Capítulo 10

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LOGAN DOWNING

-Esse foi um bom tiro. - Soph fala deitada em meu peito enquanto seu acaricio sua coluna, seu rosto concentrado na tela da televisão, quando um dos jogadores faz um lançamento lindo, mas o goleiro conseguiu bloquear.

-O problema desse é a defesa, eles têm um bom ataque, mas a defesa é uma merda.

-O center não tem espaço para investir.

-Por que a equipe de ataque não ajuda, eles precisam trabalhar em conjunto. - Subo as carícias para seu coro cabeludo e sorrio ao perceber o tremor percorrer sua espinha - Esse é o problema quando um time valoriza demais um único jogador, o estrelismo estraga toda a estratégia.

-Você está fazendo isso de novo. - Ela acusa, mas sua voz é risonha e sei que não há problema.

-O que, princesa? - Pergunto com inocência.

-Me distraindo do jogo. - Apoia as mãos em meu peito, colocando o queixo em cima delas e me olhando com seus belos olhos castanhos - Como vou aprender hóquei se meu professor me distrai na aula?

-Acho que você já aprendeu o bastante. - Levanto meu pescoço para lhe dar um beijo casto, me recostando no sofá com um sorriso depois - Se continuar assim você roubará o meu emprego.

-Não acho que tenho coordenação para isso, não saberia andar naquelas lâminas. Parece perigoso.

-É um hábito, com o tempo você se acostuma. - Dou de ombros porque andar com os patins é natural para mim - Se já desistiu da sua carreira na NHL, o que pretende fazer depois da faculdade?

-Estou conseguindo minha licenciatura em história, como você já sabia. Acho que vou procurar um trabalho temporário, quem sabe como professora substituta, quero ter alguma experiência prática antes de iniciar uma pós-graduação ou mestrado.

-Como soube que queria ser professora? É uma profissão importante.

-Minha mãe é professora, ela está quase se aposentando agora, mas acompanhar de perto todo o incrível trabalho que ela fez com seus alunos me mostrou que quero ajudar as pessoas como ela. A educação transforma vidas e lamento que nem todos reconheçam isso.

-Que tipo de trabalho sua mãe fazia? - Minha pergunta foi inocente, por mera curiosidade, mas Sophia ficou rígida e seu olhar cauteloso. Não sei que tipo de história há por trás, mas não quero invadir sua privacidade. Inferno, começamos nosso relacionamento horas atrás - Não precisa contar se não estiver confortável. Está tudo bem, Soph.

-Não, é só... Nós passamos por muita coisa. Tínhamos uma família e tanto, éramos meus pais, Jake, Skyler e eu, é claro que havia os amigos de Jake sempre pela casa. Quando meus tios morreram naquela acidente de carro Vince veio morar conosco e coincidência ou não as coisas na casa de Drew e Ethan ficaram piores. A mãe de Eth estava cada vez mais drogada e o pai de Drew estava mais violento. Foi horrível, eles praticamente moravam conosco, sem dormindo no sofá ou em um colchão na sala onde tínhamos espaço.

-Deve ter sido bem caótico. - Eu não sei exatamente o que comentar e falei a primeira merda que passou pela minha cabeça, porque consigo ver que ela está incomodada e sinto a necessidade de marcar minha presença. O jogo na televisão já foi esquecido por completo.

-E foi, tudo piorou quando meu pai não conseguiu lidar com a morte do irmão e se afundou na bebida. Ele foi morto em uma briga idiota de bar e mamãe se viu sozinha com seis crianças para cuidar. Vince e Drew eram os mais velhos, então logo começaram a trabalhar depois da escola para ajudar nas finanças, Ethan e Jake começaram um tempo depois. Skyler trabalhava como babá na vizinhança e eu era proibida por todos por ser nova demais, eles tinham medo que algo de mal acontecesse comigo. Mesmo com todos ajudando estávamos sempre apertados, mas  a senhora Angela Hutton nunca hesitou em sustentar nossos sonhos, foi assim que os meninos receberam seus instrumentos e Skyler e eu nos dedicamos à escola para conseguir bolsas de estudo e sermos professoras como a nossa mãe, mas Sky prefere os pequenos e tem uma turma de primário agora.

-E você é amante de história.

-Com certeza! - Um grande sorriso surge em seu rosto, seu corpo relaxa em cima de mim e seus olhos ganham aquele brilho que me tira o fôlego - Eu sempre fui apaixonada pela história da humanidade, as civilizações, as culturas, tanta diversidade me encanta. É incrível como os acontecimentos independentes nos países colaboram para algum acontecimento de impacto global, é como um imenso tabuleiro de xadrez.

Então, como se fosse possível ficar ainda mais encantado sobre essa garota, eu me pego fascinado por tudo o que sua mãe passou e como se manteve forte, como sua família abraçou os amigos de Jake como seus iguais, como todos se esforçaram para ajudar. Admiro a senhora Hutton por sua força, sua dedicação e seu amor para com toda a grande família que formaram.

Agora observo essa linda e tímida garota, com os olhos brilhantes e um belo sorriso no rosto enquanto fala sobre seu amor pela história e como sonha em ensinar, sendo uma professora tão boa quanto sua mãe. Puta merda, é linda para caralho.

-Dorme aqui hoje?

-O que? - Me olha assustada pela pergunta aleatória.

-Durma aqui hoje comigo. - Acaricio seus cabelos, incapaz de parar de tocá-la - Estou fascinado por você, Soph. Adoraria ter sua companhia pelo resto da noite, mas não quero forçar seus limites.

-Eu não quero te atrapalhar.

-Princesa, você não atrapalha em nada. - Volto a beijá-la, um de verdade dessa vez. Sophia sobe um pouco em meu tronco para melhorar o contato entre nossos lábios e me permito aprofundar o beijo. É foda como ela não hesita em corresponder, sempre permitindo passagem e se entregando em todos os beijos que tivemos ao longo do dia.

Aperto sua bunda quando sinto seus dedos em meu cabelo, seus seios pressionando contra mim e nossas pernas entrelaçadas no sofá é uma sensação boa para caralho. Foda-se o jogo ou as lições de hóquei, estou pronto para provar Sophia quando o maldito interfone toca e tanto eu quanto ela rompemos o beijo com gemidos de frustração.

-Timing perfeito. - Soph comenta com um riso nervoso.

-Acho que precisamos comer. - Dou-lhe um beijo casto - Vou buscar a pizza.

O Jogador - A5 livro 4.5Onde histórias criam vida. Descubra agora