Capítulo 10

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Colin

Colin não entendia como uma pessoa conseguia ser tão desastrada daquele jeito. Sempre que olhava para Melanie, ela estava caindo ou pagando algum mico. Ele não podia negar que aquilo o divertia às vezes.

Depois da carona que deu a ela no jantar com Bia e Eddie, Colin decidiu que não iria se aproximar dela. No máximo cumprimentos por educação na rua, assim não seria grosso novamente e também não seria solto demais. Parecia ser uma tarefa fácil, mas quando ela aparecia seus pensamentos ficavam agitados e isso o assustava.

Minutos antes, ele estava aparando a grama de seu jardim. Seu pai sempre fazia questão que elas estivessem sempre bem cuidadas, e ele pretendia deixá-las perfeitas como seu pai gostava. Quando ouviu a voz de Melanie gritando na rua, ele olhou para trás, e a viu pulando e falando coisas em português que ele não entendia direito. Só conseguia pensar como aquela mulher conseguia estar eufórica tão cedo. Decidiu parar de olhá-la e continuar cuidando da grama, até que pouco tempo depois sentiu algo batendo forte em suas costas.

Ao se virar, lá estava ela caída em cima da grama molhada e com uma expressão envergonhada e furiosa ao mesmo tempo. Apesar da vontade de brigar com ela novamente por estar estragando a grama, ele só conseguiu ser irônico.

Algo o intrigava quanto a ela. Claro que Melanie era linda, tinha longos cabelos encaracolados, olhos azuis como os dele e tinha personalidade forte, isso era notável. Ao mesmo tempo que queria ficar longe dela, também sentia vontade de conversar e conhecê-la melhor.

Porém, isso não daria certo, ele tinha muitos traumas. Também não ajudava o fato dela morar junto com Suzie e Luna. As duas o odiavam e ele sabia disso, mesmo não entendendo o motivo. Ele sofreu tanto quanto elas, só porque seu pai estava envolvido no acidente não significava que Colin tinha culpa de alguma coisa.

Assim que terminou de molhar a grama, entrou para sua casa em busca de algo que não fosse pensar em Melanie. Decidiu malhar um pouco em sua academia improvisada e foi tomar um banho para ir trabalhar. Hoje iria cantar em cinco lugares diferentes, então seria um dia puxado.

A música o ajudava. Depois que seu pai morreu, Colin se sentia perdido. Sua mãe havia falecido quando ele tinha apenas 5 anos de idade, após uma longa luta contra um câncer de mama. Mesmo sendo muito novo, ele possuía algumas lembranças dela. Depois disso, sempre foi somente seu pai e ele juntos em tudo. Colin ia para a escola e quando voltava, arrumava a casa e fazia seus deveres. À noite, quando seu pai voltava do trabalho, ele o ensinava a tocar violão e cantavam juntos.

Quando completou 18 anos, Colin preferiu cantar em bares e restaurantes. Ele não tinha a mínima vontade de cursar uma faculdade, a música já o preenchia e ele viu que conseguia fazer um bom dinheiro se mantivesse uma constância de shows. Não era grande coisa, mas ajudava. Conseguiu até alguns pontos com dias fixos para ele se apresentar.

Seu pai hesitou no começo, mas depois o apoiou. Ele ia em todas as apresentações que podia e sempre era o que mais aplaudia. Colin não queria nenhuma fama, apenas cantar nesses lugares já o deixava satisfeito.

Quando Colin subiu em sua moto, sentiu o impulso de olhar em direção à casa onde Melanie morava. Assim que olhou para a janela do segundo andar, viu que ela estava lá observando o movimento da rua, até que seus olhares se encontraram. Ele achou graça quando viu o olhar de susto dela, e depois, rapidamente, ela saiu da janela.

Ele colocou seu capacete e começou a pilotar. Como ainda faltavam algumas horas para sua primeira apresentação, ele decidiu ir para o parque St. Stephen's Green. Era seu lugar favorito para espairecer e compor suas músicas. Seu pai sempre o levava lá nos finais de semana para caminharem sob as árvores e observarem os patos que nadavam tranquilos pela lagoa.

Doce amor de invernoOnde histórias criam vida. Descubra agora