9° Capítulo

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Judite estava dormindo com a Manu em seu colo, fazendo o mesmo. E o Matheus estava conversando com a médica do meu lado esquerdo. A médica era uma moça bem bonita, tinha uma pele morena, cabelos cacheados da cor de mel e algumas mechas loiras.

A mão de Matheus estava apoiada em minha cama, e como ele e a médica estavam conversando com muita concentração, eles não perceberam que eu acordei, então eu apenas toquei de leve a mão dele e ele logo sentiu. Eu sentia amor e ódio por ele naquele momento, por me deixa sozinha sem mandar uma mensagem e também saudade pois não via ele fazia mais ou menos uma semana. Ele olhou para a mão dele e depois para os meus olhos, e a médica só seguiu seu movimento e começou a falar comigo:

- Oi Gabriela! — Abriu um sorriso em seu rosto, e eu pude perceber que seus dentes eram bem brancos.

- Chama só de Gabi. — Dei uma risadinha, enquanto a médica fazia o mesmo.

- Bom, Gabi, eu me chamo Alessandra. Mas como você mesma disse, pode me chamar só de Ale.

Fui tentar me levantar para ficar sentada na cama, mas comecei a ficar tonta de novo, e uma das máquinas que estava conecta em meu braço, começou a fazer um barulhinho, então me deitei novamente.

- Calma lá, Gabi. — A morena me deitou de novo na cama. — Tem que ir devagar.

- Perdão doutora. Mas afinal, o que aconteceu comigo? — Vi que Judite acordou ao ouvir minha voz.

- Ah, Gabi! - Suspirou em som meloso. - Você está bem? — Logo em seguida do suspiro que parecia que eu estava em com a pelo menos, três anos, ela veio me dar um abraço apertado.

- Tô sim! Só um pouco de dor de cabeça.

- Vocês três poderiam se retirar por um instante só? Apenas para eu falar com a paciente, nada demais.

- Sim, claro. — Judite falou relutante, saindo de cima de mim, e vi que o Matheus desgrudou nossas mãos e foi pegar Manu no colo para tirá-la também.

- Bom, pelo o que eu vi aqui nos exames que nós estamos fazendo, a senhorita desmaiou por conta da falta de proteína e vitamina no sangue.

- Nossa, que estranho, a coisa que eu mais amo nessa vida é comer. — Menti. Não queria voltar a tomar os remédios e injeções que eu tomava quando descobriram meu bloqueio emocional, mesmo que não seja a mesma coisa, me dá arrepio só de lembrar.

- Gabi, não mente para mim — fez um sinal de negação com um sorriso no rosto. — eu sei que você parou de comer por alguns dias, aqui mostra que você perdeu em média 13 quilos, em pouco tempo.

- Sim, eu parei de comer por uns dias sim. — Admiti. — Mas eu não sei porque, eu não sentia fome.

- Sim... Eu reparei nisso, meu anjo. Mas do mesmo jeito você tinha que comer, mesmo não tendo fome.

- O que aconteceu para eu não ter apetite?

- Foi um transtorno de ansiedade.

- Pelo nome parece bem grave.

- Mas não foi muito forte, graças a Deus você veio ao médico rápido. — Abriu um outro sorrisinho fino. — Judite me falou que quando era menor já teve também bloqueio emocional, correto?

- Sim.

- Isso não é muito diferente. Em vez do seu organismo transformar seu trauma em uma doença, ele transformou em preocupação e estresse o que interferiu nas suas atividades diárias.

- É... Normalmente eu não estou tendo vontade de ir para a faculdade, e principalmente comer.

- Gabi... — Falou agora em um tom mais sério. — Agora você precisa me disser qual foi o trauma.

Don't worry Darling | Matheus DonelliOnde histórias criam vida. Descubra agora