Como quebrar uma garota

Passo 8 - Deixe-a com ela mesma apenas

*****AVISO DE GATILHO *****

Acordo tarde, mas não o suficiente. Mesmo indo dormir quando o sol nasce, é impossível dormir até depois das nove, apenas quando estou realmente esgotada, mas pelo menos posso ficar no meu quarto o quanto quiser, basta ignorar a todos.

Eu não sou o tipo de pessoa que tem medo de fazer algo, sou mais do tipo: se arrependa apenas de ter tentado. Às vezes eu estou preparada para essas situações, outras eu só acho que estou, mas não estou.

Por exemplo: Se eu estiver com vontade de pular de bungee jumping e estiver muito nervosa na hora, eu apenas pularia no segundo que um pingo de coragem aparecesse, talvez tudo desse certo, talvez eu devesse ter esperado um pouco mais para o equipamento de segurança estar totalmente preso ao meu corpo, nesse caso o arrependimento só surgiria durante a queda.

Foi assim que eu me senti. E essa lembrança é contraditória, já que me deixa triste e feliz ao mesmo tempo.

Era o nosso último de faculdade, eu estava estável no emprego, ele estava indo bem no dele. Tínhamos comprado algumas coisas para a casa: cama, guarda-roupa, armário, fogão. Eu já tinha uma TV, ele ganhou a geladeira velha do pai, fizemos um chá de panela, ganhei uma parte do dinheiro para a maquinha de lavar das minhas tias.

Mudamos em abril para uma casa simples, nos fundos de um quintal que dividíamos com mais três casas, o aluguel era barato e eu escolhi essa porque era a melhorzinha que eu poderia pagar sozinha, caso algo acontecesse com ele.

Os primeiros meses foram ótimos, era o nosso sonho de quatro anos virando realidade. Tudo havia sido planejado, e mesmo apressando um pouco o final por causa de alguns problemas em casa, tanto na minha quanto na dele, tinha dado certo.

A verdade da nossa mudança era que não aguentávamos mais tantas brigas com nossas respectivas famílias. Ele tinha problemas com a madrasta dele, e eu tinha muitas discursões com minha tia, com quem eu morava, junto com meus avos, já que minha mãe foi morar com o pai da minha irmã e o cara me odeia, por nenhum motivo que eu conheça, apenas me odeia.

Meu coração dói com saudade de tudo o que podia ter sido. Quando descobri que iria ter uma irmã, imaginei que minha vida seria melhor, que teria uma família como a de G: eu, minha mãe, uma irmã e um padrasto legal. Mas como tudo que espero para minha vida, deu muito errado.

Quando minha mãe estava grávida ainda, eu me mudei para a casa dele, deles. Fiquei menos de um mês lá. Acho melhor contar essa parte antes de falar mais sobre meu "casamento" com T.

Eu estava desempregada na época, tinha começado a faculdade. O meu padrasto passava a maior parte do tempo na casa da mãe dele enquanto minha mãe trabalhava, eu procurava emprego, ia na academia, ia para a faculdade e ficava com T. Um dia eu estava com T assistindo TV na sala e ele não gostou nada dele estar na casa dele e começou a expulsar T aos berros. Fiquei muito triste que T não poderia ir me visitar na casa em que eu morava, mas a casa não era minha, muito menos de minha mãe. Claro que ela me deixava levar ele quando o cara saia, mas mesmo assim. Houve mais brigas quando ele descobriu sobre isso. Eu acabei voltando para a casa da minha tia. Minha mãe disse que ia largar ele e iriamos morar sozinhas em outro lugar, mas eu sabia que isso era impossível, ela estava grávida, o bebê nasceria em poucos meses, eu estava desempregada e ela ganhava pouco.

Depois de alguns dias ela falou que tinha conversado com ele e que tinha resolvido tudo, que agora eu poderia voltar e seria melhor. Na noite em que ia fazer a mudança, de novo, estava praticamente a minha família toda em casa. Eu havia colocado todas as minhas roupas em sacos de lixo e deixaria para levar o resto depois, mas quando eu ia levar a TV para o carro ele começou a gritar, falando que eu não iria levar a TV porque não queria que eu tivesse uma TV no meu quarto e blá, blá, blá. Todos ficaram chocados. Minhas tias questionaram o porquê e ele disse que não queria que eu ficasse até tarde acordada, que iria atrapalhar o sono dele. O quarto ficava bem longe do dele, mas não que isso importasse, no fundo ele só não queria que eu fosse para a casa dele.