07 - Um Corte Quase Mortal

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Quando abriu seus olhos percebeu que não estava mais em Atlântida. Aquele quarto era semelhante ao seu no castelo na Romênia. Piscou seus olhos lentamente e quando levantou o dorso mordeu o lábio pela dor que sentirá no abdomen, só agora percebendo que estava sem a parte superior de suas vestes. Afastou o lençol vermelho que o cobria apenas para ver a faixa ensanguentada. Então aquela ferida ainda não havia se fechado? Como que um deus como ele ainda está com uma ferida aberta? Maldito seja Radhamantys de Wyvern!! 

Ainda que apoiado nos antebraços não notou quando alguém havia sentado ao seu lado, só se dando conta quando sentiu os dedos gélidos em seus ombros. Seu coração deu um salto e os olhos se abriram assim como seus lábios carnudos. No entanto, pareceu se acalmar quando ouviu a voz familiar. Não era normal que ficasse calmo mesmo que fosse o festeiro, mas ele não estava em condições nem para ser ele mesmo.

— Não deveria tentar levantar... – falou calmo ainda tendo suas mãos em cada um dos ombros do deus da morte. – Aquela lâmina atravessou seu abdômen. Anneliese disse que a sorte foi que você é o deus da morte, caso o contrário estaria fazendo companhia à Prometeu do outro lado.

Thanatos ouviu as palavras ditas com atenção sem falar nada, apenas apertou os olhos em uma tentativa de lembrar quem era aquela de quem ele falava. Uma bruxa nórdica conhecida de sua filha, lembrou nesse instante. Lembrava que eu dos rostos que vira antes de desmaiar fora o de sua filha, mas por que ela não estava? Aliás, por que apenas Dionísio estava com ele. Teve em fim a certeza de que esse era seu quarto no castelo da Romênia.

— O que aconteceu? – o deus perguntou. Esperava que o festeiro fosse inteligente o suficiente para entender que essa pergunta não se referia ao ataque e sim ao depois. Não estava com paciência para pessoas lerdas nesse momento.

Dionísio parecia pensar no que houve. Ele sabia que Hypnus era o racional, por tanto não era ele quem o estava preocupando, diferente de Kallia. Havia um motivo para ele não estar no quarto de imediato quando o menor acordou. Antes ele estava impedindo que a herdeira de Thanatos fizesse alguma bobagem. Afinal, quando a menor viu seu pai no chão, achou que ela mesma iria culpá-lo por causa daquilo, mas ao contrário disso a garota mudou sua expressão e havia certeza de que ela caçaria Wyvern até os confins do submundo. Mesmo para uma encrequeira como aquela jovem, ele nunca a viu daquele jeito.

— A festa continuou... – Dionísio começou antes que ele ficasse nervoso, ao falar isso sentiu os músculos tensos no ombro do outro deus. – Continuou porque o ataque aconteceu no piso superior e eles não notaram. Hipnus iria dar fim aquilo, mas não achei que fosse querer que soubessem do que houve. Haviam uma variedade de seres lá, se alguém soubesse que o deus da morte fora ferido... Você sabe. – Ele prestava atenção nas reações de Thanatos, mesmo que o menor estivesse de costas para ele. – Então deixando a festa por conta de Kelsia, eu o peguei e Hypnus achou melhor que o trouxessemos para cá, não demorando muito para Kally vir com a bruxa.

— Por isso Anneliese esteve aqui? – perguntou, sua voz sairá mais fraca do que esperava. Sua visão turvou e ele realmente não estava bom para discutir. Sabia que se Radhamantys quisesse terminar o serviço não teria como se defender.

— Sim, o veneno já foi combatido de seu sistema. Só que o corte foi profundo e a lâmina apesar de não se comparar com a sua ou a de Kallia, ainda não era uma lâmina qualquer. – começou a explicar sabendo o que o deus da morte iria perguntar. – disse que esse ferimento vi fechar lentamente como se fosse um corte profundo em um humano. – ele terminou de falar vendo Thanatos trincar os dentes.  

O festeiro percebeu que um novo tom de carmessim se formava nas faixas do abdômen e apertou os ombros do menor como se fizesse uma massagem para chamar sua atenção. Suspirou pesado e de modo preocupado, levou seus lábios até perto da orelha do menor, enquanto continuava aquela massagem com o intuito de fazê-lo se acalmar.

𝐃𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐀 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora