08. Tempestade

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Notas Iniciais: passando aqui pra desejar uma boa leitura pra vocês! a gente vai ter uma aparição esperada, então preparem os corações!!


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Estava chovendo.

As gotas geladas pareciam perfurar a pele de Jimin, pingando dos seus fios de cabelo e escorrendo ácidas por seu rosto como lágrimas não bem-vindas, enquanto o detetive abria caminho às cegas pela confusão de pessoas atônitas que cercavam aquele parque que costumava ser pacífico, familiar e corriqueiro até poucas horas atrás. Parque esse em que o corpo de Cha Suyeon foi encontrado, em que a promessa do loiro para Juhyun foi subitamente enterrada, o qual simbolizava o fim da linha.

O cenário parecia uma fotografia borrada para o Park. Ele sabia que um grupo de civis curiosos e assustados se misturavam aos outros de policiais, peritos e repórteres ao redor do limite estabelecido pelas faixas de isolamento. Sabia que uma mistura de cores alarmantes piscava incansáveis no céu cinza, advindas das viaturas e ambulâncias dispostas pelo local, e que vozes atônitas, autoritárias e inquisidoras se fundiam uma sobre a outra, demandando atenção. Entretanto, à medida que se aproximava da área do crime, tudo o que Park Jimin conseguia ver, sentir e ouvir com clareza era a chuva. Chovia tanto. Nuvens escuras e pesadas se reuniam acima da cena de terror, derramando incansavelmente suas lamúrias sobre o corpo de uma pessoa que o detetive prometeu salvar. Uma pessoa com objetivos e sonhos interrompidos. Uma pessoa com um futuro roubado. Uma pessoa que, agora, não passava de uma mancha preta abandonada na grama encharcada.

Cha Suyeon estava rodeada por profissionais que registravam o momento com fotos, analisavam o local atrás de vestígios do responsável ou simplesmente encaravam o seu corpo indefeso e sem vida protegido do temporal por uma lona escura. Ahn Haerim estava encaixada na última categoria. Protegida por um guarda-chuva e parada a alguns passos de distância do corpo, observando-o penosamente, a promotora acenou para Jimin, quando conseguiu identificá-lo entre os grupos distintos que cercavam o local, indicando que se aproximasse. Embora o instinto do detetive gritasse para que ele desse as costas àquele pesadelo e se afastasse o máximo que conseguisse, para um lugar onde tudo seria realmente só um sonho ruim, o Park respirou fundo, engoliu seu medo, atravessou a faixa de isolamento e caminhou em direção à sua superior.

Não parava de chover.

— Ninguém viu quem foi que deixou o corpo aqui — informou Haerim, assim que o mais novo a alcançou, antecipando seu questionamento. — A perícia também não achou nenhum rastro. Vão levar o corpo para examinar. Eu quero que você vá com eles.

— Eu... — Jimin cometeu o erro de olhar para o cadáver e um frio cortante desceu por sua espinha e espalhou-se por todo seu corpo, como se uma tempestade, daquelas com trovões estrondosos e gotas vorazes de chuva, nascesse em seu interior e o consumisse por completo. O loiro piscou e desviou o olhar, concordando em um tom morto: — Sim, senhora.

— Como foi a conversa com Yoon Sunkyu?

Um raio explodiu no coração do Park. Como explicaria para Haerim sobre as mensagens acusatórias que estava recebendo de um fantasma? Sobre um caderno que documentava os últimos passos de almas perdidas? Sobre o fato de uma dessas almas, por algum motivo inexplicável, ser o próprio Jimin? Como explicaria que ele acreditava que Sunkyu era o verdadeiro culpado, mesmo que não houvesse como o mais velho abandonar o corpo de Suyeon em um parque naquela manhã, uma vez que estava conversando com o loiro durante a ocorrência?

Antes que pudesse sequer formular o começo de uma sentença para tentar responder a inquisição da promotora, os olhos foram atraídos novamente para algo além da mulher à sua frente e seu coração tempestuoso silenciou abruptamente.

Wanted | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora