Um barulho insistente foi o responsável pelo despertar de Seher. Ela estava em um sono tão profundo, que precisou de alguns segundos para assimilar os sons ao seu redor.
Yaman falava algo no telefone ao seu lado. O quarto estava parcialmente claro, com pequenos feixes de luz que passavam por entre as cortinas das janelas.
Olhando para um amontoado de roupas espalhadas pelo chão, ela lembrou do que aconteceu na noite passada. Por alguns instantes chegou a pensar que fosse um sonho, mas a julgar pelo estado da cama e a sua própria nudez, percebeu que tudo realmente aconteceu.
Apesar dos acontecimentos recentes, ela não conseguiu evitar um rubor em seu rosto ao ficar consciente de que tanto ela quanto Yaman estavam nus por baixo das cobertas. Ela sempre foi insegura com seu próprio corpo, não sabia se teria coragem de mostrá-lo a luz do dia.
Seus devaneios foram interrompidos pela voz de Yaman.
— Firat quer falar com você.
— Hm? — ela o olhou e depois olhou para o celular que ele segurava. Ela pegou o aparelho e se virou, segurando a coberta em volta de seu corpo como se sua vida dependesse disso.
— Firat? Está tudo bem? — ela de repente ficou alarmada. Seu irmão nunca ligou tão cedo, muito menos para o celular de Yaman.
— Sim, eu liguei para o seu celular, mas você não atendeu, não tive outra escolha a não ser ligar para Yaman. Escute, o gerente do banco me ligou quando não conseguiu falar com você. Eles querem marcar uma reunião ainda hoje, o seu empréstimo saiu mais rápido do que esperávamos. O dinheiro pode cair hoje na sua conta.
Sua mente, que ainda estava parcialmente nublada pelo sono, de repente entrou em alerta.
— Sério? — ela se ergueu, animada. — Então já posso entrar em contato com o proprietário daquele espaço?
— Acredito que sim. — Ele falou igualmente animado. — Venha até a delegacia e eu te levo até o banco.
Quando ela desligou o celular, percebeu que Yaman a observava.
— Você passou a semana toda indo visitar Firat e agora ele liga cedo com um assunto urgente. Está tudo bem? A sua mãe está bem? — o tom dele era de mais preocupação do que qualquer outra coisa.
Sabendo que não teria outra oportunidade, ela decidiu ser sincera.
— Precisamos conversar. Eu não falei com você antes porque sabia que você não iria concordar. — Ela notou como a expressão dele transpareceu ainda mais preocupação. — Eu pedi um empréstimo ao banco e estou abrindo um restaurante.
Yaman devia estar tão sonolento quanto ela, pois demorou alguns instantes antes de reagir.
— O que? Você pediu um empréstimo? — agora ele parecia indignado. — Você não precisava pedir empréstimo, eu...
— Eu sei. Eu sei que você podia ajudar, mas eu queria fazer isso sozinha.
— Eu sou seu marido, você podia ter vindo até mim. Não seria problema algum.
— E como meu marido, eu peço o seu apoio. — Ela tocou em sua mão. — Por favor, não fique chateado.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, apenas a observando. Não entendia o porquê de sua esposa não querer a sua ajuda, ele sempre estaria lá para o que ela precisasse.
— Não vou fingir que não fiquei magoado, — ele falou. — mas você tem todo o meu apoio. Se isso te faz feliz, eu fico feliz.
Ele pegou a mão dela que estava sobre a dele e deu um beijo.
— Eu só peço que não faça mais nada disso sem falar comigo antes, tudo bem? — ele a puxou para perto de si. — Precisamos ser totalmente transparentes um com o outro a partir de agora.
— Você está certo. — Ela beijou a sua bochecha. — Agora precisamos nos arrumar para deixar Yusuf na escola. Depois você me deixa na delegacia.
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A reunião com seu gerente no banco demorou quase a manhã toda. Seher teve que assinar uma pilha de documentos e fazer uma série de ligações para marcar outra reunião com o proprietário do espaço que ela pretendia montar seu restaurante.
Graças ao adiantamento de seu empréstimo, ela conseguiu fechar negócio ainda naquele dia, fazendo-a oficialmente proprietária de um restaurante no final do dia.
O próximo passo era contratar uma empresa para restaurar o espaço. Apesar de seus protestos, Yaman a havia convencido de aceitar sua ajuda nessa etapa.
— Será tudo feito com o meu dinheiro. — Ela alertou, quando os dois estavam no que seria a cozinha do restaurante. — Não ouse interferir nisso.
— Vou apenas ser o intercessor entre você e a empresa, não se preocupe. — Ele pegou sua mão e a puxou para perto de si. — Já acabamos o que tínhamos que fazer aqui?
Seher tentou se concentrar no que foram fazer ali enquanto ele beijava seu pescoço.
— Agora que vimos a cozinha. — Ela o afastou gentilmente. — Falta o resto.
Eles haviam ido ao local para dar uma olhada geral no que Seher gostaria de manter e o que ela iria mandar para reciclagem. Yaman havia dito para mandar tudo para a reciclagem e comprar coisas novas, mas ela gostou tanto de algumas coisas que resolveu fazer uma lista do que manter.
O local já havia sido um restaurante alguns anos antes, então já estava praticamente montado. Como Seher pretendia fazer um ambiente familiar, principalmente para os moradores do bairro, ela resolveu que não iria mexer com a estrutura ou a decoração geral.
Yaman estava lhe ajudando a conferir o estado dos móveis do local.
O espaço era maior do que o antigo restaurante do Selim. Como era uma esquina, a frente e lateral era coberta por grandes janelas que eram responsáveis pela maior parte da iluminação diurna.
Havia uma área mais reservada com algumas mesas na parte interna do prédio, onde ficava a entrada para a cozinha, escritório e banheiros. O antigo proprietário do restaurante usava aquela área para coworking, por isso haviam algumas estantes com livros antigos.
Era próximo da hora do jantar quando os dois terminaram de registrar e organizar os móveis em bom estado. Yaman havia tirado o terno e estava apenas com a blusa social com as mangas levantadas. Ele parecia exausto.
Assim que trancaram tudo, os dois seguiram rumo a sua casa. O dia havia sido bastante cansativo e tudo que queriam era um banho relaxante.
— Ella trouxe alguns sais de banho franceses para mim, tenho certeza que vai nos relaxar. — Yaman dizia enquanto subiam os poucos degraus que levavam a porta de casa.
Ao adentrarem a sala, porém, eles perceberam que seus planos para a noite seriam adiados, pois duas pessoas não tão bem vindas tomavam café no sofá.
— Boa noite, casal. — disse Zuhal, que sentava ao lado de seu advogado.
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Notas da autora
Tadinho do Yaman, só queria tomar banho com a cremosa...
Espero que estejam gostando da leitura. Eu sei que esse capítulo foi um pouco corrido, mas é porque meu tempo para escrever está corrido.
Se você ainda não leu a minha outra fanfic, basta ir no meu perfil e conferir Inevitable :)
Perdoem qualquer erro de gramática e até o próximo capítulo.
Beijos conservadores 💋
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Redemption
Fanfic3 meses após os acontecimentos do fim da primeira temporada de Emanet, Seher e Yaman vivem com as consequências de suas próprias escolhas.