Capítulo 7

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Após aquele momento intenso com Yaman, Seher passou a evitá-lo. Isso ela não podia deixar de negar. Durante todos os dias daquela semana, ela se esquivava de qualquer interação não necessária entre eles.

Sentir tudo aquilo de novo era um caminho perigoso. Ela não confiava em seu autocontrole. Se é que ela tinha algum quando se tratava de seu marido.

Apesar de sentir uma necessidade absurda de jogar tudo para o ar e agarrá-lo, ela ainda não conseguia esquecer o motivo daquilo tudo. Ela prometeu a si mesma que não iria se deixar levar pelos seus sentimentos. Por mais que tentasse esquecer, os acontecimentos do passado sempre voltavam para atormentá-la. A Seher que seu pai criou nunca levantaria um dedo contra uma pessoa inocente, muito menos contra uma pessoa que ela amava tanto.

E ainda tinha a questão da mentira dele. No fundo, ela sabia que eventualmente o perdoaria, mas isso não queria dizer que havia parado de doer. Ele a fez acreditar na pior das mentiras. O ódio que ela sentiu era tanto que foi capaz de fazê-la virar alguém que ela nunca pensou ser.

Apesar de agora saber a verdade, esse sentimento amargo que a assolou por três meses a mudou por dentro. Esses meses a fez amadurecer como pessoa. Já não era tão ingênua, precisou deixar isso de lado para fugir com Yusuf. Nela aflorou uma mulher independente que não esperava pelos outros para lidar com seus problemas.

E foi com isso em mente que ela tomou uma decisão que pairava em sua mente já fazia algum tempo.

Durante aquela semana, ela passou a se encontrar com Firat todos os dias. Seu irmão estava lhe ajudando a pedir um empréstimo no banco para a abertura de seu restaurante.

Ela sabia que devia falar com Yaman sobre aquilo, mas preferiu tratar disso apenas depois de conseguir o empréstimo. Ela o conhecia o suficiente para saber que ele iria insistir em dar o dinheiro, caso ela já não o tivesse.

Toda a burocracia envolvendo isso a deixou com um péssimo humor, que era ainda mais intensificado toda vez que Ayla cruzava seu caminho.

A mulher não perdia a oportunidade de forçar aproximação com Yaman. Apesar do ciúme, Seher conhecia seu marido o suficiente para saber que ele passou a evitar a professora. Deixara até de acompanhar a maioria das aulas de Yusuf, com a desculpa de precisar trabalhar em seu escritório.

Ele também estava com o humor afetado, talvez pela rejeição de Seher. Ela não o deixava se aproximar de forma alguma, sempre inventando desculpas para se esquivar. Certa vez, até mesmo Ziya percebeu o distanciamento dos dois. Isso desencadeou uma discussão na manhã da segunda feira, pouco antes de levarem Yusuf para o primeiro dia de aula.

— Eu entendo que não estamos mais juntos, mas precisamos nos esforçar mais. Meu irmão percebeu ontem à noite.

Eles estavam no quarto do casal, onde Seher dormia. Ela havia acabado de sair do banho e estava arrumando sua bolsa.

— Eu só estava cansada. — Ela falou sem olhá-lo nos olhos. — Se você quiser, eu falo com Ziya, tenho certeza que ele vai entender.

— Não se trata apenas disso. — Ele notou que ela não desviava os olhos da bolsa, então pôs a mão sobre a dela para fazê-la olhar para ele — O que está acontecendo com você? Mal me olha nos olhos, eu sei que ainda não voltamos com o casamento, mas isso não significa que precisa me evitar.

Seher engoliu em seco e desviou os olhos novamente. Se ela o olhasse por mais tempo, talvez não conseguisse o foco necessário para resistir.

— Não estou te evitando. — Ela mentiu.

— Você está mentindo. Seu lábio inferior treme quando faz isso.

— Não estou mentindo, eu...

— Seher. — Ele a interrompeu. Sua respiração ficou entrecortada. O nome dela nos lábios dele sempre iria ter esse mesmo efeito.

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