01 - Tempestade.

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Itália, 2020.

A chuva caia fortemente naquela floresta em uma região da Itália. A capa arrastava em meio a relva molhada do campo por onde passava. E então, parou em frente à uma cruz de madeira velha maltrada pelo tempo que se passou e os mals cuidados. Levantando a mão a qual destacava um anel negro com o entalhe de uma caveira em prata de mesma cor, fazendo questão de tocar na madeira, retirando as erva daninhas e fungos que já cobriam boa parte da velha cruz. E assim pode ver o nome da mulher entalhado na madeira podre.

Seus olhos moravam aquelas palavras que formavam o nome de uma mulher e se perdeu em lembranças enquanto a água da chuva escorria pelo seu rosto. Aquele nome pertencia a única humana que um dia amou e foi tirada de si por homens a mataram enforcada como se ela fosse o mal que assolava aquelas terras, sendo que seu maior erro foi querer curar de doenças mortais para a época. Era uma poderosa bruxa, mas como conhecido esse tipo de feiticeira não mata humanos. Nem quando eles mereciam ser brutalmente mortos.

Mas o que mais o perturbava em toda essa história era o fato que aqueles deuses o impediram de fazer uma alguma coisa para ajuda-la, o subjugando como se fosse um expectro qualquer, como se fosse fácil prender o poderoso deus da morte. E em especial a maldita da filha de Zeus, Athena que junto de Adônis e Caliope, o impediu de ir salvá-la. Ele sabia que aquela não era a hora de sua amada esposa morrer. Usaram de um momento de fraqueza que seria fácil para prendê-lo no Tartaro, para um deus esse lugar é apenas um quarto em branco como o de um hospício para loucos.

Sua fúria ao sair de-lá fora inigualável, mas não o suficiente para saber do paradeiro da alma de Adelaide. E quando soube aonde estava não pode pegá-la já que Hades a aprisionou pessoalmente. Ele nunca pode vê-la e nunca teria acesso ao seu recinto novamente.

Permaneceu por décadas fazendo o que tinha de fazer, cumprindo o seu papel de ceifeiro, levando as almas para irem ao seu destino, para serem julgadas no submundo por aqueles três juizes. Na visão de todos ele não passava de um ser frio, incapaz de amar, mas só ele sabe o quanto fora traído a séculos atrás pelo seu próprio coração, ao se apaixonar por aquela mulher.

Um suspiro deixou seus lábios roseos e muita coisa passou por sua cabeça de uma hora para outra. Apesar de Adelaide ter sido a pessoa que provou que ele tinha um coração, atualmente havia outra pessoa ocupando seus pensamentos mais do que queria ou fosse admitir...

[...]

No salão principal de um Palácio no Olimpo, a deusa da guerra estava apreensiva, uma mão repousava sobre o coração, por saber muito bem o que iria acontecer com seu amado protegido aquele dia. Depois soubera por meio de uma de suas ninfas que Samuel estava prestes a morrer. Ela tinha que impedir que aquilo fosse acontecer de qualquer forma, mesmo que soubesse qual seria a resposta, não iria se impedir de tentar.

Samuel era uma espécie de exorcista ligado a igreja e com o Clã Belmont, que por geração usavam de magia herege para se livrar do mal que assolava a terra. Então, quando havia um caso de possessão o mesmo se diria ao lugar para tentar salvar a vítima. Fora essa determinação é nobreza de heroismo que o fez cair nas graças da deusa da sabedoria. A ponto de não querer que ele morresse nunca, tornando-se sua protetora.

Determinada, tomou coragem para ir atrás do único que poderia impedir isso. O único deus que tinha qualquer vida em suas mãos é também o único que poderia interferir no que iria acontecer. E foi assim que ela atravessou os corredores para logo sumir. Sabia que ele só poderia estar em um lugar nesse momento.

𝐃𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐀 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora