o olhar desse temível francês e de lábios semicerrados, tem a revelar-me.

Vendo eu, as famosas pausas dramáticas sendo executadas, fui vítima da agonia e da ansiedade, e o apresso, dizendo:

_Lión, diga a tal verdade que quer me dizer. Não, por favor, não faça pausas dramáticas. Seja direto como é de sua índole.

O homem indômito apenas apertou o olhar, deu um sorriso de gracejo e entreabriu para pronunciar as primeiras palavras.
Quando ele falou, meus ouvidos vieram a ensurdecer. Talvez tenha sido o dano colateral da verdade dita. Como quem pisa no acelerador descuidadamente após o sinal abrir atropelando o inocente pedestre, assim aconteceu.

_O quê? Como disse?

_É exatamente o que ouviu. Essa é a verdade sobre Jolie. Ela não é uma garota comum, agora você sabe o porquê.

Fiquei atônito. Mesmo detestando mentiras, eu queria que aquela declaração fosse uma. Meus olhos lacrimejarem por conta própria, não me concederam o direito de permitir tal ação. Uma após outra escorria pela minha face.

O motivo do meu pranto não é em si só pela notícia, mas pelo significado que ela pode representar. Talvez exista a possibilidade de Jolie não ter sua confiança inteira em mim. Afinal, era ela que devia ter me revelado tudo.

Agora tudo se encaixa em seu devido lugar. Lión não é apenas um irmão ciumento, é sim um irmão preocupado com bem-estar de sua irmã mais nova.

_Markus, não sei o que está maquinando aí dentro... – disse se referindo ao meu cérebro, a máquina que produz minhas teorias sem muito sentido –Mas não duvide de forma alguma sobre os sentimentos dela.

Lión me deixa confuso. Seus atos e suas ações parecem se contradizer. Sua última fala nem parece ter sido dita por ele. Com furacão de dúvidas se formando, eu me irritei com aquilo. Embora seja incomum me ver irritado, não é improvável.

_Então, por que me contou? Não era esse o seu propósito? Semear uma semente de discórdia lhe ajudaria a me afastar dela, certo?

Uma parte de mim pedia para continuar na alienação. Acho que isso é normal, uma vez que a  verdade pode ser destrutiva.

_Te contei, pois você deve está preparado para as consequências. Sabendo de tudo, você imagina o que poderia ocorrer a ela, caso você a magoasse? Ela sempre será uma pessoa frágil.

O chão já havia se partido sob os meus pés. Eu não estou em terra firme, perdi a base. Procuro a luz, mas a minha mente está em trevas. Eu não consigo permanecer nesse diálogo nem raciocinar direito. Disse a ele que avisasse a sua família que precisei ir mais cedo.

Saindo dali, voltei para o hotel. Silêncio e tempo, as duas coisas que mais preciso para entender melhor as coisas. No meu quarto dobro os meus joelhos, para conversar com o melhor e mais eficiente psicólogo do mundo e conselheiro, o Doutor dos doutores, Deus. A noite vai ser pequena para essa longa conversa.

O dia amanheceu chuvoso na cidade de Paris. A manhã nasceu com o gosto de melancolia no ar. O esplendor da cidade luz esvaiu-se aos meus olhos e as nuvens cobriram o céu. Através do meus olhos, as lágrimas escapavam e escorriam por minha face. O sentimento de arrependimento e culpa me consumiam por ter saído de lá sem me despedir; sem uma conversa. Eu deveria, aliás, eu devo uma satisfação por ontem. Mas como? Teria eu direito de perguntar ou entrar em diálogo sobre algo tão delicado? Além disso, ela provavelmente irá me interrogar para saber quem me passou a informação.