Wanted | Yoonmin

06. Ahn Seojun

Notas Iniciais: aviso do bem de hoje: nesse capítulo, nós temos um relato sobre um relacionamento abusivo. a cena acontece durante a conversa do jimin com o seokjin! boa leitura ❤❤

~~~~

Park Jimin tinha nove anos quando decidiu que queria ser um detetive.

Aconteceu durante uma excursão escolar para acompanhar o festival Joseon Tongsinsa, em Busan. O pequeno Park foi separado do seu grupo de colegas de classe e professor pelas inúmeras pessoas que ocupavam as ruas da celebração e passou longos minutos andando sob o sol cruelmente alto e brilhante, sem saber como chegar ao ponto que seus professores aconselharam que os alunos voltassem — o local onde o ônibus da escola estava estacionado —, caso se perdessem.

Quando se deu conta que não lembrava onde o transporte estava, o garotinho, cansado e assustado, sentou-se na calçada, escondeu o rosto entre os joelhos e começou a chorar. Foi nesse momento que uma mulher apareceu.

— Ei — uma voz doce o chamou. — Parceiro, você tá legal?

Jimin ergueu a cabeça e encontrou uma moça ajoelhada à sua frente, cumprimentando-o com um sorriso gentil. Guiado por um conjunto de perguntas delicadas da desconhecida, a criança explicou-lhe o que tinha acontecido, detalhe por detalhe, e a mulher, em resposta, retirou um distintivo do interior da jaqueta jeans que usava e o estendeu para o Park, dizendo:

— Você sabe o que é isso? — Jimin assentiu, ainda fungando. Sua nova companheira soltou uma risadinha e limpou suas bochechas gentilmente com as mãos. — Então, uso o distintivo para mostrar aos outros que sou uma policial investigativa.

— O quê?

— Uma detetive. — Outra risada. Dessa vez, o garoto a acompanhou porque achou o riso da mulher muito bonito e confortante. — Hoje, eu vou te emprestar ele e você pode ser um detetive também! Sua primeira investigação vai ser achar o ônibus da sua escola, que tal? Eu vou ser sua parceira, pode ser?

O pequeno assentiu, animado. A detetive o ajudou a pendurar o distintivo em seu pescoço e estendeu-lhe a mão para que pudesse levantar da calçada. Assim, ainda de mãos dadas, os dois seguiram juntos pelo festival colorido e animado, refazendo todos os passos do mais novo e agindo como se realmente estivessem em uma investigação de suma importância.

Jimin não se lembrava o nome da gentil policial que tinha o ajudado naquele dia, nem sequer como encontraram o ônibus da sua escola, quase no fim da tarde, mas lembrava-se da sensação do distintivo pesado contra o seu peito, dando-lhe uma impressão de segurança e certeza. Certeza de que, não importava o quão perdido ele estivesse, sempre haveria uma forma de encontrar o caminho de volta.

Atualmente, o quadro repleto de post-its, anotações, fotos e linhas vermelhas embaralhadas, pendurado na parede do seu quarto, acima da escrivaninha, era igualzinho àqueles murais infantis que montava em investigações bobas, tentando imitar os murais investigativos que via em programas policiais, quando era criança.

No entanto, diferente dos seus casos banais da infância, que envolviam qual dos seus colegas de classe tinha roubado sua caneta favorita ou quem fora que fizera Lee Soojin chorar no intervalo, as linhas vermelhas no quadro à sua frente, onde as fotos de Cha Suyeon, Ahn Seojun e Yoon Sunkyu estavam grudadas, encarando-o em desafio, pareciam traçar rotas sem destino, caminhos sem volta.

— Acho que fui equivocado, hyung. — Jimin estava sentado em sua cadeira giratória, próxima à escrivaninha, e tinha em mãos uma fotografia sua com Yoongi. A imagem havia sido registrada no Natal passado, quando visitaram os pais do mais velho, e trazia um casal abraçado e com sorrisos tão grandes e espontâneos em seus rostos que os olhos de ambos se tornaram meias-luas idênticas. Estavam parados em meio a um local repleto de luzes, o que fazia o Park, atualmente, se perguntar qual foi o momento exato em que todas tinham se apagado. — Talvez, algumas pessoas perdidas nunca mais sejam encontradas — sussurrou, por fim, para a cena congelada no tempo.