08 - Avisos De Um Mensageiro

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Hermes ria da cara dos dois. Thanatos tinha uma carranca por causa daquilo, suas bochechas estavam coradas por causa do que o mensageiro disse e por causa do fato de que ele tinha o festeiro entre as pernas. Já que aquela era uma maneira de verificar as bandages em seu abdomen. Nunca esperaram que ele fosse aparecer por lá. Primeiro que aquele palácio romeno era dos gêmeos e aquele quarto era do deus da morte. Que pensava em seriamente perguntar com quem mais seu irmão tinha amizades desse nível.

- Sinceramente não sabia que se davam tão bem assim! - os risos altos vieram acompanhados das palavras maliciosas do deus mensageiro que agora se divertia com a cara daqueles.

Claro, já que na sua concepção não havia nada mais divertido de que ver alguém tão sério como Thanatos com o rosto tingido de vermelho, assim como o de seu melhor amigo festeiro que diferente da morte não estava nada incomodado com o que o amigo disse, na verdade apenas com o que o deus enfaixado poderia fazer com ele naquele momento. Lembrando que o deus abaixo de si tinha um temperamento explosivo.

- Cala a boca! - respondeu um ríspido Thanatos agora desviando o olhar para ele. - Quem disse que você podia entrar aqui? - arqueou uma sobrancelha prata em questionamento.

- Hypnus deixou. - disse em resposta o mensageiro, desviando o olhar para a grande janela que havia no quarro. - E eu sou o deus mensageiro se não esta lembrado. - respondeu cruzando os braços.

- Quanta insolência! - Thanatos respondeu entre os dentes.

- Hermes! - Dionísio repreendeu o amigo levando uma mão à tempora.

- Eu vim apenas dizer que sua filha está no encalço de Radamanthys. Nas palavras dela, vai "bater um papinho" com o juiz metido a besta. - Hermes começou a falar exatamente como Kallia havia falado, agora apenas ajeitando os óculos.

Thanatos tentou se levantar de onde estava, sendo uma péssima ideia devido a careta que o mesmo havia feito em seguida. Enquanto um dos olhos estava fechado e os dentes trincados. Até esqueceu que Dionísio ainda estava por lá. Hermes mudou o semblante soltando o ar entre os lábios, assim levando a mão a nuca. Não era como se ele quisesse jogar essa notícia no deus ferido em cima daquela cama, mas tinha que fazer seu trabalho e essa era a única maneira que tinha de fazer aquilo, mesmo que seu amigo de cabelos escuros não parecesse nada satisfeito. O que lhe preocupava - obviamente que não como preocupava o deus do vinho - era o modo como o deus da morte estava agindo. E assim um pequeno susto foi tomado por parte do mensageiro que estava pensativo no momento em que os lençóis brancos foram afastados para o lado.

- Radamanthys é? - a aura negra envolvia o deus da morte que agora estava em pé.

O deus mensageiro deu um passo para trás quando viu as orbes extremamente vermelhas do deus da morte. O deus festeiro respirou fundo e levantou, como se tivesse adivinhado, Thanatos foi ao chão e teria batido sua cabeça ao cair se o maior não o tivesse amparado enlaçando o torno de sua cintura ao mesmo tempo que passava o braço por baixo dos joelhos do mesmo, assim o segurando no colo. Fitando seu rosto. Até parecia tolice temer pela morte do próprio deus ceifeiro.

Hermes que passou a língua dentre os lábios, só agora percebeu como eles estavam secos a medida que certo temor lhe tomou. O filho gêmeo e alguns meros minutos mais novo de Nyx, era temido entre o panteão dos deuses, um dos mais. E por mais que tivesse um rosto de certa forma delicado, sabia que não era bom subestima-lo por suas feições. Piscando os olhos apenas mexeu nos óculos que deslizou, mesmo que minimante pelo nariz meramente suado. Respirando fundo e passando a mão pelos cabelos abriu a boca para falar:

- Dean? - Chamou o melhor amigo, ganhando sua atenção naquele momento. - Não é sábio deixá-lo desacompanhado. Com a teimosia que tem ele pode muito bem ir confrontar Radamanthys sozinho. Não sabemos sobre os outros dois juízes, mas não se deve confiar e se emboscarem ele, pode acabar em um lugar pior que o Tartaro. - ele falou sério pouco antes de se virar e sair. - Vou deixá-lo em paz. Até mais, velho amigo. - e assim sumiu de seu campo de visão.

Apertou inconsciente o braço de Thanatos e com uma careta por parte dele que notou o que estava fazendo e o repousou de volta a cama. Como tido em seus pensamentos, jamais seria esse o jeito que queria aquele homem em seus braços. Perguntava-se se o menor já não havia sofrido demais, para uma divindade de sua patente. Em um engolir seco, inclinou enquanto mesmo que na cama seu corpo ainda estivesse quase que por cima do outro, agora puxava o braço da curvatura de seus joelhos para levá-los ao rosto do mesmo e foi assim que deixou um beijo delicado em seus lábios antes de resolver por ficar do lado dele. Não soube como ou quando, mas acabou por pegar no sono, com os braços ao redor do menor dos dois.

Do lado de fora do castelo na Romênia, em específico no jardim, os pés pisavam devagar na grama verde do jardim que continham roseiras, mesclados de rosas vermelhas e negras assim como nas árvores haviam orquídeas de mesma cor. Não era comum ver o rosto do mais velho dos gêmeos em plena preocupação e distraído enquanto admirava as flores cultivadas pelo seu irmão mais novo. Quem iria adivinhar que seu gêmeo gostava daquele jardim tanto quanto Afrodite gostava do dela. Obviamente haviam motivos diferentes. Rosas e Orquídeas negras eram apenas uma simbologia de morte, assim como o deus que as cultivava. Passando a mão delicadamente por uma belíssima rosa negra junto de uma vermelha. Era quase como o se elas - tão opostas - simbolizasse seu próprio irmão e o deus festeiro juntos. Não foram feitos um para o outro, mas lá estavam juntas se tocando, formando um belo contraste. Jamais advinharia como seu irmão conseguiu tal façanha.

- Chega a ser poético... - um sorriso sem emoção nenhuma desenhou seus lábios. Pensava seriamente em ir desesperadamente ao encontro do expectro de Wyvern e confronta-lo. Fazer com que pagasse pelo mal feito ao homem de rosto exatamente igual ao seu. Jamais o perdoaria pelo que fez ao irmão e não se perdoaria tão facilmente por ter deixado aquela tragédia acontecer.

Estando absorto em seus próprios pensamentos, não percebeu que já não estava só no "jardim da morte" quando o sorriso, mesmo que não fosse de alegria, desenhou seus lábios levemente volumosos.

- Se soubesse como fica lindo sorrindo, não ficaria tão destraido... - se virou para ver o intruso, vendo que o mesmo já estava perto de si e assim levantou a mão portando uma rosa azul e a ajeitou entre a orelha do sono a enroscando em uma mecha de cabelo preto, fazendo a lateral de seu rosto e pescoço ficarem livres, o deixando mais bonito. - E ainda mais agora. Estou tentando a macular não só o jardim do deus da morte. - completou agora deixando a mão descansar no rosto alheio, enquanto um sorriso malicioso ganhou seus lábios.

Corou. O tão sempre calmo deus do sono sentia seu rosto queimar com as palavras do intruso que apesar disso já o conhecia de muitos anos, por um minuto até esquecendo de seus lamentos pessoais, para olhar estático para o homem de meros centímetros mais alto que ele.

- Tst!!! - virou o rosto para o outro lado apertando a mão em punho. - Além de não ter tempo para a suas perversidades, o que faz aqui Apolo? - piscou seus olhos voltando seu olhar ao rosto do outro.

Gargalhou pelas palavras do outro. Era um dos motivos que gostava do deus do sono. Sempre tão elegante e circunspecto, nada em si era desalinhado, isso o fazia querer ainda mais. Deixar Hypnus uma completa bagunça sob si era um sonho pessoal seu. Sabia que mexia com o homem a sua frente nem que seja um pouco, afinal por que mais seria que alguém frio e sério assim iria ficar vermelho em sua frente?

- Sabe que o fato de ser tão circunspecto e fazer o uso de palavras educadas me faz quere-lo ainda mais. - Deixou claro erguendo uma das sobrancelhas, o sorriso malicioso nunca deixando seus lábios.

- Cale a maldita boca! - espalmou a mão aberta em frente ao rosto pela vergonha que se alastrou em seu rosto.

𝐃𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐀 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora