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HELENA

Acordei assustada. Eram exatamente 6h da manhã e eu estava dormindo ao lado de um completo estranho. Ok, tirando o fato de que transamos quase uma noite inteira , ele ainda era um estranho.

Mas um estranho gostoso, e dormia feito bebê.

Repetimos o sexo por mais uma vez ,tomamos banho e caímos cansados na cama, acabamos adormecendo.

Como sempre, eu acordei primeiro e fiquei o observando dormir por um tempo e não demorou muito pra ele acordar assustado, querendo desligar o despertador que na verdade não estava nem tocando.

— Que horas são? — perguntou preocupado.

— 6 e 15. É um pouco cedo , mas eu sofro de insônia desde a época da faculdade. O que é horrível pras minhas olheiras mas eu melhorei bastante. — falei sorrindo e ele revirou os olhos, deitando na cama de novo.

— Eu perguntei que horas são...Você costuma a tagarelar sempre? Porque são 6h da manhã e você parece mais uma vitrola — disse fechando os olhos. — E por que você me observava enquanto eu estava dormindo?

Ele levantou , sentando-se na cama.

— Não vai me dizer que você se apaixonou? Já vou te adiantando que você está proibida de se apaixonar por mim — falou num tom de deboche e pude ver um sorriso sarcástico brotar em seu rosto enquanto ele procurava sua cueca pelo chão do quarto.

— Achei que a noite anterior tinha te ensinado a não me subestimar tanto.

Ele parou de procurar e me olhou.

— Foi só sexo , eu sei disso. — falei com certo desdém e ele fez uma expressão de surpresa. — Afinal , eu nem sei o seu nome.

Eu o olhei e meu Deus, ele parece mais uma pintura. Eu já havia reparado na sua beleza desde o bar e agora vendo-o completamente sóbria , posso admirar cada detalhe. Eu poderia ficar o dia inteiro aqui olhando pra ele.

— Antônio ! —ele estendeu sua mão pra me cumprimentar e eu o olhei , achando a coisa mais bizarra do mundo.

— Tem noção do quanto isso é estranho? Não precisamos fazer isso. — ele me olhou sem entender e eu ri, levantando da cama.

—Helena, meu nome é Helena.

Eu disse colocando apenas a minha calcinha

— Vou preparar o café da manhã pra pra gente! Você gosta de torrada com nutella ? — perguntei caminhando pra porta.

— Então Helena, eu preciso ir. Não sou um cara pra você querer tomar um café depois de uma noite de sexo. Não quero ter que sentar na mesa ,conversar sobre a minha vida e saber sobre a sua. Eu não preciso disso — ele disse friamente.

Eu não estava chamando ele pra entrar na minha vida , era apenas um café.

— E eu odeio ter que admitir que estava errado ,mas você é realmente muito boa na cama, foi uma surpresa e tanta — ele riu e eu sorri sem mostrar os dentes, ainda decepcionada com o meu fora do ano.

— Você poderia tomar café sem ter que falar nada. É que gastamos bastante energia, achei que um café ajudaria a repor — ri, ainda sem graça.

Era uma das situações mais constrangedoras da vida.

— Mas, como quiser! Foi uma experiência ótima e ainda bem que você não foi um assassino de meninas bêbadas que convidam estranhos pra fazer sexo. — nós dois rimos e logo após um silêncio reinou.

ANATOMIA DO AMOR - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora