The Lady In My Life [KarLena]

Você é linda, Kara Danvers!

~ Flashback on ~

(Kara Danvers - 32 anos)

Em uma tarde fria de domingo, Kara e sua então namorada, Siobhan, saiam do Fenway Park, onde haviam assistido ao jogo do Red Sox. A jovem de cabelos castanhos saboreava um caffe latte que acabara de comprar no quiosque da Starbucks, dentro do estádio, tentando manter-se aquecida, sem perceber que a arquiteta estava com expressão pensativa e ainda mais introspectiva que o habitual.

- Quando você pretendia me contar sobre Mercy Graves? - Kara lançou, com as mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta, sem fitar a namorada.

Siobhan deteve as passadas e olhou para a outra mulher. Estendendo o braço ao longo do corpo, evidenciou sua surpresa deixando a bebida cair no chão.

- Como... - Ia começar a falar, mas Danvers se virou interrompendo-a.

- Como eu fiquei sabendo? - Perguntou bruscamente, num tom ao mesmo tempo irritado e sarcástico. - Isso não importa. Você se encontra com essa mulher há quase seis meses e, se eu não tivesse descoberto, fico me perguntando por mais quanto tempo seguiria mentindo para mim. - Desabafou arrasada.

- Kara, você está enganada. Mercy é apenas a filha da curadora do museu e...

- SUA AMANTE! - Gritou, chamando a atenção de algumas pessoas que estavam próximas e detendo as desculpas da outra. - Pare de tentar negar Siobhan... - Voltou a ficar abatida. - Tenho a sua traição documentada. Até onde sei relações profissionais não são discutidas em jantares românticos, muito menos em quartos de hotéis. - Esbravejou com expressão contrariada.

- Você teve coragem de colocar um detetive seguindo meus passos?

- Queria não ter recorrido a isso... Eu andava desconfiada e esperei que você me contasse. - Suspirou, tentando se acalmar. - Mas, até agora, no momento em que mostro saber de tudo, você ainda tenta negar. - Sua voz saiu trêmula. - E essa sua tentativa vã de continuar escondendo está me magoando mais do que descobrir sobre a traição.

Siobhan percebeu que não havia mais escapatória e decidiu ser sincera.

- Tudo bem, Kara! Você está certa. - Admitiu, olhando para o chão, sem coragem para ver a decepção estampada nos olhos azuis. - Eu estou saindo com ela esse tempo todo, mas o nosso envolvimento nunca foi sentimental. É só cama, só sexo. - Argumentou, fitando a outra rapidamente que ainda permanecia cabisbaixa.

Kara levantou a cabeça.

- Você fala como se isso realmente fizesse alguma diferença... - Encarou Siobhan com melancolia.

- Faz toda a diferença. Eu estou dizendo que transo com ela, mas amo você! - Acreditava piamente na verdade daquela sentença.

A arquiteta entreabriu os lábios e olhou para Siobhan como se não a reconhecesse, chocada com a sua declaração. Estranhou a mulher com quem tinha namorado por cinco anos e que julgava conhecer bem. Quando a sensação de incredulidade diminuiu, um riso debochado apareceu em seus lábios.

- Se estivéssemos em um filme, esse seria o momento no qual eu lhe daria um tapa na cara. - Sibilou enojada. - Mas me espanta tanto esse cinismo, que eu nem sei como reagir.

Siobhan aproximou-se e pegou a mão dela. Queria que Kara entendesse que nunca pensou em deixá-la, que por mais estranho que pudesse parecer, a amava.

Mesmo sentindo-se desolada e estando com raiva, a loira não rejeitou o contato.

- Meu amor, eu errei não sendo honesta com você, porém sabia que os seus ciúmes não lhe deixariam entender que, às vezes, eu só... sinto falta do sexo com uma mulher... - Na ânsia de dizer algo que pudesse justificar o que fizera, Siobhan não mediu as palavras. Quando percebeu como aquela frase terminaria, a deixou no ar, fazendo a arquiteta olhá-la com interesse.