11 - Estrelas Terrestres

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Dionísio ajeitava seu chapéu ao alto da cabeça. Por mais que parecesse impossível ele não planejava uma festa e muito menos estava na presença de seu fiel amigo. Os olhos pairavam naqueles arbustos que estava a beira da estrada por onde andava. Parando em certo ponto, levou os dedos a ponta do chapéu parando ao perceber uma movimentação dentre os galhos. 

— Seja lá quem for, é melhor que se mostre. – avisou direcionando seu olhar para o lugar onde estaria. – Tá! Bom então. – projetou uma esfera em sua mão e a lançou vendo os matos se moverem novamente.

Diferente do deus da morte, ele não era tão cauteloso e tão pouco se importava com o que humanos pudesse presenciar. A propósito, ele também era o deus loucura, da libido, a representação da vida encarnada, não deixaria que qualquer o seguisse para aonde iria. E não era porque sua cabeça vagava sobre certo deus machucado estar desatento ao que acontecia à sua volta. Olhando em um certo ponto onde o "soldado" aparecia. Mesmo padrão: Túnica marrom amarrotada e o rosto cheio de cicatrizes em meio ao grande capuz que cobria sua cabeça, a maior prova de que era um espectro. Fora sua aparência desengonçada. A pergunta que ficava era sobre as estrelas terrestres como ele, não estivessem acordadas, afinal só despertavam em tempos de guerra.

— O que faz por aqui, espectro? – questionou olhando para ele.

— Bartolomeu de Cratera. Somos subordinados do Lorde Radamanthys. Que não esta nada satisfeito com o que aconteceu com ele no Palácio na Giudecca. – Respondeu de imediato se levantando. 

— Somos? – nesse momento desviou o olhar novamente e logo outro deles iria atacá-lo pelas costas. – Ah! Olha o outro aqui. – pegou no pulso do outro desengonçado e puxou-o para frente o jogando no chão a sua frente e o segurou suspenso. – Sério? Contra um deus como eu? – ergueu uma das sobrancelhas.

Um sorriso debochado lhe brotou nos lábios. A palavra que seguiria dançou em sua frase e as feições do deus mudou em seguida. 

— Mande lembranças ao senhor Thanatos. – riu em deboche vendo a feição de Dionísio mudar. – Soube que ele não estava passando muito bem. – ele até gargalhou, mas parou forçado ao sentir o soco forte em seu estômago. – Por uma... Incompetência sua. Deve-lhe... Trazer "boas" lembranças, não é? – o festeiro ainda estava de cara fechada. Aquele espectro sabia que lhe tocou em uma ferida.

Dionísio, apenas usou outra de suas técnicas e em seguida Major de Inseto, caiu no chão. O próximo olhar atravessado para o Bartolomeu o fez fujir daquele lugar. O que fez com que o olhasse de lado desconfiado. Em um minuto estava disposto a lhe atacar com tudo devido a seu lorde e no outro havia fugido como um rato covarde. Não que ele não achasse isso desse, mas esse espectro devia ter mais medo do outro do que dele, não era assim que eles funcionavam? Morrer pelas mãos inimigas do que por seus superiores.

Saindo de seus pensamentos ao se virar outros dois espectros trajados de mesma forma teriam o atingido se não estivessem duas lâminas negras cravadas em seus peitos, caindo no chão e revelando aquele que havia o feito, que para a sua surpresa era o adorável deus da morte. Um sorriso ganhou seus lábios ao olhar aquele rosto emburrado que nada havia falado até esse momento.

— Não deveria se distrair quando se trata desses seres traiçoeiros. – Thanatos disse como um sermão, ainda permanecendo no lugar onde estava.

Estendendo suas mãos, fez questão de tomar aquelas almas para a sua coleção  no Tártaro. Havia um motivo que o fez fazer isso, mas em sua concepção o maior não precisava saber disso, naquele momento. Não notou até esse momento, que apesar de  maior o estar olhando ele nem ao menos sequer havia prestado a atenção no que falava.

Dionísio apenas prestava a atenção em cada detalhe de Thanatos: Desde a roupa de tecido de túnica quase transparente que ele usava por baixo daquela blusa de camurça combinando bem com o resto de suas vestimentas, sem a ausência de sua capa. Havia escutado um quê de sermão na fala do menor, no entanto, dando alguns passos em sua direção levou sua mão até a região do abdômen aonde tinha aquele ferimento, fazendo ele fechar a boca para o que iria falar.

𝐃𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐀 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora