Redemption

Capítulo 8

— O que Ayla Baygut está fazendo aqui? — essa foi a primeira reação de Ella ao chegarem próximo a casa.

Seher se perguntava a mesma coisa. Eram nove horas da manhã, a mulher só deveria chegar na parte da tarde para dar aulas a Yusuf, que ainda estava na escola.

— Ela está dando aulas de montaria para Yusuf. — Yaman explicou, mas parecia tão surpreso quanto elas.

— Bem vindos! — Ayla falou assim que Yaman estacionou o carro e os três saíram. — Meu Deus! Ella? Quanto tempo!

A professora de Yusuf abraçou Ella, que retribuiu forçadamente.

— Que surpresa a encontrar por aqui, Ayla. —Otom de Ella demonstrava que a surpresa não era totalmente agradável.

— Ah, Yaya me pediu para dar aulas para Yusuf. Ninguém consegue dizer não para ele, não é? Então eu vim. — Ela deu uma risada que fez a cabeça de Seher doer.

Seher respirou fundo e sorriu falsamente. Não deixaria aquela mulher perturbar a sua paz.

— Você chegou cedo hoje. — Ela tentou controlar o tom.

— Eu estava em um estábulo aqui perto e meu carro quebrou. Pedi ajuda aos seguranças e como não tinha mais nenhum compromisso hoje, decidi vir mais cedo para dar uma olhada nos cavalos daqui. Isso não é um problema, é?

Quando Seher demorou a responder, Yaman decidiu intervir.

— Não, pode ficar à vontade. — Ele falou educadamente, mas lançou um olhar apreensivo para sua esposa. Apesar de ela fazer o possível para não demonstrar, ele estava ciente do ciúme dela.

— Obrigada, Yaman. Você é muito gentil. — A mulher tocou o braço de Yaman. Um gesto que Seher julgou desnecessário.

Respirando fundo mais uma vez, a anfitriã da casa se voltou para sua convidada.

— Ella, você gostaria de entrar e descansar? A viagem deve ter sido longa. Mais tarde podemos dar uma volta para você conhecer o espaço.

Ella concordou, mas antes que ela e Seher pudessem entrar, Yaman falou.

— Estou indo para uma reunião na empresa. Na volta pego Yusuf e o trago para casa.

Seher assentiu e entrou na casa junto com Ella, que sussurrava em seu ouvido durante o caminho.

— Cuidado com essa cobra, ela não consegue viver sem dar o bote.

Uma vez dentro de casa, elas foram em direção a sala de jantar, onde foi servido café e biscoitos para que pudessem conversar mais apropriadamente.

— Ayla tinha alguns amigos em comum com Yaman, então estava sempre por perto. — Ela fez uma pausa para tomar um gole de café. — A mulher nunca perdia tempo, sempre inventava desculpas para ficar ao redor dos meninos, principalmente de Yaman.

Ao ver a expressão de Seher, Ella se apressou em completar.

— Não se preocupe, Yaman nunca deu atenção a ela, o que a deixava irritada. Quando viu que não iria conseguir nada com ele, decidiu partir para o próximo: meu namorado na época.

— O que? — Seher ficou surpresa. — Ela...

— Sim — Ella suspirou. — Eu era muito apaixonada por ele na época, mas aparentemente não era recíproco. Ayla conseguiu tirá-lo de mim, apenas para deixá-lo 2 meses depois por alguém mais rico.

Seher não sabia o que dizer. Sabia que a mulher era folgada, mas não tinha ideia que ela iria tão longe por causa de dinheiro.

— Enfim, não acho que deva se preocupar muito com isso. — Ella tocou gentilmente na mão de Seher. — Yaman te ama muito, está estampado na testa dele. Ele nunca faria nada parecido.

Seher sorriu fracamente. Apesar de tudo, ela não tinha dúvidas quanto a isso, mas isso não queria dizer que iria tolerar uma mulher daquele tipo dentro de sua casa.

— Então, — ela mudou de assunto. — Como está Burak? Nervoso com o casamento?

— Muito! — Ella sorriu. — Se ele pudesse, estaria aqui me ajudando com todos os preparativos, mas uma reunião de última hora o prendeu na empresa.

— Falando nisso, como iremos nos organizar? Eu estou disponível para ajudá-la no que quiser.

E assim elas passaram o resto da manhã. Ella explicou sobre cada uma das empresas que iriam visitar a fazenda nos próximos dias, para recolher todas as informações necessárias para a montagem da festa, que seria feita integralmente do lado de fora.

No início da tarde, as duas saíram para explorar o ambiente. Ella queria dar uma olhada em tudo antes de decidir exatamente onde iria montar tudo.

— Acho que o as fotos ficarão lindas se forem tiradas nesse campo de margaridas. — Ela apontou para as flores.

Seher olhou para o local e não pôde evitar um salto no coração. Ela sempre se sentia assim quando lembrava que Yaman comprara a fazenda apenas por causa daquilo, as flores preferidas dela.

— Sabe, você também não disfarça. — Ella soltou uma risada. Vendo a expressão confusa no rosto da amiga, ela decidiu se explicar. — Yaman me falou sobre as margaridas serem as suas flores preferidas. Está estampado no seu rosto apaixonado o quanto você aprecia o gesto dele.

Seher sentiu seu rosto corar com a revelação de que ela era tão óbvia.

— Você tem muita sorte de ter um marido tão amoroso. Acho que nós duas tiramos a sorte grande. — Ela as direcionou para a área aberta próxima a estufa — embora Burak ainda seja um pouco inexperiente com isso. Acredita que ele ligou para Yaman para pedir conselhos? Aconteceu quando marcamos a data. Ele estava com medo de fazer alguma besteira e ligou para seu marido. Yaman falou que a felicidade está escondida nos pequenos detalhes, ele só precisava encontrar as pequenas coisas que me fazem feliz e colocá-las em nossa rotina. — Ela sorriu — Acho que esse conselho vale para mim também.

Era um conselho bastante válido. De repente, um filme inteiro passou pela cabeça de Seher. Memórias de Yaman a dando presentes inundaram a sua mente como uma avalanche. Não os presentes caros, como os vestidos e o carro, mas os simples que faziam toda a diferença. O seu chocolate preferido, suas flores preferidas, o algodão doce. Seu marido sempre se esforçou para fazê-la feliz, mesmo de maneiras discretas.

Seher se pegou sorrindo ao lembrar de cada uma das vezes que Yaman se atrapalhara quando lhe presenteava, principalmente no início, quando não sabia ao certo o que fazer com o que sentia ou o que dizer.

Naquela manhã, Seher não tinha uma resposta à pergunta de Yaman, mas agora tinha. Não, ela pensou, eu não estou disposta a sacrificar o que temos por causa de erros do passado.