10 - A travessia Do Rio Aqueronte

69 7 60
                                    

Seus olhos piscaram enquanto olhava para o expectro a sua frente. Para Thanatos, ouvir aquelas palavras sem o desdém do juiz o deixou surpreso. Afinal, Hope não parecia ter algum interesse pessoal em si. Isso o deixava confortável, enquanto seu irmão parecia não se lembrar do jovem o que o fez estranhar aquilo. Moveu a mão direita graciosamente para pegar na asa da xícara tomando do chá fumegante, sentindo o gosto doce da camomila em sua boca. 

— Hope de Zhar-Ptitsa, a Estrela Celeste da Imponência... – Começou o deus ainda mantendo suas pernas cruzadas, chamando a atenção não só de seu irmão como do jovem à sua frente.

Hypnus por sua vez abriu os olhos como se estivesse surpreso, a máscara cobria o rosto do jovem, mas ao ouvir a voz de seu irmão ele descobriu o rosto, revelando sua face em sinal de respeito, revelando quem era de uma vez. O rosto delicado de uma pessoa bonita por ser abençoado por Afrodite, pelo que lembrava o jovem odiava aquela beleza toda e ela quase o fez estar morto. Seus olhos caíram de canto sobre seu irmão. Pelo visto, a conversa que teve com ele surtiu algum efeito no seu gêmeo. Um sorriso lhe surgiu nos lábios que fora coberto pela xícara de chá.

— Pensei que não sairia da floresta? – fechou os olhos para depois abri-los. – Eu deixei claro que não precisaria sair. – abriu seus olhos encarando diretamente os olhos negros de Hope.

Segurando o elmo da sapuris que representava aquela ave russa mitológica com a mão direita ele apertou a mão esquerda em punho demorando a responder. Não queria desobedecer o deus o qual era grato, mas não queria deixar desamparado quem lhe amparou o que chegava a ser um pensamento idiota. Thanatos era um deus, e ele? Ainda um reles humano. O fato de saber o que o deus da morte pensava e sentia sobre os humanos o fazia pensar em muita coisa a respeito.

— Eu não queria desrespeitar o que disse, mas achei que seria importante o senhor saber que um dos expectros que estão sobre o comando do juiz de Wyvern estava rondando o Palácio de vossas divindades. – moveu os olhos calmamente de Thanatos para Hypnus, retornando para o rosto de seu senhor, surpreendendo por sua expressão. – Sem falar que... – seus olhos focaram a região do abdômen de seu senhor e devido ao fato daquela camisa ser transparente, ele pode ver as faixas envolvendo o torno e uma mancha nela.

Hope trincou os dentes e apertou o elmo da armadura com força, nunca sentiu tanta raiva como nesse momento. Maldito seja Radamanthys de Wyvern ao macular a pele de uma divindade como ele daquele jeito? Iria fazer o que estivesse ao seu alcance para que ele jamais voltasse a ser desrespeitado daquele jeito. Levantou-se de onde estava e levando uma mão ao peito se inclinou fazendo algumas mechas do cabelo cair ao lado do rosto e pedindo licença, virou para se retirar da presença dos deuses.

Os olhos do deus da morte caíram sobre o expectro e quando iria abrir a boca para chamá-lo, mas foi surpreendido pela voz do irmão. Seu rosto voltou ao de Hypnus. Poderia adivinhar o que ele iria falar.

— Eu não sabia que dentre os humanos havia um que tinha a proteção da morte. – ergueu uma das sobrancelhas soprando a fumaça que ainda saia de seu copo de chá. – Sem falar que eu nunca vi alguém que não temesse sabendo quem você é e tendo tamanho respeito e admiração. – sorveu um pouco do chá de hibisco, parecendo se deliciar com o gosto doce em sua boca.

Loiro platinado arregalou um pouco mais os olhos, mas depois os normalizou. No início achou que seria por ele pedir por socorro a divindade errada e como odeia Athena fez apenas um capricho, mas não era isso. Realmente tinha sentido afinidade com o jovem e simplesmente não podia deixar que sua honra fosse manchada daquele jeito. Perguntava-se se Hypnus havia ido por esse caminho quando resolveu salvar aquele cavaleiro das mãos do destino cruel.

𝐃𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐀 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora