Dominic

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DOMINIC

Bato meus dedos no volante no ritmo de um rock que passava na rádio. Me sentia leve e tranquilo enquanto dirigia para uma reunião que teria em meia hora, nem mesmo o trânsito na avenida mais movimentada de Chicago me estressava. Talvez meu humor se dava pela noite anterior, no quanto relaxei, enquanto segurava os cabelos da morena, com belas curvas e seus lábios inchados e me chupando. Considerei o melhor boquete desde que cheguei a cidade a trabalho. Ali foi toda a minha semana sobrecarregada que tive, só de ter as lembranças vivas na mente, sinto o sangue se acumular em um único lugar do meu corpo. Não me arrependi de ter escutado o Ryan e saído para curtir a noite, mesmo que não estivesse presente para curtir comigo.

Desde que voltou do Canadá, para enfim voltar aos trabalhos em Nova Iorque ainda não tive a oportunidade de vê-lo, pois o trabalho em Chicago estava ficando ainda mais sobrecarregado, sem data para a minha volta.

Paro o carro no semáforo, e é questão de segundos que sinto algo no meu peito, como um aperto ao mesmo tempo se transformando em algo frio, descendo e se alojando em meu estômago e ali está a sensação mais esquisita que já senti na vida. Como se fosse um presságio. Sinto-me arrepiado por debaixo da camisa social e automaticamente levo minha mão a tatuagem que tenho no braço esquerdo na parte de trás. Sinto as palavras escritas ali, queimando a minha pele e respiro fundo, desejando que nada tenha acontecido.

Sou despertado pela buzina vinda do carro de trás do meu e xingo. Aumento o volume com a próxima música que está passando, tentando ignorar a sensação que senti momentos antes.

Chego faltando poucos minutos para a reunião começar, e faço um lembrete mental de quando sair da reunião ligar para minha irmã e saber como estão, enquanto caminho pelo saguão abotoando meu terno.

No andar da sala de reunião, assim que saio do elevador encontro Madelyn, a secretária sentada a sua mesa, ela me lança um sorriso sensual como todas as vezes que me vê. O convite para ir ao seu apartamento de novo, como na semana passada, está bem explícito na forma que morde o lábio.

— Bom dia, senhor Donovan. — diz, ao se levantar para me dar acesso a olhar seu decote.

— Bom dia, Madelyn. A reunião já começou? — pergunto já me direcionando ao corredor.

— Não, estão só esperando por você.

Assinto indo para a sala de reuniões, onde alguns sócios e funcionários aguardam a minha chegada. Com meus trinta e três anos, dono de empresas de tecnologia, carrego um peso grande nas costas.

Cumprimento a todos e me sento e damos início a reunião. Me desligo por alguns minutos do que é falado, ocupando minha mente com aquele pressentimento que ainda permanece lá no fundo. Volto a atenção quando pedem minha opinião, e me esforço para escutar tudo o que é dito.

No meio da reunião meu celular vibra em cima da mesa, tirando a atenção de algumas pessoas para mim, meu olhos recai para a tela, mostrando o nome do meu melhor amigo. E sinto algo frio descer pela minha coluna. Seguro o celular na minha mão por alguns segundos, antes de pedir licença e sair da sala.

— Ryan? — digo, minha boca seca.

Eu sabia que algo tinha acontecido, só não estou preparado para saber o que tem por trás dessa ligação. A voz dele sai rouca, indício de que chorou em algum momento.

— Dom.

Meu mundo desaba quando escuto o que aconteceu. Me encosto na parede para me apoiar, minhas pernas já não respondem mais o meu corpo e muito menos minhas mãos, pois o celular cai no chão com o baque.