Parabéns, Kara Danvers!

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(1º de março, no avião, indo para Boston)

Pov Lena

É interessante como os olhos são capazes de pregar peças em nossas mentes. Nunca me ocorreu que Kara poderia me engravidar. Sempre pensei nela tão feminina, tão mulher, que, só agora, depois de três testes positivos de gravidez, dou-me conta que por vezes fizemos amor sem camisinha e que estávamos mesmo assumindo o risco disso acontecer.

O que mais me assusta nessa situação é que namoramos há apenas três meses e, durante esse tempo, nunca falamos sobre filhos. Afinal, quem fala sobre filhos no início de um romance? Por isso, não faço a menor ideia do que ela pensa sobre o assunto.

Não que eu imagine que Kara vá rejeitar nosso bebê, muito menos que fará um escândalo quando eu lhe contar a novidade. Só tenho medo de como irá processar o fato de ser a outra mãe de uma criança concebida de forma natural e acidental. 

Suspiro e olho para o assento ao meu lado, onde uma garotinha loira parece concentrada, tentando montar um cubo mágico. Instintivamente, fecho os olhos e coloco a mão sobre a minha barriga, perguntando-me em silêncio se o nosso bebê será uma menina e com quem ela se parecerá mais, ou se será uma mistura de nós duas.

Quando abro os olhos novamente, volto a fitar a loirinha e percebo que ela parou um pouco o jogo, abandonando o cubo sobre o colo, e agora também me observa. Seus olhos são atentos, vivos, azuis, muito semelhantes aos da minha namorada. Repentinamente, ela sorri e suas bochechas ficam rosadas, deixando-a ainda mais parecida com Kara.

Tenho a impressão de que, definitivamente, estou diante de uma visão do meu bebê no futuro. Sorrio de volta para ela e, então, dou-me conta que a ideia de ser mãe, mesmo tendo surgido de uma forma não planejada, começa a me agradar mais do que eu esperava.

O piloto avisa sobre a preparação para a descida. Dentro de quinze minutos, vamos pousar no aeroporto de Boston e eu encontrarei Kara. 

A ansiedade se apossa de mim. Fecho os olhos mais uma vez, encostando a cabeça no apoio da poltrona e imagino a conversa que terei com ela hoje. Peço forças e coragem para saber identificar o momento certo de contar.

...

Passo pelo desembarque rapidamente, já que marcamos de nos encontrarmos na saída. Da porta, vejo-a encostada em seu BMW azul. Está atraente, como sempre, usando óculos escuros e vestindo uma blusa de gola rolê vermelha com calça preta.

Kara sorri ao me ver e enfia as mãos nos bolsos da calça. Caminha mansamente até mim. Contemplo-a de cima a baixo, admirando seu quase um metro e oitenta de beleza, mas só consigo pensar em quão lindo nosso filho ou filha será.

— Olá, minha convidada de honra! Agora que você chegou, a festa já pode começar. — Diz bem-humorada, abraçando-me.

— Pensei que a festa só começaria à noite. — Aconchego-me em seus braços calorosos, apertando meu corpo contra o dela.

— Não estou me referindo ao jantar, mas a minha festa particular. — Afirma, abrindo um lindo sorriso.

— Então, como nos sentimos aos trinta e cinco?

— Um pouquinho mais velha, mas muito mais gostosa. — Responde espirituosa.

— Hum... Vejo que muito mais convencida também. — Uso o mesmo tom.

Ela sorri amplamente.

— Falando sério. Sinto-me muito melhor agora do que aos dezoito, quando eu era uma nerd desengonçada com vinte mil graus de miopia. — Contesta com exagero.

The Lady In My Life [KarLena]Onde histórias criam vida. Descubra agora