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HELENA

Já é domingo e amanhã é o meu primeiro dia no hospital como residente.Como conter a ansiedade? Depois de longos seis anos, chegou a hora de ser finalmente uma residente. A cardiologia e a pediatria foram as áreas que mais roubaram meu coração durante a faculdade e foi uma dúvida eterna pra que eu decidisse pra qual especialidade prestar. Até que percebi que não precisaria me torturar, eu ainda sou nova, 25 anos e posso muito bem me especializar na área da cardiologia pediátrica num futuro bem próximo. Por enquanto, a Cardiologia ainda ganha o meu coração. Pretendo extrair o máximo de cada atendente do novo emprego, já que são os melhores e mais experientes médicos e eu consegui, estava prestes a começar uma fase incrível da minha vida.

Me mudei recentemente para o Rio de Janeiro,a capital e não tenho amigos nenhum aqui. Vim do interior do RJ e cidade grande ainda é novidade pra mim. Óbvio que recebi muitas recomendações por estar saindo de uma tranquilidade e caindo aqui, numa cidade que é puro caos e perigo. Mas confesso que meus olhos nunca viram tanta beleza, o Rio é realmente a cidade maravilhosa.

É difícil deixar o aconchego e a família para trás mas confesso que a ansiedade e a expectativa de viver uma nova experiência, me move. Meus pais morrerem há anos e fui criada pelos meus tios , que me deram o necessário até hoje. Na verdade, mais do que necessário. Minha tia, irmã da minha mãe, me acolheu como filha e nunca deixou que eu me sentisse não pertencente a família. Cresci sendo a única mulher no meio de dois rapazes protetores, implicantes mas que eram os meus melhores amigos e mais do que primos, eu os considerava meus irmãos.

Eu estava exausta de toda a mudança. Não lembrava de possuir tanta coisa assim. Liguei a TV, mas nada de interessante chamava ou prendia à minha atenção. Eu precisava mesmo era de uma cachaça pra aliviar toda a minha ansiedade pra amanhã.

Cheguei até o bar mais próximo que localizei dando um google pelo celular e pedi uma cachaça para começar e logo depois emendei num gin, que estava bem forte por sinal. Sentei em um banco, onde havia um balcão e fiquei ali, observando todo o entorno.

As pessoas eram calorosas, quase todas elas estavam falando muito, rindo, jogando sinuca e se divertindo. O Rio de Janeiro parecia nunca parar. Sempre tinha alguma coisa que você quisesse para fazer, em qualquer hora. Fiquei ali, observando toda a movimentação e já havia feito uma constatação:O Rio de Janeiro é regado a homens bons.

Mas um homem em especial me chamou atenção.

Era o único sério e parecia estar concentrado, bebendo vodka pura e mexendo em seu Ipad. Ele destoava daquele ambiente, pra ser sincera. Sua expressão era um pouco fria e ele parecia não se incomodar com nada ao seu redor. Era como se ninguém estivesse ali. Ele não era musculoso demais, mas seus ombros largos e seu bíceps marcado na camisa que usava, davam sinais que ele se cuidava. Seus cabelos bem cortados, a barba incrivelmente feita e mandíbulas marcadas. Nossa, ele exalava uma masculinidade que me fez passear pela minha imaginação incrivelmente fértil.

Era exatamente o tipo de homem que me atraía, homem que exalava uma virilidade.

Fiquei reparando nele por um bom tempo. Até que ele percebeu que eu o encarava. Ele me olhou, me encarou por uns três segundos e voltou a mexer no seu ipad. Acho que não estou com sorte e parece que não foi muito recíproco. Mas que ele era um gostoso , ah isso era.

Não podia beber demais hoje. Não só pela ressaca amanhã mas porque eu não conhecia nada dessa cidade e quando eu decido beber, digamos que não tenho muito limites.

Aquele homem me incomodava. Às vezes eu tinha a sensação de que ele me olhava , mas quando eu o olhava de volta, eu parecia uma parede pra ele.

Não dava pra entender, tentei pensar em não ir até lá , mas quando dei por mim, minha impulsividade já havia agido por mim.

ANATOMIA DO AMOR - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora