O luto de Kara Danvers.

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Flashback on

(Boston, anos atrás)

Os meninos brincavam na parte externa da mansão dos Danvers, como sempre faziam à tarde, após finalizarem suas lições de casa, quando eram supervisionados de perto pela mãe, que também fazia questão de observar estes momentos lúdicos. Seu instinto superprotetor nunca descansava.

Karl e Mike, como a maior parte dos irmãos gêmeos, desenvolveram uma estreita conexão e sempre estavam juntos, dividindo tudo, fazendo com que Eliza pensasse se haveria espaço para o pequeno Barry naquela relação simbiótica. O irmão menor de Karl e Mike, com três anos, estava sentado no colo da mãe e olhava atentamente para a brincadeira dos dois. De vez em quando, dava sua risadinha infantil se divertindo, mas sem entender muita coisa.

Mike sempre era o líder entre os gêmeos e Karl, que tinha uma personalidade mais dócil, não parecia se importar, seguia o irmão em todas as suas decisões. Apenas quando as brincadeiras propostas pareciam muito perigosas, havia certa resistência de sua parte, que geralmente era resolvida, em seu favor, por Eliza, pois ela jamais permitia divertimentos assim. Mas isso nunca se mostrava um problema. Logo os dois encontravam um ponto de concordância e a brincadeira continuava.

No instante em que Eliza precisou se ausentar para pegar o mingau de Barry, que começara a choramingar de fome, Mike aproveitou para desafiar o gêmeo, sugerindo-lhe mais uma de suas aventuras:

Karl, se você subir naquela árvore, te dou minha coleção dos X-Men — propôs chamando a atenção do irmão que recentemente descobrira o interesse pela famosa HQ.

O loirinho olhou de relance para o local onde sua mãe estava sentada antes de entrar na mansão. Depois voltou-se para o irmão com olhos assustados:

Não sei, Mike... — soou indeciso — Você sabe que não gosto dessas brincadeiras e a mamãe também não quer...

Tudo bem, seu medroso! — interrompeu o outro rispidamente — Quando Barry for maior, tenho certeza que vamos brincar muito e que vou me divertir mais com ele. — disse cruzando os braços e dando de ombros.

Karl ficou cabisbaixo enquanto Mike se distanciava, andando até a árvore, já tirando os tênis para subir nela. Ele sabia que o irmão não suportava sua indiferença e logo o plano surtiu efeito.

Mike, espere! — chamou-o, correndo até o lugar onde o irmão estava com medo que ele não quisesse mais ser seu amigo. — Eu subo! — pegou no braço do outro, impedindo que ele continuasse o que estava fazendo.

Mike sorriu feliz com a possibilidade de dividir a aventura com Karl.

— 'Tá esperando o quê? Mamãe vai voltar logo — apressou-o observando a porta entreaberta do jardim — Você tem que ir até o último tronco — desafiou fitando o alto e apontando o topo da árvore.

Antes de subir, Karl avaliou a altura e sentiu medo, perguntando-se por que árvores precisavam ser tão altas. Com um suspiro resignado, começou a escalá-la com incentivo de Mike, que ficou no chão vigiando a retaguarda.

Vai Karl, só faltam três galhos! — Mike encorajou quando o irmão pareceu hesitar. O garoto agarrado ao galho olhava para baixo o tempo todo.

Mike, esse tronco é muito fino, acho... — Karl não conseguiu terminar a frase, o barulho de algo quebrando prenunciou a queda do menino que caiu de uma altura de dois metros. Só conseguiu reduzir o impacto por ter se agarrado ao último galho, antes deste também ceder com o solavanco. — Ai, 'tá doendo! — choramingou quando alcançou o chão, sentindo os antebraços arderem, devido aos arranhões conseguidos na tentativa de se segurar.

The Lady In My Life [KarLena]Onde histórias criam vida. Descubra agora