7° Capítulo

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Eu sentia que meu coração ia sair do meu peito a qualquer instante. Eu queria me virar, tocar em seu rosto e responder á ele, mas alguma coisa me impedia, não sei o que era, tinha um sensação meio estranha, meio de medo. Ele provavelmente também tinha falado aquilo pois pensava que eu tinha dormido; ou seja, não queria que eu realmente escutasse.

Resolvi deixar quieto, só fingi que estava dormindo, até que teve uma hora que eu realmente adormeci. Tive um sonho bem estranho; na verdade, acho que não era nem sonho direito, um pesadelo. Estava tudo escuro, só conseguia ver o Matheus sentando em uma cadeira com uma mesa em sua frente. Ele estava conversando com alguém no celular, falava que ele estava sendo obrigado a isso, que não queria aquilo, e que aquela pessoa que estava do outro lado da ligação, sabia muito bem disso. Tinha a sensação que ele não podia me ver, só eu conseguia ver ele, a expressão dele era triste, seus olhos estavam cheios d'água e levemente avermelhados. Depois de um tempo, alguma outra pessoa entrou no sonho, não dava para definir a cara da pessoa muito bem, só consegui distinguir que tinha um cabelo longo, preto e bem liso. Essa moça começou a beijar ele, ele falava que não queria, mas ela falava que era pro bem dele e depois ele acabava cedendo.

Acordei desse sonho/pesadelo, com o Matheus me chacoalhando fortemente e repetindo meu nome sem parar:

- Gabi! Acorda! Minha mãe tá aqui, vai pra baixo da cama. — Me empurrou da mesma me dando um susto.

- O que? Como assim? Sua mãe já tá aqui? — Fiz uma cara de confusa. — Meu Deus! Eu dormi aqui. Não, ela vai pensar coisa errada.

- Então vai pra lá de baixo. — Forçou minha cabeça para entrar no espação entre o chão e a cama, enquanto eu obedeci.

Ouvi passos se aproximando do quarto e logo em seguida alguém abrindo a porta:

- Tava falando com quem? — Era uma voz feminina, então provavelmente era a mãe dele.

- Tava em ligação com meus amigos.

- Você sabe que esqueceu de buscar sua irmã na casa da amiga dela? Me fez passar vergonha; a mãe da menina ficou preocupada porque você não chegava e não atendia o celular, então convidou para dormir.

- Desculpa mãe, eu tive que ficar até um pouco mais tarde no treino, aí eu acabei esquecendo. Mas certeza que a Duda preferia ter dormido lá, a gente sempre quer ficar mais tempo com quem a gente ama. — Percebi a indireta que ele mandou.

- Não quero saber, você tinha que ter buscado ela. — Vi passos indo em direção a porta.

- Mãe, antes de você ir, tenho uma pergunta. Você já se apaixonou por alguém? Além de ser o papai. Tipo, ao ponto de o fato de você estar com a pessoa, seu coração para por um instante e você esquece todo o resto do mundo?

- Que pergunta é essa Matheus? Cê Bebeu? Bom, você deve ter ido dormir tarde, por isso tá assim. Desce logo pra tomar café, já tá na mesa.

Esperei a mãe dele sair do quarto pra voltar a gritaria com ele:

- Seu idiota! — Dei um tapa no "chão" da cama e fiquei rindo. — Que pergunta foi aquela? Ela não pode desconfiar de nada. — Fui saindo lentamente debaixo do móvel.

- Foi pra te irritar, bobinha.

- Você conseguiu, tava me segurando pra não rir. Bem nessas horas da uma vontade enorme de rir com aquela risada de fumante. — Passei a mão na minha blusa tirando as sujeiras e deitando do lado dele na cama.

- A gente tem que pensar uma forma agora de você ir embora sem eles verem você. — Olhou para um canto do quarto fazendo cara de pensativo. - Ah! Já sei, você vai ficar lá no escritório escondida, aí eu vou fazer um barulhão e chamar eles falando que me machuquei. Depois você vai até a porta e sai rápido. Entendeu?

Don't worry Darling | Matheus DonelliOnde histórias criam vida. Descubra agora