Seher demorou mais do que o suficiente para reagir. Ela ainda não conseguia acreditar que Yaman estava ali, na sua frente. Já havia perdido a conta de quantas vezes havia sonhado com um reencontro deles e, naquele momento, não sabia ao certo se era parte de um sonho ou uma realidade.
Seu rosto carregava uma expressão tão angustiada que ela julgou ser realidade. Uma triste realidade. Em outras circunstâncias, Seher estaria o abraçando e até mesmo o beijando. Ela nunca admitiria em voz alta, mas vê-lo ali a fez perceber que a saudade que sentia era muito maior do que achava sentir.
— Eu sei que você está com raiva, mas por favor, me escute. Se ainda quiser sair depois de ouvir o que tenho a falar, prometo não a procurar mais. — Yaman falou. Sua voz tinha um tom de desespero que ela nunca imaginou ouvir dele.
Ele parecia estar a um passo de suplicar, ela nunca tinha o visto assim antes, e foi por isso que, com um pequeno aceno, ela indicou uma mesa próxima. Não valia a pena começar uma cena ali, no meio de seu local de trabalho. A ideia era se manter o mais fria o possível. Seu marido não merecia mais os seus sorrisos, muito menos a sua gentileza.
Ambos sentaram e se encararam. Assim como Seher, Yaman não conseguia assimilar o que estava acontecendo. Ele havia sonhado tantas vezes em reencontrá-la, havia pensado em tantas coisas para dizer, mas olhá-la de perto o fez esquecer de tudo. Uma sensação familiar, ele admitia. Sua beleza sempre o deixou sem palavras.
Balançando a cabeça para obter o foco necessário, ele colocou sobre a mesa a pasta com os documentos.
— Antes de tudo, eu peço para que ouça tudo o que tenho a falar até o final. Como eu disse, se quiser ir embora depois, não irei impedi-la. Pode não parecer, mas eu respeito a sua decisão de se afastar.
Seher concordou com um leve aceno de cabeça. Não acreditava nas palavras dele, mas resolveu deixa-lo falar. Queria ver até onde iria sua capacidade de mentir.
— Aqui nesse dossiê tem todas as informações referentes a morte de sua irmã. — Ele empurrou a pasta até que estivesse ao alcance dela. — Aí você vai encontrar desde os detalhes que faltavam da autópsia até o nome do assassino e seus cúmplices.
Seher desviou o olhar do documento para olhar nos olhos dele. Como ele ousava? Como ele podia percorrer todo o caminho de Istambul até ali apenas para torturá-la?
— Leia o primeiro relatório, por favor. Não tire conclusões precipitadas. — Ele disse quando percebeu o semblante dela. Sua esposa tinha todo o direito de estar irritada, mas precisava mostra-la a verdade o mais rápido possível.
Respirando fundo, Seher abriu a pasta e olhou o primeiro documento que apareceu. Era um relatório comum da polícia, com a informações de sua irmã e um pequeno resumo do que aconteceu. Seus olhos demoraram no "autor do crime", que era preenchido com o nome de Ikbal Kırımlı e não o de Yaman. O que isso significava? Ele havia falsificado documentos oficiais?
Percebendo o olhar confuso de sua esposa, Yaman decidiu começar a explicação. Ele falou tudo, desde suas suspeitas da culpa de Ziyah até a descoberta da verdadeira culpada, sempre mostrando as evidências que estavam no dossiê.
Seher ouviu tudo em silêncio, ela não sabia se ficava horrorizada pela verdade ou pela mentira que Yaman a contou. Ela ficou tonta com tantas informações. Por onde começar? Sentir ódio pela falecida Ikbal? Raiva por Yaman a fazer acreditar em uma mentira? Remorso pelo que ela própria fez contra ele?
Ela sentiu as lágrimas se acumulando em seus olhos, mas se recusou a deixa-las cair. Não obteve o mesmo sucesso ao tentar controlar sua respiração. Eram muitas informações ao mesmo tempo e ela sequer sabia se podia acreditar nele ou não.

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Redemption
Fanfic3 meses após os acontecimentos do fim da primeira temporada de Emanet, Seher e Yaman vivem com as consequências de suas próprias escolhas.