...2

2.5K 248 123
                                    

POV: Miranda Priestly

Sentia o sangue de meu corpo passear pela minha corrente sanguínea de maneira acelerada. Meu coração além de acelerado estava descompassado, a respiração acelerada, tudo em mim estava assim, desde a pulsação cardíaca a pulsação entre minhas pernas. Minha boca está seca, meu ar parece sair quente das minhas narinas. Levo a mão ao peito apressando ainda mais os passos para dentro da minha casa. Fecho a porta como se estivesse fugindo de algo altamente perigoso, Me escoro na parede ainda com a mão no peito.

- Ela... Como ela ousa me desconsertar assim? - Dou alguns passos para frente, deixando minha bolsa em cima da primeira mesa a vista.

Olho para as paredes da minha casa, ainda atordoada, ainda sentindo na pele a memoria de seus toques.

- Ela só pode está brincando.

Balanço a cabeça em negação, sigo até as escadas indo em direção ao quarto das minhas filhas. Beijo a cabeça de ambas desejando um bom sono. Sentindo meus pés cansados, vou em direção ao meu quarto me desmontar para poder enfim ser apenas a Miranda. Stephen já dorme.

Ao entrar no banheiro, tiro minha maquiagem e o barulho do sorriso dela vêm em minha mente, ela estava tão relaxada... Tão reluzente. "É macia como eu imaginava nas noites em que chegava lá pensando em você". Levo a mão ao meu pescoço, sentindo ainda o toque dos seus lábios.

- Por que raios aqueles olhos brilhantes e curiosos são tão interessantes?

Abro o chuveiro e deixo a água cair sobre meu corpo tentando fazer com que ele se acalme diante de tudo que aconteceu...

Assim que me apronto para dormir, ainda sentindo meu corpo quente, fecho os olhos e a cena do carro passa em minha cabeça. Eu detesto ter pensamentos incontroláveis, e esses estão me tirando de mim.

Olho para meu marido dormindo ao meu lado e cogito acordá-lo, mas dissipo essa ideia idiota da mente, ele nunca conseguiu me satisfazer. Coloco a mão na minha perna, bem onde ela apertou.

Se ainda não estivéssemos chegado... Ela teria arrastando sua mão mais para cima? Teria descido o beijo pelo pescoço? O que sussurraria em meu ouvido?

Dói, sinto minhas entranhas doerem e isso é estranhamente aceitável.

Meu final de semana não poderia ter sido pior, completamente desconcentrada de tudo que propus a fazer, e tudo é culpa daquela garota tola e astuta que fez jus a toda competência que dizia na entrevista de emprego.

- Como ela ousa me deixar assim, em duvida do que vestir para ir ao trabalho?

Um conjunto de terno Armani é uma boa escolha, mas e se ela... Atrevidamente ousar me tocar novamente?

Jogo o conjunto de lado, e busco meias 7/8, sinto certo nervosismo que há tanto não sentia enquanto deixo a saia lápis na cor preta deslizar por minhas coxas. Isso é ridículo, mas eu estava desejando que a fenda de lado, fosse um pouco maior. A blusa social branca me faz permitir abusar dos colares. Me olho no espelho e me dou por satisfeita.

À medida que o carro se aproxima do prédio da Elias-Clarke, o tempo de cada batida do meu coração diminui entre elas. Eu estava nervosa para entrar no meu próprio trabalho. Isso é patético demais, balanço a cabeça em negação, coloco os óculos em meu rosto e começo focar minha atenção no tilintar que meus Louboutin fazem contra o piso. - A líder das clarkes... - Sorrio balançando a cabeça em negação sobre meus pensamentos.

- Eu não irei aceitar que aquele loyal seja o único apresentável, ligue para o pai das minhas filhas e diga que a reunião de pais e mestres é na quarta-feira... - Vou ditando com indiferença para Emily enquanto sigo em direção a minha sala.

E ela estar lá, em pé, com a mão esperando eu lhe entregar casaco e bolsa, e com o sorriso de sempre nos lábios carnudos.

- Bom dia, Miranda. - Ela profere tão receptiva. Não sente um pingo de vergonha pelas coisas que me disse, ou fez?

Jogo minhas coisas em cima dela. Eu não estou insatisfeita por não a encontrar desconfiada, ou envergonha...

- Café! - Adentro minha sala, sento em minha cadeira e ali fico alguns segundos sem saber exatamente o que pensar.

- Seu café, Miranda! - Recosto na cadeira assistindo ela se aproximar. Olho-a com atenção, analisando suas roupas, seu corpo, suas curvas... Ela sorrir tímida. - Miranda, Dominique quer uma hora na sua agenda ainda para esse mês se possível, a nova coleção das bolsas da Louis Vuitton já está na outra sala para você escolher as melhores para fotografar, e Lesley confirmou as três.

- Andreah... - Pauso a fala e ela me olha. - Quando eu levo minhas assistentes para algum compromisso e eu digo que ela pode curtir a festa, não me refiro a ficar embriagada. - Profiro mexendo em meu colocar, analisando cada reação de seu rosto.

- Miranda... Eu sinto muito, me desculpe, eu só lembro-me de estar bebendo, aquele cara me oferecer bebida e depois de você ordenar chamar Roy, desejo não ter feito você passar nenhuma vergonha, isso não vai mais se repetir. - Ela parece uma metralhadora falando nervosamente.

- Isso é tudo! - A dispenso fazendo movimentos com as mãos para que ela se retire.

Me sinto ridícula por todos os pensamentos que tive, me sinto ridícula por achar que ela se lembraria de algo, ela estava cambaleando, visivelmente bêbada, é claro que não lembraria de nada.

Por que eu estou decepcionada com isso? Eu queria o que afinal? Que ela chegasse aqui dizendo que deu em cima de mim e que era isso mesmo e queria ter um caso comigo? Oh, Miranda, não seja ridícula.

- Diga para Nigel que em cinco minutos estou indo ver os croquis, que esteja pronto. - Falo ligando meu notebook.

Meraki (Mirandy) Onde histórias criam vida. Descubra agora