...1

3.9K 298 268
                                    

- Andreah, você já está livre para curtir a festa! - Ela me olha enfadada.

Como posso ter meus quatro pneus arriados por uma diaba que sequer olha na minha cara?

Eu não sei a resposta, eu só sei que estou fodidamente apaixonada por essa dama do gelo.

Eu me afasto dela e sigo em direção ao bar. Estamos na festa de lançamento da nova coleção de James Holt, Tivemos tanto estresse nesse meio tempo entre a festa e lançamento. Miranda o fez refazer toda a coleção...

Foi um mês difícil para todos na revista, aparentemente Miranda só fica bem quando todos não estão bem.

Com a gente tendo que dá o máximo para que a Miranda não cuspa fogo pelos corredores da Runway, a gente acaba deixando de lado a nossa vida particular.

Isso quer dizer que eu em uma noite fria e estressante em New York, consegui sair mais cedo do trabalho, e fui à busca do meu namorado e acabei pegando ele aos beijos com uma garota loira de olhos azuis.

Eu não o culpo. Isso soa estranho, mas eu senti certo alivio, me dei conta de que estava usando ele para negar alguns sentimentos que Miranda fez despertar em mim. Nate é um bom garoto, merece alguém que não esteja apaixonada pela própria chefe arrogante. Falar em chefe, cadê ela?

Busco pelo salão aqueles cabelos cor de neve, sorrio de mim mesma ao encontra-la. Como ela pode ser tão bela? Quem vê assim, a aparência e que não a conhece, até pensa que seja um doce de pessoa. Sua boca é tão linda e desenhada, na medida certa.

Viro a taça de gin lover de uma só vez. Eu sei que eu sou fraca para bebidas alcoólicas, mas hoje é sexta-feira, estou sem namorado, apaixonada pela chefe que odeia todo mundo, e que me acha gorda e desajeitada.

- Pelo menos agora eu me visto melhor. - Reviro os olhos e viro mais uma taça do drink.

- Olá garota Miranda! - Um homem loiro de sorriso aberto e cabelos cacheados fala sentando no banquinho ao meu lado.

- Oi - Respondi nervosa. Eu não gosto muito que me encarem.

- Trabalhar para Miranda deve ser difícil. - Ele toma um gole da bebida dele, e olha para minha taça.

- Oh se é. - Sorrio e viro mais uma taça do drink.

- Assim você ficará bêbada e indefesa. - Ele dá uma piscadela para mim.

- Imagina, sou forte para bebida. - Falo sorrindo, levando a mão ao ar. Menti descaradamente.

- Então experimenta esse! - Ele me oferece seu copo.

Assim como estava fazendo com as taças de drinks que bebi, fiz com o copo que ele me entregou. Virei de uma só vez e me arrependi amargamente. Eu estava queimando por dentro. Rasgou até minha alma. Fiz uma careta e ele sorriu.

- Andreah, Roy! - Ela fala tão baixo. - Christian Thompson. - Miranda força um sorriso enquanto ele beija a mão dela.

- É pra já, Miranda. - Arregalo os olhos surpresa pelo jeito que falei. Acho que estou mesmo bêbada.

Eu sentia minhas pernas moles enquanto ia para o carro, eu queria ficar mais, aproveitar mais, eu só não queria ir para casa e ficar sozinha, mas a maneira que Miranda me olhou parecia que iria me fuzilar ao ordenar que focemos embora, me fez querer rapidamente a minha cama.

Miranda entrou por uma porta, a do lado direito, e eu entrei pela outra, lado esquerdo. Os primeiros cincos segundos foram em total silêncio, mas eu estava com a música da Cher na cabeça, então comecei a cantarolar.

"Do you believe in life after love?

I can feel something inside me say

I really don't think you're strong enough

Do you believe in life after love?"

- Eu amo Cher, ela é maravilhosa, você gosta? - Nem olho para ela, sei que não vai me responder, então fecho os olhos e deixo minha cabeça cair para traz. Descansando no banco.

- Quem não gosta!? - Ela mais afirma, praticamente sussurrando.

- Não pensei que você gostasse desse tipo de música, Miranda. - Sorrio.

- Pensou errado.

- Pensei! Também tem algumas coisas que eu devo ter pensado errado.

O silêncio se instala no ar, mas eu estou bêbada demais para respeitar a lei do silêncio. Eu sei que Miranda odeia trivialidade, mas no momento não estou ligando muito para isso não.

- Sabe o que é? - Pergunto para ela, mesmo sabendo que não terei a resposta. - Eu sei que você não quer saber, mas eu vou falar mesmo assim. - Sorrio sentindo tudo girar. - Que a textura da sua pele seja tão macia e delicada como um algodão doce, mas diferente do gosto doce, seja um pouco amadeirado. Acho que seu humor brigaria com perfumes doces, caso fosse desse que você gostasse. - Eu olho para ela, mas ela segue indiferente olhando pela janela do carro.

"Do you believe in life after love? I can feel something inside me say"

Cantarolo baixinho, respeitando o fato de que a rainha maravilhosa, gostosa, sexy, arrogante, exige de seus funcionários, um timbre baixo e civilizado. Começo a rir de mim.

- Eu posso tocar em você? Só para me certificar se sua pele é mesmo como eu imagino. - Olho para ela sorrindo da ironia do destino de eu ser apaixonada por ela. E Miranda parece que saiu do transe das luzes da cidade para me encarar com os olhos arregalados.

Aproximo dela, me virando melhor no banco, Miranda parece ter virado uma estátua.

- Quem cala consente. - Sorri mais uma vez mordendo meu lábio inferior.

Completamente sentada de lado, com o cotovelo apoiado no banco e a cabeça repousando na mão, levo a outra mão para mandíbula dela. Meus dedos tocam delicadamente aquela pele que realmente é macia.

Desço os dedos trilhando seu pescoço e sinto sua pele arrepiar. Desço para o braço, aperto delicadamente, apenas para sentir a textura da pele mesmo.

- É macia como eu imaginava nas noites em que chegava lá... pensando em você. - Aproximo meu rosto enquanto pouso minha mão na perna dela. - E o cheiro... - Encosto meu nariz em seu pescoço enquanto aperto a sua coxa. - É ainda mais delicioso do que eu pensava, Miranda.

Beijo delicadamente atrás da orelha, e ela abre a porta e sai do carro me fazendo perguntar em qual momento chegamos a frente a sua casa e que o carro parou.

Meraki (Mirandy) Onde histórias criam vida. Descubra agora