Capítulo 3 | Yaman

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1 semana atrás

Yaman estava olhando pela janela de seu escritório quando ouviu o grito vindo do lado de fora da casa principal.

Já faziam algumas semanas que Ziya estava sóbrio, mas o médico havia alertado que a qualquer momento um surto poderia acontecer. Apesar de ter se livrado da maior parte do medicamento que Ikbal o dava, seu organismo ainda estava se adaptando com a nova medicação. Sua mente ainda ficaria nublada de vez em quando e isso podia desencadear um surto.

Yaman correu até a fonte dos gritos, onde encontrou Adalet e Cenger tentando acalmar seu irmão, que balançava enquanto agarrava um pedaço de pano.

— Ik...Ik...Ikbal. Ikbal esteve aqui, Yaman. Nossa paz foi... foi perturbada.

Yaman sentou-se ao lado do irmão no batente da entrada da casa e olhou para seus funcionários, atrás de explicações. Adalet, que estava nervosa, tentou explicar.

— Me perdoe, Senhor Yaman. Sei que todas as roupas da Sra. Ikbal deveriam ter sido entregues para Srta. Zuhal há alguns meses, mas essa estava junto com as roupas do Sr. Ziya e ele encontrou.

Ela apontou para o pano escuro que Ziya segurava firmemente.

Maldição. Foi o que ele pensou. Mesmo após todas essas semanas, eles ainda não conseguiram se livrar da sombra de Ikbal. Seu irmão sonhava constantemente com ela, acordava gritando e só quando Yaman o abraçava que ele conseguia se acalmar.

— Se acalme, irmão. É apenas uma roupa, Ikbal não vai mais perturbar nossa paz — ele falou enquanto tentava tirar o pano das mãos de seu irmão, mas ele apertou com mais força.

— Ela esteve aqui, Yaman. Ela deixou essa roupa aqui para perturbar a nossa paz. Sim, ela quer perturbar a nossa paz.

Ele balançava pra frente e para trás, Yaman ainda tentou acalmá-lo, mas não conseguiu.

— Sr. Ziya, se o senhor permitir, posso pegar essa blusa e levar embora. Tenho certeza que encontraria alguém que vai precisar. — Cenger tentou remediar a situação, mas Ziya ficou ainda mais alterado.

— Não! — ele se levantou de repente e começou a andar de um lado para o outro — Não, não, não. Essa roupa é maldita. Ikbal era maldita. Ela...ela usou isso para matar Kev...Kev...

Zyia parou e olhou para Yaman.

— Não deixe ninguém usar essa roupa, Yaman. Vamos queimá-la. Sim, vamos queimá-la. Assim ninguém mais se machuca. Nossa paz não será mais perturbada.

Yaman não conseguiu ouvir o que o irmão falava. Sua mente ainda estava presa no que ele falou anteriormente. Ou o que ele quase falou anteriormente.

— Irmão — Yaman pôs uma mão trêmula no ombro de Zyia — do que você estava falando? Ikbal usou isso para matar quem?

Ziya estava olhando para ele, mas subitamente seu olhar se perdeu. Como se estivesse perdido em suas memórias. Foram preciso alguns segundos para ele voltar a si e responder.

— Ela... ela — ele olhou para a blusa escura que segurava — ela usava isso quando empurrou Kevser. Eu vi. Eu vi, Yaman. Foi horrível. Elas estavam discutindo e... e... — Lágrimas surgiram nos olhos de Ziya.

Yaman precisou de um tempo para digerir o que acabara de ouvir. Foi só quando Ziya começou a chorar copiosamente que ele agiu.

— Tudo bem, irmão. Ela não vai fazer mais nada. — Yaman abraçou ele, que estava tremendo. Ou era Yaman que estava tremendo? Ele nunca saberá. Essa confissão de seu irmão não condizia com o que ele já havia dito. Como assim Ikbal empurrou Kevser? Não havia sido seu irmão, em um de seus surtos?

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